Internacional

“Trabalhadores estão na resistência contra a invasão criminosa de Putin”

Herbert Claros, de São José dos Campos (SP)

17 de agosto de 2022
star0 (0 avaliações)

Nesta entrevista, o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, integrante da CSP-Conlutas e trabalhador da Embraer, Herbert Claros, fala sobre o sindicalismo internacionalista, com independência de classe, e sua campanha de solidariedade à Ucrânia, que resiste há mais de cinco meses à brutal invasão russa.

Como foi a experiência do comboio de ajuda operária à Ucrânia?

Herbert Claros  – No final de abril, a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas (RSISL) enviou uma delegação de 20 sindicalistas de cinco países para entregar 800 quilos em ajuda humanitária para o sindicato dos mineiros ucranianos de Krivyi Rikh. Foi nossa forma de expressar solidariedade com a resistência ucraniana. Participamos também de uma Conferência sobre a Guerra organizada pelos movimentos sociais na cidade de Lvyv. 

Qual é a situação na Ucrânia?

Herbert – Os trabalhadores estão na resistência contra a invasão criminosa de Putin. Também enfrentam uma reforma trabalhista feita pelo próprio governo Zelensky em benefício dos oligarcas ucranianos. Enfrentam ainda a hipocrisia dos países europeus e dos Estados Unidos, que fazem discursos a favor da Ucrânia, mas se negam a entregar o armamento que a resistência ucraniana precisa para derrotar Putin e libertar o país. Há também a questão da maioria da esquerda internacional que ou apoia Putin ou se opõe ao envio de armas para a Ucrânia se defender. 

Há alguma proposta de voltar à Ucrânia?

Herbert –  A Rede Sindical Internacional está discutindo um segundo comboio para o mês de setembro.

Como foi a participação da delegação do Sindicato dos Metalúrgicos na Conferência do Labor Notes em Chicago no mês de maio?

Herbert – Foi muito interessante ver que há uma nova situação nos Estados Unidos. Essa conferência reúne ativistas sindicais críticos à conciliação de classes. Havia 4 mil pessoas. Estava presente o presidente do recém-formado sindicato na Amazon de Nova York. O crescimento do sindicalismo de luta está relacionado à grande mobilização contra a violência policial racista após o assassinato de George Floyd.

Há mais atividades da Rede para este ano?

Herbert – Sim. Por exemplo, haverá uma reunião do sindicalismo europeu alternativo na qual as organizações da Rede participarão no início de setembro, em Roma, para discutir uma ação sindical conjunta em nível continental. Estamos também lançando neste mês um novo site da Rede.

É realmente necessário ter uma organização sindical mundial?

Herbert –  Assim como é necessário construir um partido mundial da revolução socialista, como é a LIT-QI, é necessário construir uma organização de frente única para impulsionar a solidariedade internacional entre os trabalhadores. Infelizmente, a Confederação Sindical Internacional (CSI) trabalha na perspectiva da conciliação de classes, e a Federação Sindical Mundial se atrela aos interesses dos governos chinês, cubano e russo. A Rede Sindical que construímos é de luta e 100% independente de patrões e governos. 

Confira novos lançamentos

Editora lançará livros sobre a situação mundial

A Editora Sundermann prepara o lançamento de quatro livros muito importantes para entender a situação internacional, segundo seu editor Jorge Breogan.

O ativista e marxista chinês Au Loong-Yu é autor de obra sobre a luta por direitos democráticos em Hong Kong, que terá um prefácio especial para a edição brasileira sobre a economia política chinesa.

Serão lançados ainda os primeiros volumes de uma coleção de sete livros sobre a História da União Soviética, escrita pelo historiador Vadim Rogovin em consulta aos arquivos do Estado.

Da ativista palestino-brasileira Soraya Misleh será lançada sua obra sobre as mulheres palestinas, baseada no seu trabalho de doutorado.

Por fim, será lançado o livro do historiador marxista libanês Fawwaz Traboulsi sobre a História Moderna do Líbano.