Declarações

Porto Alegre (RS): Para derrotar Melo, PSTU chama voto crítico em Maria do Rosário

PSTU-RS

9 de outubro de 2024
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Maria Rosário (PT) vai disputar o segundo turno com Melo (MDB), atual prefeito da capital gaúcha | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Neste 2º turno, o PSTU chama a votar criticamente em Maria do Rosário (PT) para derrotar Melo (MDB) nas eleições à prefeitura de Porto Alegre (RS). É certo que  a perspectiva de Melo ser reeleito é um horror para todos os trabalhadores e juventude de Porto Alegre. Estaremos ao lado dos servidores do município, dos trabalhadores ameaçados pela privatização do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), mas também da já privatizada Carris, dos atingidos pelas enchentes que não tiveram suas perdas reparadas. Votar 13, neste segundo turno, é um instrumento para derrotar eleitoralmente Melo nestas eleições, que é aliado da extrema direita bolsonarista e principal responsável pela enchente. Apesar dos alertas, não investiu em prevenção. As obras de reconstrução nos diques, bombas de drenagem, na prática, não iniciaram.

Melo cada vez mais aprofunda a entrega da cidade aos bilionários com terceirizações, como na saúde e educação, prejudicando o atendimento à população. Sem falar na derrubada de árvores para construção de grandes empreendimentos imobiliários e comercias. E, ao mesmo tempo que mantém uma passagem de ônibus cara, diminuiu a frota e linhas.

O PSTU não tem acordo com o projeto da frente composta pelo PT/PSOL/PCdoB/PSB/Avante, pois, em essência, defende para Porto Alegre o mesmo projeto de “governabilidade com Centrão” e “responsabilidade fiscal dos banqueiros” do atual governo Lula (PT). O PSTU alerta que não se deve depositar confiança em governos que mantenham a lógica de parcerias público-privadas nos serviços públicos e não se comprometam a reverter o processo de privatização.

O projeto de Orçamento Participativo de Maria do Rosário é o mesmo implementado durante as administrações petistas nos anos 1990 e não garante “o povo de novo na Prefeitura”, pois nunca decidiu sobre mais do que 10% do orçamento e sempre foi subordinado à Câmara dos Vereadores. Houve recuo na proposta de tarifa zero no transporte público – que era um “ponto central” para o PSOL ser parte da frente com o PT . Este ponto foi retirado do programa para não se enfrentar com o empresariado, o que já sinaliza qual seria a dinâmica de um governo desta frente. E nada indica uma mudança de rumo da campanha de Maria do Rosário no segundo turno. No início desta semana, ela reafirmou que seu programa “não é estatizante .

Quem semeia ilusões num projeto de conciliação de classes, de “governar para todos”, de “construir pactos” para atrair o grande empresariado, acaba desmobilizando e desmoralizando nossa classe, e sendo caldo de cultura para o crescimento da extrema direita que continua manifestando sua força social e eleitoral aqui e em todo país.

Por isso, o chamado ao voto no 13, neste segundo turno, não implica em adesão ao seu programa e nem apoio ao seu futuro governo, caso Maria do Rosário seja eleita. Tampouco abriremos mão das críticas ao seu programa. E, distinto do que faz o PSOL, que acabou se integrando a base do governo de conciliação de classes e  liberal de Lula, seguiremos firmes na oposição de esquerda a todos os governos.

Manteremos  a defesa do programa que foi representado por Fabiana Sanguiné (PSTU) no primeiro turno, que aponta a necessidade de tirar o poder dos “donos da cidade” – grandes grupos empresariais que mandam na Prefeitura e Câmara de Vereadores – como medida fundamental para reconstruir Porto Alegre com foco nas necessidades da população trabalhadora e da juventude periférica. Somente expropriando parte dos lucros e  fortunas dos bilionários, teremos recursos para pagar as contas dos investimentos que a cidade precisa.

A maioria da esquerda perdeu a oportunidade de derrotar Melo nas ruas

Logo após a enchente de maio, a rejeição a Melo era evidente nas pesquisas e nas ruas, com panelaços e manifestações espontâneas. O “Fora Melo” estava nas ruas, representando uma oportunidade de derrotá-lo antes mesmo das eleições. Havia espaço para a auto-organização dos atingidos pelas enchentes, a construção de uma pauta de reivindicações e um calendário de mobilização crescente. A comissão “Fiscaliza Sarandi”, criada por moradores, demonstra esse potencial.

Essa oportunidade de derrotar Melo nas ruas foi perdida porque a maioria dos partidos de oposição preferiram apostar no desgaste eleitoral. Melo se utilizou do tempo ganho para se reabilitar usando o aparato da prefeitura, o loteamento de cargos e a associação da tragédia com outras cidades, inclusive administradas pelo PT. O elevado índice de abstenção no primeiro turno, onde 31,5% da população de Porto Alegre não compareceu às urnas, é também expressão de uma campanha eleitoral morna em que os candidatos reafirmam velhas promessas, que nunca se cumprem.

Além disso, mantém-se o problema do financiamento empresarial, que continua operando. Nacionalmente, o maior doador de campanha em 2024 é Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan, empresa das áreas de açúcar, álcool, energia, lubrificantes e energia. Ele tem fortuna de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,6 bilhões), segundo a Forbes.

E em Porto Alegre, o empresário Elie Horn, fundador da construtora Cyrela – empresa de construção civil que tem o maior número de empreendimentos de grande porte em andamento ou recentemente concluídos em Porto Alegre –, é o principal doador da campanha de Melo.

Construir as lutas de agora e um futuro socialista

Os trabalhadores e moradores dos bairros periféricos de Porto Alegre podem tirar uma lição: as eleições nessa “ricocracia” são um jogo viciado. Apenas uma minoria de candidaturas puderam participar dos debates – apenas 3 dos 8 candidatos no debate da RBS/Globo. Nossas candidaturas  não tiveram um único segundo de direito no tempo gratuito de rádio e TV. Fizeram de tudo para nos invisibilizar. É negado um direito a população, que mesmo após quase dois meses de campanha, não tem acesso às propostas, programas e candidaturas que foram homologadas pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Não será através dessas eleições que as mudanças que tanto almejamos irão acontecer. Depois de mais de 30 anos votando a cada dois anos, cada vez temos menos direitos. O sistema capitalista é salvaguardado por este sistema político. Seja quem for eleito em Porto Alegre, a vida não vai melhorar e os ataques vão seguir. Aqui, a luta pela reparação das perdas, pela entrega das casas aos atingidos pelas enchentes, segue na ordem do dia. E com certeza o PSTU estará, lado a lado, nesses combates que se darão, não dentro dos palácios de governo, nem no parlamento, mas nas ruas.  O colapso ambiental  continua nos dando sinais diários de que, a cada dia que passa, o rastro destrutivo do capitalismo compromete o futuro da humanidade.

Nesse caminho, esperamos não apenas lutar, mas seguir debatendo com cada um vocês o projeto que, sim, pode transformar nossa cidade, nosso estado, o mundo: a revolução socialista.

Venha debater com a gente e nos conhecer melhor. E, se você já concorda com nossas opiniões, venha se organizar conosco: filie-se! Faça parte do PSTU (clique aqui).

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