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Santa Catarina: PSTU indica voto crítico em Décio Lima (PT) no segundo turno

PSTU-SC

14 de outubro de 2022
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Décio Lima, candidato a governador de Santa Catarina pelo PT | Foto: Partido dos Trabalhadores/Divulgação

Derrotar Bolsonaro e a extrema-direita!
PSTU indica voto crítico em Lula e Décio no segundo turno

Bolsonaro (PL) é responsável por centenas de milhares de mortos na pandemia. É responsável pela carestia, pelo desemprego e pela fome. O meio ambiente vem sendo destruído pelo avanço do agronegócio, das madeireiras e das mineradoras, sob proteção e incentivo dele. Bolsonaro ameaça as liberdades democráticas, o direito de organização e de luta da classe trabalhadora. Incentiva o racismo, machismo, misoginia e xenofobia. E agora acabou de cortar verbas para as universidades públicas através de seu ministro-banqueiro, Paulo Guedes. Fez e segue fazendo tudo isso porque é um representante dos ricos, e faz um governo para eles, para a grande burguesia brasileira e internacional, defendendo seus lucros acima de tudo e de todos. Mas apesar de todas as suas maldades, Bolsonaro conseguiu passar ao 2º turno com 43% dos votos.

Bolsonaro conseguiu, em parte, capitalizar o sentimento de rechaço contra “tudo o que está aí”. E isso porque Lula e o PT se aliam aos nomes mais odiosos deste sistema, como Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Armínio Fraga, Simone Tebet e um longo e deprimente etc.

Bolsonaro chega com força ao 2º turno porque o PT se esforçou em simbolizar boa parte de tudo aquilo que o povo brasileiro odeia com razão – essa ricocracia mal chamada de democracia; os partidos de todos os matizes e que foram parte de sua base de apoio; o Congresso Nacional corrupto e reacionário; o odioso STF, apresentado agora como “símbolo máximo da democracia”; a Globo e demais grandes meios de comunicação, sempre a serviço dos ricos e poderosos; além da corrupção geral e desavergonhada.

O fato de que os escândalos de corrupção tenham sido politicamente instrumentalizados pela reacionária Lava-Jato não significa que não tenham existido. O PT e Lula entregaram nas mãos de Bolsonaro o “abaixo tudo o que está aí”. Aliás, passaram a defender justamente esse “tudo o que está aí”. Confundem isso com “defesa da democracia”, dando corda assim aos que defendem um golpe militar.

Além disso, Bolsonaro governou por quatro anos numa situação de relativa paz social. O PT e seus satélites, como o PCdoB, a CUT e seus sindicatos por todo o país, a UNE, fizeram tudo ao seu alcance para impedir que a insatisfação incubada ao longo destes quatro anos se expressasse em lutas sociais, greves, manifestações, levantes. Sua “estratégia” era fazer o governo Bolsonaro “sangrar”, apostando em seu desgaste para depois capitalizar o descontentamento nas eleições. Pois quem sangrou foi o povo brasileiro.

O PT e companhia se recusaram a levar adiante a campanha pelo Fora Bolsonaro quando era possível. Frearam todas as lutas, greves, ocupações, dizendo que isso fazia perder votos, que atrapalhava a eleição de Lula. Abandonaram as ruas, e Bolsonaro então as ocupou. Bolsonaro mesmo se gaba disso, dizendo que seu governo calou o MST. A direção do PSOL, infelizmente, embarcou neste mesmo projeto, ganhando por isso a merecida alcunha de “puxadinho do PT”.

A chegada de Bolsonaro ao 2º turno, com ainda mais votos do que em 2018, comprova o absoluto fracasso desta estratégia petista de deixar Bolsonaro governar, sem lutas nem greves, apostando somente nas eleições e em coligações asquerosas com tudo o que há de ruim no Brasil. O PT não extrai nenhuma lição disso, ao contrário, aprofunda este rumo à direita no 2º turno, oferecendo já um ministério a Simone Tebet. Lula se afirma cada vez mais como o candidato da ordem, do sistema, do status-quo. Já não toca mais no tema da revogação das reformas nem da anulação das privatizações. Se coloca abertamente contra o direito ao aborto para as mulheres e até, por ordem direta de Tebet, abandona o vermelho na campanha.

