RJ: Uma alternativa socialista e revolucionária ao governismo e à ultradireita
O Rio de Janeiro expressa de forma profunda a localização do Brasil na divisão internacional do trabalho. A cidade perdeu parte grande de seu setor industrial e se tornou dependente da exploração de petróleo cru, que representa mais de 80% das suas exportações. Isso impactou a questão do emprego. Hoje são quase 2 milhões de desempregados e aumento do trabalho informal.
Os serviços públicos não atendem de forma satisfatória a população. É expressão da política de cortes nos gastos públicos e da transferência de verba para iniciativa privada. A violência é outro aspecto que afeta os trabalhadores cariocas. Em especial com os conflitos armados entre narcotráfico e milícias em torno a disputa sobre o mercado ilegal de drogas. E piora com as operações policiais que criminalizam a pobreza e fazem vítimas nas comunidades, principalmente o povo negro. Essa política fez do governador bolsonarista Claudio Castro responsável de 3 das 5 maiores chacinas da cidade.
No entanto, mesmo diante dessa situação mais estrutural na qual o Rio se assenta, com a alta do preço do petróleo nos últimos anos, o orçamento do município aumentou e a cidade vive uma conjuntura de aparente estabilidade. São nesses marcos que acontecem as eleições, e diferente de outras cidades pelo país, não tem uma nacionalização tão forte e também se expressa com menos força a polarização entre Lula x Bolsonaro.
Eduardo Paes, com Lula, com Freixo, com bolsonaristas
O atual prefeito tenta se reeleger para seu 4º mandato e lidera as pesquisas de intenção de voto com probabilidade de vitória em 1º turno. Para isso usa a máquina da prefeitura e construiu um amplo arco de alianças. Foi assim com a integração de PT, PSB e PDT na gestão municipal. Em sua campanha, está o bolsonarista Otoni de Paula (MDB), que retirou a candidatura para apoiar Paes.
O papel que Lula e o PT cumprem ao estarem juntos de Paes é nefasto. Lula em evento público disse que atual prefeito é exemplo de gestão no país. Freixo, grande figura do psol em anos anteriores, mas hoje filiado ao PT, também faz campanha para Paes em nome do combate a ultradireita, mas como fazer o combate a este setor se parte dele está dentro da chapa do atual prefeito? O caso de Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial é emblemático, faz campanha para Paes, que até o início do ano tinha Chiquinho Brazão, preso por ser mandante do assassinato de Marielle, como secretário. Não acreditamos que essa seja uma forma viável de combater a ultradireita.
Ultradireita e bolsonarismo
O bolsonarismo vive um momento de defensiva, isso se expressou na dificuldade em apresentar uma candidatura que representasse sua política. Decidiram por lançar o delegado da polícia federal Alexandre Ramagem, envolvido no caso de espionagem ainda no governo Bolsonaro chamado de “Abin paralela”. Um candidato desconhecido que centra sua campanha na pauta do tema da segurança pública e que apesar de ter subido nas últimas pesquisas não parece que virá a ser um entrave para a reeleição de Paes, mas demonstra o peso que Bolsonaro guarda na cidade.
Esse momento de defensiva do bolsonarismo no Rio não significa que a ultradireita esteja enfraquecida em nível nacional, a própria projeção de Pablo Marçal em São Paulo é expressão que o fenômeno da ultradireita em lastro na realidade e precisa ser permanentemente combatida.
Psol não representa uma alternativa
Tarcísio se coloca como oposição de esquerda ao governo Paes, mas diz que diferente do atual prefeito não vai esconder o presidente Lula da campanha, sendo que Lula apoia Paes. A campanha do Psol diz que defende outro projeto de cidade, mas não existe governo Federal em seu discurso. Falam em melhorar saúde e educação, mas como fazer isso sem enfrentar o arcabouço fiscal de Lula e Bolsonaro que cortou verba desses setores? O Psol blinda o governo que ataca os trabalhadores.
PSTU apresenta uma candidatura socialista e revolucionária
A Candidatura do PSTU no Rio, como em todo o pais, sofre o boicote consciente da grande mídia. Não fomos convidados para nenhum debate apesar de Cyro Garcia pontuar em todas as pesquisas e ter estado empatado tecnicamente com Ramagem e Tarcísio, segundo e terceiro colocados.
Com Cyro Garcia para prefeito e Paula Falcão vice apresentamos um programa que defende parar de entregar verba pública para iniciativa privada e tirar dinheiro dos bilionários, que no Rio são 40, para investir num plano de obras públicas para construir escolas, hospitais e moradias populares. Isso só pode ser feito enfrentando a forma de governar dos ricos e poderosos. Que seja os trabalhadores a decidir como fazer através de organizações por locais de trabalho e moradia.