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PSTU: 30 anos na luta pelo socialismo e a revolução

Roberto Aguiar, da redação

20 de junho de 2024
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Cerca de 600 pessoas, de diversas categorias de trabalhadores e juventude, participara, do ato-festa em São Paulo | Foto: Movietrack Cinema & Televisão

As greves operárias e da Educação Federal; a luta em solidariedade aos povos palestino e ucraniano; as mobilizações por moradia e terra; as lutas contra as privatizações e em defesa dos serviços públicos; a defesa da soberania nacional, por uma Petrobras 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores; a luta contra a catástrofe ambiental e social e o apoio e solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul; a força da juventude e suas batalhas por educação, emprego e direito ao futuro; a voz das mulheres, que neste momento ocupam as ruas do Brasil contra o Projeto de Lei 1904, assim como das lutas contra a LGBTIfobia e o racismo, deram o tom no ato-festa que celebrou os 30 anos do PSTU, no último sábado (15), em São Paulo.

Cerca de 600 pessoas, a maioria do estado de São Paulo, mas também com delegações do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul, ocuparam o auditório do Sindicato dos Eletricitários para festejar 30 anos de luta pela revolução socialista e por um futuro comunista para a humanidade, sem qualquer tipo de exploração e opressão.

A diversidade do público mostra a conexão do PSTU junto à classe operária, ao proletariado brasileiro, aos setores mais explorados e mais oprimidos pelo capitalismo. Uma ligação real e viva com os sujeitos sociais capazes de protagonizar a destruição do capitalismo e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária: uma sociedade socialista.

DÁ-LHE PEÃO!

‘Quer um partido pra fazer revolução’

Quando os instrumentos do maracatu Cia Caracaxá, que abriu o evento, foram silenciados, o público entoou: “PSTU, dá-lhe peão, quer um partido pra fazer revolução”, a mesma gritada a plenos pulmões em 5 de junho de 1994, dia da fundação do PSTU.

Assim teve início o emocionante ato, coordenado pelo metalúrgico Weller Gonçalves (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região) e pela Professora Flávia (coordenadora da APEOSP – Subsede Lapa), que celebrou as três décadas de um partido que carrega uma história de muitas lutas. Pessoas de todo o Brasil acompanharam o ato pelo YouTube. Novos atos comemorativos serão realizados pelas regionais.

Assista na íntegra no YouTube

A NOSSA LUTA É INTERNACIONAL!

‘Estado de Israel, Estado assassino, viva a luta do povo palestino’

O PSTU é uma organização internacionalista de verdade. Ao lado da CSP-Conlutas, o partido lutou contra a ocupação militar do Haiti pelo governo do PT. Recentemente, levamos um comboio de ajuda operária à Ucrânia, contra a invasão de Putin. Como parte da nossa luta contra o imperialismo, estamos hoje na linha de frente das mobilizações em apoio incondicional ao povo palestino, contra o genocídio sionista de Israel.

As bandeiras da Palestina tremularam no ato-festa dos 30 anos do PSTU. Em seu discurso, acompanhada por integrantes da Frente em Defesa do Povo Palestino, a jornalista e ativista palestino-brasileira Soraya Misleh, emocionada, lembrou do seu ingresso no PSTU: “São 30 anos de PSTU, 30 anos de luta em defesa da causa palestina. Estamos em meio a um genocídio praticado pelo Estado assassino de Israel há 250 dias, com cerca de 45 mil palestinos trucidados, 70% mulheres e crianças, um verdadeiro campo de concentração a céu aberto, mas seguimos nas ruas e em luta, ao lado da resistência histórica e heroica do povo palestino”.

A jornalista e ativista palestino-brasileira Soraya Misleh, emocionada, lembrou do seu ingresso no PSTU | Foto: Sérgio Koei

Um partido internacional

O PSTU está ao lado de todo povo que seja oprimido e explorado, porque a luta pelo socialismo é ligada a uma visão internacional de mundo. Afinal, o capitalismo é internacional e a luta contra ele também deve ser.

Sendo assim, a história do PSTU é marcada pela construção de um partido internacional, a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), pois as experiências revolucionárias de cada país servem de lição para os trabalhadores dos outros, como pontuou Laura Requena, da “Corriente Roja” (“Corrente Vermelha”), do Estado Espanhol, em sua saudação em nome da LIT-QI.

