Novo Ensino Médio: Não queremos “aperfeiçoar”! Lula, revogue o NEM já!
Da última edição do Opinião para cá, já tivemos dois dias nacionais de luta pela revogação do chamado Novo Ensino Médio (NEM). A voz dos estudantes e professores do país inteiro ecoou em fortes mobilizações. A pressão sobre o governo Lula é grande. Ele disse que a reforma “não vai ser do jeito que está”, mas não considera revogar. Parecido com o que o ministro da Educação, Camilo Santana, tinha dito sobre aperfeiçoar os pontos negativos do NEM.
O argumento de que tem partes que poderiam melhorar mascara que não se trata de poucos pontos ruins que podem ser alterados, mas de um projeto cujo cerne é a concepção do momento do imperialismo e da burguesia para a educação. É por isso que o NEM é a “reforma trabalhista da educação”. São ataques combinados e, portanto, devemos seguir exigindo de Lula a revogação de todas as reformas!
Quais os argumentos dos defensores do NEM?
Os defensores do NEM dizem que estão preocupados com a escola não ajudar os jovens a conseguirem emprego, nem resolver o problema da pobreza. A situação de desemprego é de fato alarmante. Mas em 2022, a FGV Social publicou uma pesquisa que mostra que nos últimos dez anos no país houve um aumento de 27% nos estudos da população mais pobre, mas ainda assim a renda tinha diminuído em 26,2%. Se o desemprego e a pobreza fossem só um problema de acesso à educação, não seria este o cenário do país.
Também dizem estar preocupados com a evasão escolar. É um problema grave que piorou muito da pandemia para cá. Mas na pandemia, a burguesia, os empresários da educação e os governos deixaram os jovens pobres e trabalhadores por sua própria conta e risco. Aproveitaram o caos no país para instituir o ensino a distância, com o discurso de que isso modernizaria a educação. No entanto, o que vimos foi o aprofundamento da desigualdade social.
O discurso da modernização também aparece agora para justificar o NEM. Defendem a educação dos EUA e de outros países, e dizem que o Brasil é um país atrasado na educação. Isso é verdade, mas por quê? Em parte porque ocupamos uma posição mundial, que é a de ser um país que se subordina aos planos do imperialismo. Somos exportadores de commodities, e não um país ponta de lança na indústria e no desenvolvimento tecnológico, por exemplo. E não é justamente essa burguesia, sócia menor do imperialismo, para quem Lula governa sendo também responsável por isso, que nos trouxe até aqui?
Não à privatização da educação básica!
Por mais que finjam estar preocupados com a juventude, sabemos que de fundo os interesses deles envolvem muito dinheiro. Com o NEM, parte do currículo das escolas passa a poder ser dado pelas empresas. Não à toa, dos bancos à Fundação Lemann, estão todos juntos dentro do governo debatendo os planos para educação. Se isso se efetivar, provavelmente será um dos primeiros projetos de privatização de uma educação básica que ainda é amplamente pública no Brasil. Um lugar em que os tubarões da educação, que até agora têm ganhado rios de dinheiro com as universidades particulares, querem entrar. Não aceitaremos!
Por um movimento estudantil independente!
UNE e Ubes são capazes de lutar contra o NEM estando dentro do governo?
A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) têm chamado mobilizações estudantis pela revogação do NEM. Isso é importante, e o movimento estudantil deve mobilizar o máximo de jovens para lutar. Só que muitos dos que são dessas entidades, ou que fazem parte da União da Juventude Socialista (UJS) e da juventude do PT, ala majoritária da UNE e da Ubes, estão ocupando cargos dentro do governo. A própria presidente da UNE, Bruna Brelaz, faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Mas se a posição do governo é pela não revogação, como então essas entidades serão capazes de mobilizar os estudantes para lutar contra a medida de um governo do qual eles próprios estão fazendo parte? O Rebeldia tem levantado a bandeira da independência do movimento estudantil frente aos governos, e essa é uma reivindicação necessária, se queremos ser vitoriosos na revogação do NEM.
Por outro projeto de escola!
Queremos uma educação socialista num Brasil socialista!
A revogação do NEM é urgente para lutarmos contra a desigualdade social e a mercantilização da educação. Com o NEM, a escola vai ficar mais subordinada aos interesses do capital, mas igualmente é fato que a escola antes também era desigual e atendia às necessidades do capitalismo. Conheça o Rebeldia e nos ajude a levar adiante a luta por uma escola que não esteja presa às amarras do capitalismo!