Editorial

Voto pelo mal menor perpetua o sistema e a ultradireita

Redação

5 de setembro de 2024
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O recente enfrentamento entre Elon Musk, Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF), é a demonstração do poder absurdo dos bilionários capitalistas (leia mais aqui).

Um bilionário que desafia as leis e a Suprema Corte de outro país, expondo o poder do imperialismo norte-americano. Mesmo sancionado, o Twitter segue operando no país através do uso de VPNs. Proibir ou punir as pessoas pelo uso individual de VPN seria um abuso autoritário, além de difícil execução. Então fica demonstrado que a punição do Estado capitalista semicolonial brasileiro sobre a plataforma é facilmente burlável e inaplicável na prática.

Escancara-se o perigo das grandes plataformas digitais serem negócios privados dominado pelos bilionários capitalistas. As redes sociais deveriam ser estatizadas no mundo todo, sob o controle dos trabalhadores, para ser públicos e a serviço do livre debate de ideias. Não como é hoje, privada, servindo ao lucro de um punhado de bilionários e manipulada para divulgação de fake news, desinformação e manipulada em defesa da ultradireita.

Bilionários mandam na Internet e na vida real

A dominação dos bilionários capitalistas no mundo virtual através da monopolização da Internet, também ocorre em cada país e cidade do mundo, com as grandes empresas controlando recursos naturais, a produção industrial, o comércio, serviços e o sistema financeiro. Isto permite que essas grandes empresas suguem todas as riquezas produzidas pelos trabalhadores e transformem isso no seu próprio lucro.

Nesta eleição, qualquer candidato que diga defender os trabalhadores e não fale nada sobre como as cidades atuais servem aos lucros das grandes empresas, só poderá estar mentindo. Os problemas que se avolumam nos transportes têm a ver com as máfias empresarias que o controlam. Não há casa para todo mundo por conta do papel das construtoras e da especulação imobiliária. O saneamento é insuficiente porque é um balcão de negócios. Tudo isso vai se ligando por milhões de fios formando uma teia que alimenta os lucros dos grandes bilionários capitalistas, os banqueiros, os monopólios brasileiros e internacionais. Sem falar nas isenções e todo tipo de benefício garantido pelas três esferas de governo aos grandes capitalistas.

No capitalismo, o Estado e seus agentes, incluídos aí o judiciário, o legislativo e os governos em todos os níveis municipais, estaduais e nacional, servem a este sistema, que é uma teia de exploração que retira riqueza do povo pobre e trabalhador e entrega para os grandes grupos capitalistas. Seja através do domínio econômico direto pelas empresas, seja através dos impostos que, em sua maioria, quem paga são os trabalhadores, com os bilionários pagando pouquíssimo. E mesmo esse pouco volta para os bilionários e suas empresas via isenções e toda sorte de benefícios fiscais.

Alimentando o monstro capitalista

Pablo Marçal e Ricardo Nunes em São Paulo, Bruno Engler em Belo Horizonte, ou Ramagem no Rio de Janeiro, para ficar nas três maiores cidades, são os representantes da ultradireita bolsonarista que gosta de se fingir de antissistema, mas que, na verdade, defendem que o sistema ferre ainda mais o trabalhador com um projeto autoritário, privatista, de acabar com qualquer concessão e garantir os interesses dos grandes grupos capitalistas.

Mauro Tramonte, em Belo Horizonte, assim como Eduardo Paes no Rio de Janeiro, ao passo que não contam com o apoio oficial do bolsonarismo, colocaram bolsonaristas em suas chapas. Isso mostra como a direita tradicional liberal consegue conviver pacificamente com a ultradireita, e são um dos responsáveis pelo fortalecimento desse monstro capitalista.

Essa ultradireita bolsonarista, presente em todas essas chapas em graus diferentes, precisa ser enfrentada e derrotada de uma vez por todas pelos trabalhadores.

O problema é que as chapas apoiadas pelo PT que se dizem contra o bolsonarismo (é bom lembrar que em 85 cidades o PT está apoiando a direita diretamente), reproduzem nas eleições municipais o mesmo projeto aplicado por Lula no Governo Federal. Estamos falando do governo responsável pelo arcabouço fiscal e todo um projeto econômico que, ainda que diferente do bolsonarismo, segue aprofundando o capitalismo no Brasil. Não à toa, mesmo agora quando o PIB cresce acima do previsto pelo mercado, o maior beneficiado é o próprio mercado capitalista. Não à toa 22 empresas listadas na Bolsa tiveram lucro superior a R$ 1 bilhão cada só no segundo trimestre deste ano.

Um programa deste tipo nas cidades brasileiras não ajuda nem a atender as necessidades dos trabalhadores, e tampouco é capaz de enfrentar a ultradireita a sério. Pelo contrário, mantêm e alimenta um sistema que produz Bolsonaros e Marçais.

Verdadeiro voto útil é no 16

Se você está consciente que os trabalhadores precisam de um programa que derrote os bilionários capitalistas e bata de frente com o sistema capitalista, e entende que isso é o único caminho para derrotar a ultradireita bolsonarista de fato, você deve apoiar as candidaturas revolucionárias e socialistas do PSTU.

Apesar da polarização e dos perigos das várias faces do sistema capitalista na eleição, neste primeiro turno, não defina seu voto escolhendo o mal menor ou pensando apenas num suposto “voto útil”. Isto gera um ciclo vicioso meio infernal para os trabalhadores. Desde o fim da ditadura, de mal menor em mal menor, assistimos o retorno triunfal de uma corrente de ultradireita pró-ditadura militar. Vote no candidato e no programa que melhor representa o que você defende para sua cidade e para o Brasil. A única saída para romper esta espiral degenerada do capitalismo é fortalecer uma alternativa de independência de classe e socialista, que corresponda as necessidades dos trabalhadores contra esse sistema dominado pelos bilionários capitalistas.

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