Lutas

Nota do Movimento Nacional de Oposição Bancária: Começou a Greve Nacional dos Bancários!

Nota do Movimento Nacional de Oposição Bancária sobre a greve e a campanha salarial da categoria

CSP Conlutas, Central Sindical e Popular

9 de setembro de 2024
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Nesta semana, sindicatos do Rio Grande do Norte, Pará,  Amazonas, Maranhão e outros iniciaram uma greve da categoria bancária em alguns bancos – Basa, Caixa e Banco do Brasil.

Essa greve precisa ser cercada de solidariedade, pois além de enfrentar a dureza das negociações com o governo Lula, está enfrentando a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), que fez de tudo para que a greve não acontecesse.

O governo Lula tem de atender aos bancários

A grande responsabilidade desta greve está nas mãos do governo Lula. Primeiro porque a maioria desses bancos são federais. Segundo, porque todos eles tiveram um lucro imenso. Terceiro porque existe uma defasagem do período da pandemia e do governo Bolsonaro, que a categoria espera recuperar agora. Então, Lula tem de por em prática o discurso pró-trabalhadores e cumprir promessas de campanha.

Mas, na realidade, isso não está sendo bem assim. Várias categorias de servidores federais que fizeram greve neste ano, enfrentaram a dureza do governo do PT, que puniu os grevistas cortando ponto e até processando judicialmente os trabalhadores e sindicatos. Tudo isso em nome do Arcabouço Fiscal, tão aplaudido por empresários e banqueiros.

O papel pelego da Contraf CUT

O grande desafio da categoria é fazer a greve crescer nacionalmente e se fortalecer.

Isso seria fácil de acontecer se os sindicatos de todo o país estivessem orientando as bases a ir para a greve. No entanto,  o que está ocorrendo é o contrário!

O Comando Nacional, dirigido pela Contraf-CUT, não falou em greve nenhuma vez durante toda a Campanha Salarial. Apresentou e defendeu uma proposta muito baixa ante os altos lucros dos bancos. Fez uma lambança com o processo de votação, altamente questionado nas bases, inclusive, votando os acordos da Caixa e do BB que ainda estavam em negociação.

Agora, que vários sindicatos iniciam a greve, não orienta nada para fortalecer essa luta!

Sindicalismo atrelado ao governo

É normal que um sindicato apoie um governo que considera ser o melhor para os trabalhadores que ele representa. Porém, os interesses dos trabalhadores que o sindicato representa devem estar acima de qualquer interesse político-partidário.

O sindicato tem obrigação de defender sua base e, se preciso for, lutar contra o governo que ele apoia. Mas, a CUT faz o contrário: coloca seu apoio ao governo do PT acima dos interesses da categoria. Fez isso nos servidores públicos federais, nos Correios e está fazendo agora nos bancários.

Mas, para ser exato, no caso dos bancários não é apenas com o governo, é com os banqueiros também. Mesmo nos momentos mais críticos da negociação, mesmo quando o Santander mandou a PM de São Paulo bater nos dirigentes sindicais que estavam na porta do centro administrativo daquele banco, a Contraf-CUT não falou nada de greve!

A categoria precisa se unir!

É hora de construir uma Oposição Nacional. A reta final desta Campanha Salarial está demonstrando a falência desta direção da Contraf-CUT. Uma direção que se esforça pra fechar um acordo de 2 anos, com aumento acima da inflação de 0,6%, no setor da economia que tem os maiores lucros do país.

Nesses dois anos a categoria é massacrada com metas e condições de trabalho que adoecem em massa os trabalhadores. Enfrentam demissões e terceirização massivas, assédio moral e sexual, isolamento social com o trabalho remoto e todo tipo de abuso.

O sindicalismo que se contenta com um acordo tão limitado, frente a essa realidade tão dura que vive a categoria, não deve continuar existindo.

Neste momento que se iniciou a greve, é preciso discutir com os colegas e forçar que haja assembleia e votação para greve. É preciso unir a categoria em todo o país!

Mas, isso depende muito mais dos bancários e bancárias nas bases, pois os sindicatos, na sua maioria, não demonstraram interesse em fortalecer a greve. Por isso, é preciso que a base organize oposições aos sindicatos que estão agindo desta forma.

É preciso construir nas bases uma nova direção para o movimento sindical bancário!