Internacional

Neste 1º de maio: marchar com a resistência ucraniana contra Putin e com a classe trabalhadora francesa contra Macron

30 de abril de 2023
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Publicado no Portal da LIT-QI

O dia 1º de maio é um dia de luta, que faz parte da memória do movimento operário mundial por causa do assassinato, em 1886, dos operários norte-americanos que lutavam por 8 horas de trabalho. Neste dia vamos às ruas em todos os continentes e mostramos que somos uma só classe em todo o mundo. A LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional) se dirige à classe trabalhadora e sua vanguarda para chamar a marchar junto com os trabalhadores ucranianos que pegam em armas contra a barbárie da guerra de Putin. A marchar com os trabalhadores franceses e uruguaios que defendem seu direito à aposentadoria.

A marchar honrando a luta de nossos antepassados, reafirmando mais do que nunca que somos uma só classe no mundo inteiro, e que os que resistem e sofrem sob as bombas de Putin, os que enfrentam a polícia francesa para preservar suas conquistas, os que lutam contra os governos na América Latina como no Uruguai ou no Peru têm o mesmo inimigo, o capitalismo imperialista e seus governos no poder, a serviço de nossa exploração e morte.

Recordemos os milhões de mortos pela pandemia, esta catástrofe humana que não foi obra da natureza, mas a recusa dos governos das potências imperialista em abrir mão das patentes das vacinas e dos monopólios farmacêuticos. Da burguesia e de seus governos que priorizaram sua riqueza antes que nossas vidas. Nossos salários e condições de existência nunca mais voltaram à situação anterior, muito pelo contrário, se durante a pandemia alertamos que nosso inimigo era o sistema capitalista, hoje, o que eles chamam de crise, a queda de seus lucros bilionários, produz o aumento, em todos os lugares, de morte, exploração, opressão e destruição do meio ambiente.

Para manter um sistema de exploração e opressão do capitalismo-imperialista, os “donos do mundo” o fazem aumentando as condições desiguais de existência do proletariado em todo o planeta e, portanto, vão contra todas as conquistas que arrancamos da burguesia com o sangue de nossas gerações anteriores.

Avançam na destruição do meio ambiente alimentando o aquecimento global e mostram a incapacidade do capitalismo de se dissociar da energia fóssil, que impõe ao proletariado sacrifícios sem precedentes, secas, inundações, deslocamentos de populações, desemprego e fome.

A perseguição desenfreada aos imigrantes marcada na imagem de pessoas queimadas na fronteira EUA/México; os túmulos flutuantes no Mediterrâneo com crianças e famílias desesperadas para fugir da miséria, o direito ao trabalho, um direito cada vez mais escasso nos dias de hoje. E o feminicídio que tira a vida de 11 mulheres e meninas a cada segundo no mundo

O imperialismo aumenta a pilhagem nos países semicoloniais ou no “sul global” disputado pelas potências mundiais, é o alvo das potências e dos seus Estados controlados pelos monopólios. E o fazem com suas empresas, com a exploração da mão de obra, o saque dos recursos naturais, com o aumento dos juros da dívida pública e por meio das armas. Este é o pano de fundo dos conflitos bélicos como o do Sudão e a guerra de Putin de ocupação da Ucrânia.

Marchamos com os trabalhadores ucranianos que não se curvam à segunda maior Forças Armadas do mundo

Enquanto pegam em armas, as e os trabalhadores ucranianos resistem à ocupação de seu país há mais de um ano, uma sórdida campanha pela “paz” tenta destruir a simpatia do proletariado mundial por um povo que resiste e não se permite ser escravizado.

Essa campanha dos governos imperialistas, das burocracias sindicais e seus auxiliares de “esquerda” e remanescentes stalinistas, sem dizê-lo, culpa a resistência de um povo e não a Putin e os monopólios petrolíferos imperialistas pela inflação mundial. Eles propõem uma “paz” sem se posicionar sobre a ocupação e anexação dos territórios ucranianos pela Rússia.

Pior ainda, fazem coro à propaganda de seus governos de que “estão enviando armas e munições para a resistência”, quando na verdade apenas aumentam seus orçamentos militares, dado o aumento das rivalidades entre os poderes, e cortam aposentadorias/pensões responsabilizando a guerra, que ainda não acabou porque a resistência operária e popular ucraniana alterou todos os planos de Putin.

Não dizem o mais importante, que o abrandamento da contraofensiva ucraniana, que impôs a retirada das tropas russas, foi paralisado pela aguda falta de armamento ofensivo, permitindo a reorganização das tropas russas.

Nem Biden, nem Macron-Scholz, nem Xi Jinpin estão interessados ​​na soberania da Ucrânia e menos ainda na vitória do seu povo armado! Eles só visam seus interesses e estão dispostos a destruir o país para alcançá-lo.

Lutamos junto com os trabalhadores ucranianos e alertamos que Zelensky, como representante da oligarquia e das corporações estrangeiras, está desfalcando as necessidades dos trabalhadores armados que arriscam suas vidas contra os ocupantes invasores, porque em meio à guerra seu governo continua favorecendo o roubo e saque do país e o submete ao FMI.

