Venda da Avibras para empresas estrangeiras é ataque à soberania nacional
A revista Veja noticiou, que fontes do Ministério da Defesa teriam revelado, que a empresa Edge Group, dos Emirados Árabes, estaria negociando a compra da Avibras. O site Relatório Reservado publicou que a empresa alemã Rheinmetall também estaria na disputa pela compra.
A Avibras, localizada em Jacareí (SP), é uma das poucas empresas nacionais de grande porte e elevada tecnologia na indústria de Defesa. O Brasil já foi protagonista no cenário industrial global, mas, após a década de 1990, passou por um desmonte da indústria nacional, privatizações e desnacionalização das empresas.
A venda da Avibras avança nesse processo, bem como, é um ataque brutal à soberania nacional, pois a empresa compradora levaria para o seu país de origem a tecnologia para produção de mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Já o Brasil, se quiser manter seu programa de Defesa, será obrigado a buscar ferramentas e equipamentos no exterior.
Estatização da Avibras
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, tem lutado, junto com os operários, em defesa dos empregos e pela estatização da Avibras. A entidade sindical protocolou no último dia 28, pedidos de agendamento de reunião em caráter de urgência para o presidente Lula da Silva e para os ministérios da Defesa e do Desenvolvimento e o Comando do Exército Brasileiro.
“Estamos cobrando do governo medidas para proibir a venda da Avibras e que ela estatizada. A Avibras é reconhecida mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nas áreas aeronáutica, espacial, eletrônica, veicular e de defesa. A venda da principal fabricante de material bélico pesado do país representa grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para o capital privado internacional”, afirma Weller Gonçalves, presidente do Sindicato e militante do PSTU.
“Os únicos beneficiários com a venda da Avibras serão a empresa compradora e o acionista majoritário João Brasil Carvalho Leite. Nenhuma das partes está interessada na preservação de empregos e da soberania nacional”, completa Weller.
O presidente do sindicato ressalta que a Avibras é uma empresa construída por gerações de trabalhadores brasileiros e que desempenha papel na redução da dependência externa do país na aquisição de produtos de Defesa. “Sua sobrevivência não pode, portanto, estar atrelada a decisões do capital privado. Vamos seguir mobilizando os trabalhadores e cobrando do governo Lula a estatização imediata da empresa. Por uma Avibras estatal, sob controle dos trabalhadores”, finaliza.
Entenda
8 MOTIVOS PARA LULA ESTATIZAR A AVIBRAS
1.Com a estatização da Avibras o Brasil voltará a ser protagonista no cenário global na indústria de Defesa. Desde os anos 1990, perdemos relevância, já que passamos por um desmonte da indústria nacional, privatizações e a desnacionalização das empresas.
2.O custo para estatizar a Avibras é estimado em R$ 2 bilhões. O orçamento da área da Defesa para 2023 no Brasil é de R$ 124,4 bilhões.
3.A Avibras é uma empresa lucrativa. Ela acumulou R$ 1,2 bilhão de lucro líquido na última década, contra R$ 228 milhões de prejuízo (corrigidos pela inflação), segundo dados da própria empresa.
4.A Avibras é a principal fabricante de material bélico pesado do país. Deixá-la ser adquirida por empresas estrangerias, representa entregar tecnologia, conhecimento e autonomia. Sem falar que isso representa uma grave ameaça à soberania.
5.O planejamento estratégico da Defesa Nacional passa pela estatização das grandes empresas do setor, integrando-as aos Institutos Científicos e Universidades Federais. Esse sistema permitiria manter no país a fabricação de caças, armamento pesado, cargueiros militares, navios de guerra, helicópteros de combate, foguetes, mísseis, submarinos, tecnologia aeroespacial e naval, sistemas eletrônicos e sistemas de comando e controle.
6.Com a estatização, poderia ocorrer a fusão da Avibras com a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), como parte de um projeto maior de fusão com a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e outras. Formando uma poderosa indústria estatal de Defesa. Como estatais, as três empresas poderiam se associar a institutos tecnológicos, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e mais 300 empresas de menor porte que compõem o complexo industrial militar.
7.Com a formação de um complexo industrial de Defesa, os bilhões de dólares programados para o setor de Defesa do Brasil nas próximas décadas levariam à construção de um valioso patrimônio nacional e preservação da soberania do país.
8.O complexo industrial de Defesa, geraria novos empregos no setor. Com a estatização da Avibras, 1.400 metalúrgicos, que estão há um ano na luta em defesa dos empregos, permaneceriam em seus postos de trabalho. Se a Avibras for vendida, o futuro desses empregos também estará comprometido.