Internacional

Brasil abastece com armas a repressão no Peru

Redação

30 de janeiro de 2023
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Cóndor exporta armamento bélico para vários países, como Chile e Venezuela

Além de declarar apoio ao governo do Peru que está massacrando seu povo, o governo brasileiro permite que as forças de repressão do país vizinho sejam abastecidas com armas da indústria nacional. Segundo o Portal especializado em defesa e segurança, Info Defensa, um avião Hércules do Peru pousou, no dia 18 de janeiro, no Rio de Janeiro para o transporte de mais meio milhão de dólares em granadas de gás lacrimogêneo ao país.

O contrato do governo peruano de Dina Boularte com a empresa Cóndor Indústria Química, teria sido assinado no dia 20 de dezembro do ano passado, no ocaso do governo Bolsonaro, mas a transferência dessas armas estaria ocorrendo normalmente até agora. A brutal repressão praticada diariamente contra as manifestações massivas está consumindo todos os estoques do arsenal na polícia peruana. No dia 23 de janeiro, a Polícia Nacional do Peru pediu ao governo, em caráter de urgência, a aquisição de 230 mil granadas de gás lacrimogêneo, além de 150 mil cartuchos de balas de borracha e 5 mil granadas de efeito moral.

Até o momento, as forças de repressão do governo Boluarte assassinaram 58 pessoas desde que assumiu o poder após a frustrada tentativa de golpe do presidente do qual era vice, Pedro Castillo. Boluarte, desde então, vem fazendo de tudo para reafirmar seu apoio às grandes empresas, mineradoras, petroleiros, banqueiros e empresas do agronegócio. Isso inclui declarar Estado de Emergência para reprimir, de forma ilegal, as manifestações que exigem sua renúncia e a convocação de novas eleições.

No dia 22 de janeiro, blindados da polícia peruana derrubaram as grades da Universidade Mayor de San Marcos, invadiram a instituição e prenderam mais de 200 estudantes, sem qualquer tipo de mandado, levando-os à Direção contra o Terrorismo e Segurança do Estado e à Direção de Investigação Criminal. Boluarte, tal como a ditadura de Fujimori, compara os protestos com “terrorismo” para perseguir opositores e infligir um massacre às raias das próprias leis de seu país.

As manifestações populares no Peru se levantam contra o aprofundamento da crise social, do desemprego e da miséria, num dos países mais desiguais do continente. São protestos legítimos mais do que legítimos que estão sendo banhados em sangue por um governo que, por sua vez, é fruto e está sendo amparado por uma articulação de setores burgueses e imperialistas, em nome de um projeto de saque dos recursos do país, entrega e superexploração.

As organizações dos trabalhadores, movimentos sociais, populares e indígenas devem exigir que o governo Lula não seja mais conivente com o massacre dos nossos irmãos trabalhadores do Peru, e impeça o envio de armas ao governo criminoso de Boluarte. Mais do que isso, devem exigir que Lula mude sua orientação de apoio ao governo peruano, se posicione contra o governo Boluarte, e declare apoio à sua saída e a convocação imediata de novas eleições, como reivindica o povo peruano.

Neste momento, os trabalhadores e o povo pobre do Peru precisam de todo o apoio e solidariedade de classe em sua luta heroica contra a repressão do governo e em defesa de suas condições de vida.