São Paulo: Construir uma alternativa socialista contra a extrema direita e a conciliação de classes
A eleição em São Paulo começou parecendo um terceiro turno de 2022: uma polarização entre a direita bolsonarista e uma alternativa de conciliação de classes, apoiada por Lula.
Diferente de 2022, o desenvolvimento do próprio bolsonarismo levou a que esse campo não tenha uma alternativa unificada, contando com duas candidaturas. A do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do coach-empresário Pablo Marçal (PRTB). As últimas pesquisas apontam um empate entre Guilherme Boulos (PSOL), Marçal e Nunes.
Está em jogo o futuro da cidade, mas também uma forte disputa ideológica pela consciência do povo trabalhador sobre que tipo de projeto de sociedade pode lhe beneficiar.
Extrema direita: uma alternativa reacionária diante da crise capitalista
Nunes sai de um mandato apagado, mas repleto de ataques contra os trabalhadores e o povo pobre. Se apoiou em um orçamento recorde da prefeitura, no apoio de Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para subir nas intenções de votos, mas não tem força, e nem carisma, para se tornar uma alternativa que unifique a direita tradicional e bolsonarista.
Marçal conseguiu capturar parte da base e da direção do bolsonarismo para sua candidatura, assumindo um perfil semelhante ao de Bolsonaro em 2018 e de outras alternativas de extrema direita, como Trump (EUA) e Milei (Argentina), se apresentando como “contra o sistema”,
Contra qual sistema seria Marçal? O capitalismo com certeza que não é. Marçal é um grande empresário, dono de vários negócios e de um patrimônio milionário. Ele tem processos na justiça por maus tratos a seus funcionários e por golpes contra idosos, recebe grandes doações de latifundiários e apoio, ainda que velado, de figuras como Bolsonaro. Não tem nada de antissistema. Ao contrário, é a face mais podre de um sistema em decadência e crise.
Em seu programa ultraliberal, defende privatizar geral os serviços públicos e responsabiliza os próprios trabalhadores pelos problemas da sociedade, assegurando que, com “esforço individual” e empreendedorismo, todos podem se tornar milionários.
Assim como fez Bolsonaro, adota uma pauta reacionária em questão de costumes, que amplia a opressão sobre mulheres, negros, LGBTI+, imigrantes etc., apontando como inimigos um setor da nossa própria classe, ao invés de mirar para onde eles de fato estão: na burguesia.
Pablo Marçal e a extrema direita não são a superação desse sistema, são a sua afirmação mais violenta e reacionária. Os trabalhadores não têm nada a ganhar com eles.
Esquerda capitalista
Defensora da democracia dos capitalistas e dos interesses dos ricos
Enquanto a direita se radicaliza, Boulos, o PT e o PSOL se tornam ainda mais defensores dessa desta democracia dos ricos em crise e dos interesses da burguesia. Sua candidatura não é uma alternativa para resolver os problemas sociais da cidade de São Paulo, nem tampouco conseguirá enterrar a extrema direita.
O programa de Boulos assume um compromisso com a governabilidade capitalista, abandona pautas dos movimentos sociais e faz acenos aos setores conservadores e aos grandes empresários. Em seu plano de governo, com 119 propostas, não cita uma única vez a palavra privatização. Isso é assim porque o psolista defende manter a privatização da Saúde e da Educação, por exemplo.
Em uma cidade em que 84% das crianças em creches públicas estão na rede conveniada e 69% do orçamento da Saúde vai para serviços privatizados, muitas vezes utilizados como fonte de corrupção e sempre com qualidade bastante questionável, isso é uma postura criminosa.
Diga-me com quem andas…
Para se tornar viável eleitoralmente, Boulos chegou a se juntar com figuras que vieram do bolsonarismo, como o senador Giordano e a sua própria vice, Marta Suplicy, que, até poucos dias antes de assumir o lugar na sua campanha, era Secretária de Assuntos Internacionais de Ricardo Nunes.
Boulos chegou a incorporar como parte de sua equipe de programa para a Segurança Pública um ex-comandante da Rota, o Batalhão de Choque da PM, conhecido pela violência e opressão contra a juventude negra da periferia.
Enquanto a esquerda social liberal que se mantem nos estritos limites do sistema capitalista, liderada por Boulos, se torna defensora fiel dessa democracia a serviço dos ricos, a extrema direita apresenta um discurso radical, de tipo reacionário, que captura o justo rechaço de um setor dos trabalhadores com esse sistema podre que nada pode nos oferecer.
Contra o sistema
PSTU defende verdadeira alternativa antissistema diante do capitalismo
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O PSTU se apresenta nessas eleições com um programa que defende tirar dinheiro e poder dos bilionários capitalistas, para garantir direitos básicos para a população trabalhadora.
Por isso, apresentamos a candidatura do metroviário e sindicalista Altino à prefeitura de São Paulo, tendo a Silvana, uma mulher negra e lésbica, lutadora do movimento de moradia, como vice.
Nossa campanha visa enfrentar a extrema direita nas ruas e com um programa radical, de tipo socialista, nas eleições; ao mesmo tempo que somos oposição de esquerda ao governo Lula, que tira dinheiro da Saúde e da Educação para garantir dinheiro para os banqueiros e latifundiários.