Lutas

RS: Grupo Zaffari entra na Justiça contra o PSTU para impedir manifestações contra a desumana escala 10×1

Pedido de liminar quer impedir aproximação de menos de 200 metros de qualquer loja do grupo Zaffari, sob pena de multa de R$10 mil

PSTU-RS

13 de dezembro de 2024
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Manifestação em frente à loja da Zaffari, em Porto Alegre

O PSTU foi surpreendido nesta sexta-feira, 13, com uma ação judicial – interdito proibitório com pedido de liminar – movida pela rede de hipermercados Zaffari visando impedir novas manifestações contra a superexploração dos trabalhadores praticados pelo grupo, particularmente na jornada de trabalho chamada escala 10X1.

O grupo Zaffari é um dos maiores oligopólios empresariais de nosso estado. Faturou, em 2023, R$7,6 bilhões, à custa da exploração dos seus trabalhadores e da monopolização da rede de mercados. Todos os pequenos comerciantes, mercados varejistas de bairros, são sufocados pelo império Zaffari. São constantes as denúncias de obras e instalações de suas unidades que ameaçam, inclusive, o meio ambiente. Neste momento, inclusive, está em investigação, pelo Ministério Público, a instalação de um centro de compras numa área verde de 52,9 hectares contendo algumas Áreas de Proteção Permanente (APP) e nascentes no bairro Jardim Sabará

E agora, o grupo quer impedir que se realizem manifestações denunciando suas atrocidades cometidas pela ganância do lucro. Pedem, na Justiça, que não possamos nos aproximar a menos de 200 metros de qualquer loja do Zaffari, sob pena de multa de R$10 mil. Chamam de “ocupações” atos relâmpagos realizados na entrada dos mercados.

Trecho do pedido de liminar

Esta é uma demonstração de que a campanha de denúncia está crescendo e causando estragos. E queremos deixar nítido que qualquer medida de repressão – seja judicial, seja física – não nos fará recuar. Seguiremos firmes participando de todas as atividades definidas e organizadas pelo movimento pelo “Fim da Escala 6×1 de Porto Alegre”.

Nossa luta aqui é parte de uma luta nacional que tem se traduzido em atos, e inclusive, greves de algumas categorias, desde novembro, pelo fim da escala 6×1. A força desta pauta expressa a revolta com a crescente da exploração no mundo do trabalho. O Brasil tem dois terços da força de trabalho desempregada ou subempregada; temos uma das jornadas de trabalhos mais extensivas do mundo, ainda mais considerando as horas extras, bancos de horas e trabalho intermitente que extrapolam as 44 horas semanais. Mesmo com os avanços tecnológicos em vários ramos da economia, a maioria dos empregos criados nos últimos anos são precarizados, com salários baixos, escalas abusivas e sem direitos.

 

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No caso do Zaffari, que possui 12.500 funcionários, além da jornada de 10×1 (trabalha-se 10 dias e folga-se 1), há denúncias de que os trabalhadores cumprem jornadas de mais de 10 horas e são remunerados em vale-alimentação, ao invés de horas-extras como salário.

O Sindicato de Comerciários – Sindec – sempre foi conivente com esta escala desumana e assinou um acordo avalizando a escala 10×1 do Zaffari. Por força justamente destas 3 manifestações realizadas na entrada de mercados Zaffari, o presidente do sindicato manifestou-se hoje, na imprensa, afirmando que não renovará esta cláusula. Uma primeira vitória do nosso movimento. Infelizmente, toda peça jurídica que quer nos atacar, é baseada em uma declaração do Sindicato de Comerciários que afirma não ter qualquer envolvimento ou apoio às manifestações relâmpago. Um papel lamentável que precisa ser repudiado não apenas pelos comerciários, mas pelo conjunto da classe trabalhadora da cidade. 

O PSTU vem a público denunciar a tentativa de coerção do grupo Zaffari e conclama os trabalhadores a fortalecermos ainda mais essa luta tão necessária por uma vida além do trabalho, denunciando e enfrentando as empresas que a praticam. 

Necessitamos de toda a unidade e força da classe trabalhadora nos locais de trabalho, estudo e moradia e dos movimentos sociais, sindicatos, organizações da classe trabalhadora, para que possamos avançar na luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos e sair vitoriosos deste processo.