Voto crítico

Para derrotar Bolsonaro e a extrema-direita, é necessária uma estratégia oposta. É necessário construir uma ampla luta popular, nas ruas, nas fábricas, nas escolas, nos bairros de periferia, nas ocupações. Uma imensa onda de protestos que canalize todo o ódio e descontentamento existentes contra a responsável pela situação desastrosa de miséria, baixos salários, desemprego, destruição dos serviços públicos: a burguesia brasileira. Uma onda de protestos contra Bolsonaro, mas também contra o STF. Contra as Forças Armadas, mas também contra os grandes meios de comunicação. Contra os milicianos, mas também contra o Congresso Nacional.

Ou se constrói a luta dos trabalhadores e oprimidos contra a burguesia, ou se constrói alianças para governar junto com essa burguesia, que obviamente não quer nem ouvir falar de lutas populares. O PT e Lula já fizeram sua escolha – uma campanha pela união entre explorados e exploradores. Por isso, há que construir-se uma alternativa política para estas lutas, que supere o ciclo PT-CUT-PCdoB-PSOL. Uma alternativa de esquerda contra a ordem. Uma alternativa revolucionária e socialista de verdade. Uma alternativa dos trabalhadores, jovens e oprimidos!

Qualquer governo que vier nos exigirá lutar por nossos direitos. Mas levar estas lutas adiante sob um novo governo Bolsonaro será mais difícil, pois caso vença as eleições, assumirá com mais força para implementar o projeto autoritário, golpista e repressor com que sonha, mas que não conseguiu aplicar no primeiro mandato.

É por esta razão que chamamos os trabalhadores e trabalhadoras, os jovens e os oprimidos, a votarem criticamente em Lula no segundo turno. E em Santa Catarina, pelas mesmas razões, chamamos a votar criticamente em Décio Lima (PT) para governador, para impedir que a cópia catarinense de Bolsonaro, Jorginho Mello, use o governo para transformar nosso Estado num bastião da extrema-direita.

Isso não significa conceder nenhum apoio político ao projeto de Lula, Décio, PT, PCdoB e direção do PSOL, com o qual não temos absolutamente nenhum acordo. Diferentemente do PCB e da UP, que decidiram apoiar politicamente o PT neste 2º turno, a indicação do PSTU por voto crítico em Lula e Décio no 2º turno não representa nenhuma adesão a suas campanhas.

Ao contrário do que diz Péricles, ex-candidato à presidência pela UP, de que “Lula é a saída no momento atual”, ou do que diz Sofia Manzano, ex-candidata do PCB, que devemos “votar Lula para conquistar a jornada de trabalho de 30 horas”, o PSTU reafirma que, com Alckmin e companhia, Lula não é nem a saída, e nem garantirá nenhuma jornada de 30 horas de trabalho semanal para os trabalhadores. Totalmente ao contrário – a saída é organizar a luta contra qualquer governo que venha a vencer as eleições! E a redução da jornada de trabalho, assim como qualquer outra reivindicação, só será conquistada com muita luta contra o futuro governo, seja ele Bolsonaro ou Lula, que pelo tamanho da crise econômica, irá atacar inevitavelmente as conquistas e nível de vida da população.

Indicamos o voto em Lula e Décio exclusivamente para impedir que Bolsonaro continue na presidência. O PSTU nunca apoiou os governos petistas, foi oposição a todos eles, não apoiará um futuro governo Lula ou Décio, nunca aceitou nem aceitará um único cargo neles e será oposição desde o primeiro dia. Pois serão governos que aplicarão a política de Alckmin, Meirelles, Tebet, Dário Berger, Merísio,…. Junto com esses, é impossível mudar o país.