“O sacrifício daquela velha guarda de revolucionários exilados pela ditadura brasileira não foi em vão. Em meio às mudanças descomunais no mundo, quando muitas organizações desapareceram ou se integraram ao regime burguês, o PSTU resistiu e resiste e se mantém, incondicionalmente, ao lado da classe trabalhadora, com um programa de independência de classe”, disse.

UM PARTIDO DA CLASSE TRABALHADORA

Nas lutas que ocorrem no Brasil, trêmula a bandeira vermelha do PSTU

Dezenas de operários, que estiveram à frente de recentes e importantes greves, como a da GM, da Avibrás e da Toyota, subiram ao palco. O PSTU nasceu ligado à história de luta classe operária brasileira e assim continua.

Em seu discurso, o operário da construção civil Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas, única central independente de governos e patrões, falou da atuação do PSTU nas rebeliões operárias que ocorreram em 2023, em Volta Redonda (RJ) e, neste momento, em Angra dos Reis (RJ).

Operárias e operários do Vale do Paraíba mostram a relação do partido com a classe operária | Foto: Sérgio Koei

A greve da Educação Federal contra o reajuste zero do governo Lula, que já dura mais de 90 dias, foi representada por Sérgio Ribeiro, diretor do sindicato do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, e membro do comando nacional de greve. Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, destacou a luta contra a privatização do metrô, do trem e da água, que culminou com uma greve que parou São Paulo, tendo a militância do PSTU um papel importante. Ana Paula, diretora da nova gestão do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, ressaltou a luta em defesa da soberania nacional, por uma Petrobras 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores.

Moradores de ocupações populares foram ao palco mostrar a intervenção do PSTU no movimento popular, parte importante da luta pelo poder da classe trabalhadora, representados por uma delegação das ocupações do Vale do Paraíba (Coração Valente e Dirceu Travesso), da Zona Sul de São Paulo (Jardim da União), de Cajamar (Queixadas) e de Osasco (Esperança), que atuam no movimento Luta Popular.

SEM TRÉGUAS

30 anos na luta contra todas formas de opressão

O PSTU nasceu conectado às lutas dos setores mais oprimidos e explorados da classe trabalhadora, assimilou a tradição e a história da principal corrente trotskistas que o deu origem, a Convergência Socialista. O combate ao machismo, ao racismo, à LGBTIfobia, à xenofobia e às todas as formas de opressão se dá dentro e fora do partido. O PSTU tem secretarias de Mulheres, Negras e Negros, e LGBTI+.

No movimento, o partido constrói o MML (Movimento Mulheres em Luta), Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe e intervém no Setorial LGBTI da CSP-Conlutas.

Em seu discurso, Wilson Honório Silva, da Secretaria Nacional LGBTI+, afirmou que no PSTU “os oprimidos lutam por uma outra sociedade, não aquela defendida pelos reformistas e traidores da classe trabalhadora à sombra da Casa Grande, mas uma sociedade socialista. A revolução vai ser negra, LGBTI e mulher não porque somos nós que faremos a revolução, mas porque a classe trabalhadora é negra, LGBTI e mulher”.

Wilson Honório Silva, da Secretaria Nacional LGBTI+ do PSTU | Foto: Sérgio Koei

Marcela Azevedo, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU e ativista do MML, resgatou o legado histórico dos revolucionários, explicando a necessidade de superação do capitalismo.  “Temos muito orgulho da nossa trajetória, que nesses 30 anos não capitulamos às ideologias burguesas e reformistas, que dizem que podemos conquistar nossa liberdade de gênero dentro do capitalismo, mas a História nos dá provas todos os dias de que isso é impossível, como podemos ver agora com um projeto reacionário, que busca equiparar o aborto a homicídio em nosso país. Por isso, a luta é para ganhar às mulheres trabalhadora para uma libertação de classe, com um programa socialista e revolucionário’, disse.

JUVENTUDE

A coragem dos que transformam a dor em revolta

A juventude sente no corpo e na alma a barbárie capitalista. Jovens que trabalham há muito tempo, mas que nunca tiveram a carteira de trabalho assinada. Jovens dependentes de antidepressivos para poder continuar reproduzindo a vida para o capitalismo. Jovens que olham para o futuro e têm medo das consequências da catástrofe ambiental.

