O PSTU perdeu um grande militante: Galeno, o marinheiro socialista, presente!

me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu
me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão
[Paulo Leminski]

Na manhã de hoje (28/03), os militantes do PSTU acordaram com uma triste notícia: um dos mais abnegados seres humanos dedicados à causa da revolução socialista em nossas fileiras havia partido. João Orlando Galeno Amaral, ou simplesmente Galeno, nasceu em Luís Correia, pequena cidade portuária de Piauí, a 365 km da capital, Teresina.

Nascido no final da Segunda Guerra Mundial, o marinheiro cerrou fileiras junto ao PSTU nos anos 1990, num ato de lançamento da candidatura de Zé Maria à presidência da República, no Colégio Marista. De lá para cá, foi um dos militantes mais dedicados à causa da revolução que a regional de Belém conhecera.

A sua marca registrada era o trabalho com o jornal do partido, o Opinião Socialista. Galeno não saia de casa sem ele. Era campeão recorrente de vendas do jornal. Seu compromisso normal era de 20 a 30 jornais e conseguia passar todos para a classe trabalhadora, principalmente para os servidores da Secretaria da Fazenda (SEFA) do Estado do Pará, onde trabalhou como portuário e atuou por vários anos na oposição ao sindicato.

Nas edições especiais do Opinião, chegava a vender 60 jornais ou até mais. Pode-se dizer que Galeno foi um grande militante leninista, pois compreendeu profundamente o significado do trabalho político com o jornal do partido, o organizador coletivo e a principal ferramenta de propaganda das ideias revolucionárias; tornando-se um dos seus principais divulgadores em nível nacional.

Galeno não saia de casa sem o ‘Opinião Socialista’ Era campeão recorrente de vendas do jornal | Foto: PSTU-PA

De temperamento forte, mas ao mesmo tempo brincalhão, chegou a disputar uma vaga ao Senado Federal pelo partido, em 2003, ano da primeira eleição de Lula à presidência, o qual não lhe despertou nenhuma ilusão, pois como fervoroso combatente contra oportunistas e centristas, ideias que lhe gerava até certa irritação, já tinha rompido com o PT, do qual foi um militante histórico, desde quando esse partido se inclinava a abandonar o classismo e a trair a classe trabalhadora.

Com 79 anos de idade, o que fez no último 21 de março, Galeno foi um lutador incansável, não perdia o pique para participar das lutas da classe trabalhadora, seja com a nossa bandeira em punho ou com o jornal do partido no braço. Como internacionalista, também se somava a diversas manifestações, como a causa palestina ou a solidariedade aos trabalhadores da Ucrânia contra a invasão de Putin.

Dizia-se um peão de base, mas quando na presença de juventude, falava que também era jovem e até ensaiava duas ou três rimas de um rap.

Galeno conseguiu sobreviver à pandemia do Covid-19 e até a uma complicação cardíaca que teve no último ano, mas teria que fazer uma cirurgia no coração com um alto grau de risco, em função da sua idade, o que optou conscientemente por não a realizar. Nesta madrugada, um ataque fulminante o levou quando estava dormindo. E é com a camisa vermelha de um revolucionário, a camisa com o símbolo do PSTU que sustentava orgulhosamente em seu peito, que sempre será lembrado pelos seus amigos e camaradas.

Galeno, presente!
Até o socialismo, sempre!