Lutas

Operários da Avibras, Toyota e Gerdau lutam em defesa dos empregos e por direitos

Redação

20 de março de 2024
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Trabalhadores em frente à Avibras, abril de 2022 | Foto: Roosevelt Cássio/Sindmetal SJC

Operários e operárias da Avibras e da Gerdau, em São José dos Campos (SP), e da Toyota, em Indaiatuba (SP), estão em luta em defesa de seus empregos e direitos. As empresas, em busca de aumentar os lucros, estão atacando com demissões e fechamento de fábricas, a exemplo da Toyota, que anunciou o encerramento da produção de veículos na planta de Indaiatuba.

Avibras

Há 11 meses sem salários, operários ocuparam o pátio da empresa

No último dia 18, completaram-se dois anos que os operários da Avibras estão na luta em defesa dos empregos, salários e direitos. Eles estão sem receber salários há 11 meses. No dia 14, estava agendada uma reunião entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que não ocorreu. Revoltados com o descaso da Avibras, os operários ocuparam o pátio da empresa.

“Os trabalhadores estão angustiados com o desrespeito contínuo da Avibras. São profissionais com altíssima qualificação, sem salários. Ao longo desses 11 meses, muitos foram obrigados a ir para a informalidade, para tentar manter o sustento de suas famílias. Desesperados, decidiram ocupar o pátio”, explica Weller Gonçalves, presidente do Sindicato e militante do PSTU.

“O protesto com ocupação é para chamar a atenção das autoridades, principalmente do governo federal, que tem responsabilidade nessa situação. Estamos diante de uma crise na principal empresa do setor de Defesa do Brasil, com importância estratégica para a soberania nacional. O governo não pode fechar os olhos para isso. Para nós, a solução é estatizar a empresa, cobrança que fazemos ao presidente Lula”, completou Weller.

Em greve há um amo e meio, operários ocuparam o pátio da Avibras no último dia 14 | Foto: Sindmetal/SJC

Um ano e meio de greve e controle operário

Os cerca de 1.200 trabalhadores da Avibras estão em greve há um ano e meio. Hoje, a fábrica é controlada pelos operários. “Tudo o que entra e sai é com autorização dos trabalhadores. Recentemente, o governo federal encomendou a compra de foguetes. Em assembleia, decidimos a quantidade de trabalhadores que entrariam para a produção. O dinheiro da venda dos foguetes foi revestido para o pagamento de três meses de salários”, finaliza Weller.

Gerdau

Na luta, metalúrgicos conquistam estabilidade no emprego

Em uma luta iniciada em janeiro, e conduzida pelo Sindicato dos Metalúrgicos, em São José dos Campos, os trabalhadores da Gerdau conquistaram estabilidade no emprego para cerca de 380 trabalhadores e trabalhadoras da fábrica durante o “layoff” (suspensão temporária do contrato de trabalho).

Para quem for afastado, haverá estabilidade por mais três meses, quando do retorno à fábrica. A empresa pretende suspender cerca de 50 contratos por cinco meses, com início em 1º de abril. A estabilidade no emprego será garantida para todos e todas, até o fim de agosto.

Em assembleia, operários da Gerdau definem os rumos da luta em defesa dos empregos | Foto: Sindmetal SJC

De acordo com reportagem publicada em 21 de fevereiro pelo jornal “Valor Econômico”, nos últimos meses a Gerdau já demitiu cerca de mil trabalhadores no Brasil, o equivalente a 5,5% de sua força de trabalho no país. A empresa culpa a concorrência com o mercado chinês e ameaça fazer novos cortes.

A Gerdau também argumenta queda na produção e na lucratividade, em 2023. Houve redução no lucro, mas não prejuízo. A gigante do aço fechou o ano passado no azul, com lucro líquido de R$ 7,54 bilhões. Além disso, a siderúrgica ampliou suas receitas nos últimos anos.

Segundo o Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), o lucro líquido da Gerdau passou de R$ 2,38 bilhões, em 2020, para R$ 11,47 bilhões, em 2022. Ou seja: a empresa teria condições de manter os postos de trabalho no Brasil.

Toyota

Operários de Indaiatuba lutam contra o fechamento da fábrica

No último dia 5, a Toyota anunciou o fechamento da planta da cidade de Indaiatuba, onde, desde 1998, é produzido o Corolla Sedã, modelo que detém 90% das vendas de sedãs médios no país.

“É inadmissível que, em meio ao anúncio de um investimento R$11 bilhões no país, a empresa feche uma fábrica na qual seria plenamente possível investir e dar continuidade nas suas operações”, denuncia Frodo, militante do PSTU e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região.

“Não podemos confiar na informação de que os 1.500 empregos serão garantidos com transferência para Sorocaba, seja por diferenças salariais, seja por gastos que a empresa teria com o deslocamento de tanta gente. Sem falar no incômodo de perder mais algumas horas da vida em uma viagem de uma cidade a outra”, pontuou o dirigente sindical.

Operários da Toyota aprovam campanha contra o fechamento da planta em Indaiatuba | Foto: Divulgação

Luta

Foi aprovado pelas trabalhadoras e trabalhadores uma grande campanha pelo não fechamento da planta. A cobrança será feita sobre os governos das três esferas, bem como os parlamentares. E a própria matriz da Toyota, no Japão, será alvo da reivindicação.

“Para nós esse é o caminho. Temos que organizar a luta de maneira coletiva, envolvendo o sindicato, os cipeiros e toda a peãozada, assim como o conjunto da população, para darmos visibilidade ao problema e termos condições de reverter a decisão. Nós do PSTU e da CSP-Conlutas estamos juntos com a companheirada na linha de frente desse enfrentamento”, finaliza Frodo.

Com este mesmo objetivo, a reunião da coordenação nacional da Central realizada no último final de semana aprovou uma resolução em apoio a luta dos metalúrgicos e contra o fechamento da planta de Indaiatuba.