É nesse contexto que o Coletivo Rebeldia disputa corações e mentes dos jovens para o projeto de uma sociedade socialista. “Hoje, muitos jovens sucumbem diante desse cenário de tragédia imposto pelo capitalismo. Sucumbem para a tristeza, para a desmoralização, para caminho do suicídio e da derrota. Por isso, dizemos que é preciso ter muita coragem para acordar todos os dias, levantar, tufar o peito e dizer ‘eu não tenho medo, eu vou enfrentar tudo isso que está aí’”, disse a jovem estudante da USP, Mandi Coelho.

Mandi Coelho acompanhada no palco pela juventude do Coletivo Rebeldia | Foto: Sérgio Koei

“É uma coragem daqueles que transformam toda essa dor em revolta, daqueles que transformam essa revolta em ódio de classe e transformam o ódio de classe em combustível e motor para destruir o capitalismo”, seguiu Mandi.

Junto com a Mandi no palco estavam jovens que estiveram à frente da greve da USP; que estão na greve da Educação Federal; que estão na luta por emprego, melhores salários e diretos e integram o movimento Vida Além do Trabalho (VAT); jovens da periferia; mulheres, negros e negras, LGBTIs.

“Nesses 30 anos do PSTU, o novo pede passagem para apresentar às novas gerações um programa para a revolução socialista, que é sobretudo o programa da coragem. E essa coragem só pode ser forjada em um partido como o PSTU. E, por isso, chamamos mais jovens a serem parte dessa luta”, concluiu Mandi.

NAS LUTAS E NAS URNAS

Uma alternativa socialista nas eleições

O PSTU vai apresentar candidaturas e um programa revolucionário e socialista nas eleições 2024, de oposição de esquerda e socialista aos governos capitalistas, inclusive ao governo Lula. Vamos combater a extrema direita, com independência de classe. Só assim teremos melhores condições de enfrentar os bilionários capitalistas e defender os trabalhadores.

O ato foi também o lançamento da pré-candidatura do metroviário Altino Prazeres, a prefeito de São Paulo. “A nossa campanha estará junto à classe trabalhadora. Vamos nos enfrentar com os governos privatistas, como o de Nunes e Tarcísio. Estaremos juntos com os metroviários, os ferroviários, os motoristas de ônibus e demais trabalhadores que lutam contra a desgraça que estão vivendo na maior cidade do país. Somos contra as privatizações, defendemos a reestatização das empresas que foram privatizadas e defendemos a expropriação dos grandes bilionários”, disse Altino.

O metroviário Altino Prazeres é o pré-candidato do PSTU à prefeitura de São Paulo | Foto: Sérgio Koei

No ato, também discursaram: Fabiana Sanguiné, pré-candidata a prefeita de Porto Alegre (RS); Wanderson Rocha, pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte (MG); e Paula Falcão, pré-candidata vice-prefeita do Rio de Janeiro (RJ).

UM FUTURO COMUNISTA PARA A HUMANIDADE

Três décadas na luta pela revolução socialista

O PSTU atravessou conjunturas diversas. Enfrentou a avalanche neoliberal do governo FHC. Não capitulou aos governos de conciliação de classe do PT. Não baixou a cabeça ao governo Temer. E, está na linha de frente no enfrentamento à extrema direita bolsonarista, sem se deixar cair no conto da conciliação e da Frente Ampla petista.

Vera, operária-negra-nordestina, que foi candidata à Presidência da República pelo PSTU, lembrou dessa trajetória. “Nesses 30 anos, muitas coisas aconteceram. Nas batalhas que travamos, perdemos companheiros, como vimos aqui na homenagem que fizemos àquelas e àqueles que não se encontram fisicamente entre nós. Outros abandonaram a perspectiva da revolução socialista. Por isso, temos orgulho e festejamos nossos 30 anos. Isso não quer dizer que o PSTU não tenha cometido erros, mas desde o dia em que foi fundado, não se afastou do propósito para o qual foi criado, permaneceu, de forma incondicional, ao lado da classe trabalhadora na luta pela revolução socialista”, afirmou.

Vera, operária-negra-nordestina, foi candidata à Presidência da República pelo PSTU em 2022 | Foto: Jeferson Chomma

“Diferente da ampla maioria das organizações ditas de esquerda, que capitularam aos governos de conciliação com a burguesia ou se deixaram levar pelo canto de sereia do aparato do Estado capitalista, o PSTU segue disputando a consciência da classe trabalhadora para a construção de uma outra sociedade, uma sociedade socialista”, finalizou.