A unidade dos trabalhadores do mundo é o único apoio confiável. Chamamos particularmente aos trabalhadores da Europa Ocidental, que enfrentam os planos do grande capital, a se unirem aos seus irmãos ucranianos, a expressar solidariedade de classe porque estamos unidos em interesses comuns, que começam com a derrota da ocupação militar russa, respeito pela integridade territorial da Ucrânia e continuará a luta contra a colonização da UE, do FMI, da OTAN e dos EUA, e pela construção de uma Europa dos trabalhadores e dos povos que só pode ser levantada sobre as ruínas da União Europeia.

Fora Macron e sua reforma previdenciária

Nos últimos três meses, o proletariado francês travou uma luta massiva contra a reforma previdenciária de Macron, que propõe aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, rejeitada por 90% dos trabalhadores do país. Esta onda de lutas intensas ecoa as greves que os trabalhadores britânicos têm travado este último ano, lideradas primeiro pelos trabalhadores da RMT, que até agora conseguiram um aumento salarial entre 9 e 14%, e que continua com a greve nacional dos funcionários públicos (PCS), enfermeiros (RNC) e trabalhadores universitários (UCU) ainda em andamento. Tanto na França como na Grã-Bretanha, o proletariado está lutando, com greves muito significativas que não se viam há décadas, para defender as suas condições de vida num contexto de crise, inflação descontrolada e novos planos de austeridade dos governos burgueses.

Na França, a mobilização dirigida por uma coordenação intersindical unitária organizou 12 dias de greve, muitas delas massivas e aderidas por milhões de trabalhadores, que se combinou cada vez mais com ações espontâneas contra os símbolos do estado burguês e para paralisar o funcionamento do país. O movimento grevista teve como vanguarda um setor do proletariado industrial (petroleiros, trabalhadores do setor elétrico e do gás) junto com ferroviários e catadores de lixo, conseguindo paralisar setores-chave da economia. Também conseguiu arrastar a juventude, e passou a se articular com as lutas pelos direitos das mulheres e contra a destruição do meio ambiente.

No entanto, o governo de Borne e Macron respondeu com dura repressão e fazendo ouvidos moucos às demandas das ruas e locais de trabalho. Em meados de março, utilizou o mecanismo 49.3 da constituição para impor a sua reforma sem maioria parlamentar, decisão que foi validada pelo Conselho Constitucional um mês depois, que também rejeitou a possibilidade de um Referendo de Iniciativa Partilhada (RIP) sobre a mesma. O resultado é que, embora a reforma tenha sido legalmente validada, continua sendo uma reforma amplamente rejeitada por sindicatos e trabalhadores. Macron e seu governo são fortemente detestados pelos franceses, nem ele nem seus ministros podem ir a eventos públicos sem vaias, panelaços e protestos, e o regime da Quinta República ficou enfraquecido por mostrar sua essência repressiva, antidemocrática e antioperária.

Neste primeiro de maio, trabalhadores e trabalhadoras francesas voltam às ruas para protestar contra o ataque às aposentadorias/pensões e por um aumento salarial, mas também para exigir a saída de Macron. Para vencer essa luta, no entanto, os dirigentes sindicais precisam mudar sua estratégia. Dias separados de greve sem plano de luta não servem para derrotar Macron, mas sim para desmoralizar os trabalhadores que perdem dias de salário sem perspectiva de como alcançar a vitória. Dada a forma que o movimento tomou, teria sido necessário organizar desde o início uma greve geral por tempo indeterminado até a retirada da reforma, uma greve organizada desde o início pela Intersindical, desenvolvendo as organizações de base, com democracia operária, e também medidas de autodefesa para enfrentar a repressão. Esta estratégia continua na ordem do dia para enfrentar esta reforma de Macron, e as que virão, e impor ao governo uma agenda que atenda às necessidades dos trabalhadores.

A revolução socialista é a única saída

Neste dia em que recordamos as nossas tradições internacionalistas, construídas pelas gerações passadas, fazemos nosso o seu grito de guerra, a classe trabalhadora nada tem a perder a não ser as correntes que nos prendem ao capitalismo, que nada tem para nos oferecer senão a fome, a miséria, destruição da vida, opressão e guerras.

A vontade de lutar é grande em todos os lugares, demonstrada pelo povo latino-americano com as massas indígenas peruanas, a revolução chilena e a recente greve no Uruguai. Demonstrado pelos trabalhadores franceses e pelos grevistas na Grã-Bretanha.

Mas esta luta contra os ataques dos governos não é suficiente, para realmente alcançar as conquistas que precisamos, para acabar com a miséria, a depredação do meio ambiente e a opressão é preciso derrotar a burguesia e o imperialismo. É necessário construir governos da classe trabalhadora, onde, nós que trabalhamos, sejamos os que tomemos todas as decisões, onde construamos o nosso próprio Estado, usando todos os meios necessários para acabar com a burguesia, sua polícia, seu exército e a ultradireita.

Porém, para romper a corrente, precisamos do martelo que é forjado nessa luta, e nossa principal fragilidade, a construção de uma organização revolucionária, que marque nosso alvo – o capitalismo – e a necessidade da revolução socialista para superá-lo. Por esta razão, chamamos a todos/as a unir-se às fileiras da Liga Internacional dos Trabalhadores e seus partidos, para lutar juntos pela criação de uma alternativa socialista e revolucionária para acabar com o capitalismo.