Sem depositar nenhuma confiança no PT, em seu programa e seus candidatos, votar 13 é o instrumento que restou neste segundo turno para seguir a batalha para derrotar o bolsonarismo, batalha que só se resolverá de fato nas ruas.

Não nos iludamos. Mesmo que Lula vença o segundo turno, Bolsonaro irá para a oposição com quase metade do eleitorado brasileiro, enquanto Lula governará com Alckmin, Tebet, Meirelles, com os banqueiros e grandes empresários, com o capital internacional e com o agronegócio. Governará com e para a grande burguesia. E numa conjuntura econômica mundial muito distinta daquela dos dois primeiros governos Lula, quando ainda era possível governar para os ricos, mas deixando algumas migalhas para os de baixo. Agora, com a crise atual, isso não será mais possível – já não haverá sequer migalhas. O exemplo do Chile, onde o governo Boric, eleito pela esquerda da ordem, perdeu todo o apoio popular que tinha em apenas seis meses de governo, abrindo novamente as portas para a direita pinochetista, deve ser estudado seriamente por todo ativista social.

Há que organizar os trabalhadores, jovens, oprimidos e explorados para lutarem por suas reivindicações, e para sua autodefesa contra os bandos armados bolsonaristas. Se organizamos essa resistência, sem nos iludirmos com as eleições nem nos seduzirmos por cargos parlamentares, é perfeitamente possível derrotar a extrema-direita. Já existe ampla oposição ao bolsonarismo no Brasil, existem todas as condições para se construir esta luta. Não foi por acaso o massivo voto popular contra Bolsonaro.

A classe trabalhadora, a juventude, setores oprimidos, são melhores e mais capazes, mais fortes e numerosos, mais conscientes e combativos. Detém a produção de toda a riqueza em suas mãos! Unidos, com consciência clara de suas tarefas, sabendo quem são seus aliados e quem são seus inimigos, podem tudo!

PSTU revolucionário e socialista!

No 1º turno, o PSTU apresentou candidaturas próprias, sem alianças espúrias e sem vale-tudo eleitoral. Apresentamos as candidaturas de Vera Lucia e Raquel Tremembé à Presidência da República, de Alex Alano e Gabriela Santetti ao governo do Estado, e de Gilmar Salgado ao Senado. Além de duas candidaturas coletivas, de educadores e estudantes, para deputado estadual e federal.

Com nossos poucos recursos, e num marco de grande polarização e pressão pelo “voto útil”, fizemos uma campanha da qual nos orgulhamos, dizendo a verdade aos trabalhadores e trabalhadoras, aos jovens e oprimidos. Uma campanha voltada não a ganhar votos a todo custo, mas a apresentar um programa revolucionário para o país. Defendemos a expropriação dos grandes grupos econômicos que exploram as riquezas do país e seu povo, que destroem o meio-ambiente, que corrompem a tudo e a todos, que fomentam a opressão. Defendemos a revogação das reformas da previdência e trabalhista, a reestatização das estatais privatizadas, mais verbas para a educação e a saúde pública, salário, emprego e serviços públicos dignos para o povo brasileiro.

Defendemos um plano de obras públicas e a redução da jornada de trabalho para acabar com o desemprego, e o não pagamento da dívida externa e interna aos banqueiros, para financiar este programa de desenvolvimento econômico para o Brasil. Uma campanha contra todas as formas de opressão e exploração. Em suma, uma campanha socialista e revolucionária!

Enfrentamos o boicote dos meios de comunicação e uma legislação eleitoral antidemocrática que nos priva do direito de apresentar nossas ideias na TV e rádio, nos impede de participar de debates, enquanto destina recursos milionários aos partidos da ordem.

Agradecemos a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, nos apoiaram nesta campanha! E convidamos os que têm acordo com estas ideias a se somarem a nós, para construirmos juntos este projeto!