Declarações

Não são casos isolados! Fora Derrite! Tarcísio é inimigo das periferias! Mobilizar nossa classe para deter o genocídio racista no Brasil!

PSTU-SP

4 de dezembro de 2024
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Tarcísio de Freitas, e o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, durante cerimônia com policiais militares. Foto: Alex Fernandes/Governo de SP. Abaixo, cenas de policial jogando homem por uma ponte na Zona Sul da cidade

As últimas 48 horas foram bastante reveladoras do real significado da política de segurança pública do Estado brasileiro. A cena do policial militar jogando da ponte um rapaz negro em São Paulo mostra a importância que a corporação dá à vida das pessoas na periferia: nenhuma. As imagens do policial baiano executando um jovem negro rendido no chão, comprovam: trata-se de um genocídio em todo território nacional.

Neste grave momento, em que acabam de se completar 5 anos do Massacre de Paraisópolis e da luta das famílias por justiça, nos dirigimos a cada trabalhadora e trabalhador para fazer um chamado à reflexão e à ação.

Existem dois discursos enganosos divulgados pela imprensa e por forças políticas.

O primeiro vem dos governos estaduais, sempre dispostos a defender as corporações e apontar seus crimes como “casos isolados”. Essa visão é demolida, para não irmos mais longe na história, pelos dados recentes da gestão Tarcísio: 2024 ainda nem acabou, mas de janeiro a outubro as polícias Civil e Militar já mataram mais do que nos anos inteiros de 2023, 2022 e 2021. Casos de grande repercussão se sucedem e chocam.

Em fevereiro, o jovem negro Matheus Menezes, 23 anos, teve a garganta cortada por um tenente do 18º Batalhão na Brasilândia. Há um mês, o pequeno Ryan da Silva Andrade Santos, 4 anos, tinha acabado de ser morto por um PM no litoral paulista quando Tarcísio declarou sobre seu secretário Guilherme Derrite: “Você tem se saído muito bem”, tem “nos orgulhado muito”.

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O aumento do número de crianças e adolescentes mortos pela tropa dos bolsonaristas é de 58% entre 2022 e 2023, quando começou a atual gestão. Dado cruel: o pai do garoto já havia sido morto na Operação Escudo-Verão no começo do ano.

O estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22 anos, levou um tiro à queima-roupa no dia 20 de novembro. Como, neste caso, se trata de uma pessoa de família rica, o governador se pronunciou lamentando o episódio. Cinismo puro, vindo de quem comanda a barbárie.

Gabriel Renan da Silva Soares, 26 anos, foi morto por um PM à paisana com 11 tiros. O rapaz havia furtado produtos de limpeza em um mercado e, ao correr, escorregou. As imagens da câmera destroem a versão do policial de que agiu em legítima defesa: é nítida a tranquilidade do agente para matá-lo pelas costas. Fardada ou não, a polícia não liga para a vida do povo.

Este caso também ajuda a ter perspectiva sobre o argumento padrão em casos de mortes causadas por policiais: “o suspeito reagiu”. Para as leis burguesas, se um policial matou é porque houve confronto e ele foi obrigado a se defender. A experiência mostra que não é assim, e o caso de Gabriel é mais uma triste prova disso.

O segundo argumento falso, normalmente vindo de setores da esquerda liberal, é que as polícias são despreparadas. Quem pensa assim, ainda supõe que a função básica das forças é proteger o trabalhador comum, que bastam cursos contra o racismo para conscientizar os agentes.

A PMESP se orgulha de sua história autoritária e da participação em massacres populares. Tanto é assim que até hoje enumera entre seus grandes “feitos” o Golpe civil-militar de 1964, a repressão à greve geral de 1917 e as mortes da comunidade de Canudos no início da República brasileira, entre outros. Uma instituição que carrega esses símbolos não precisa se educada ou democratizada, mas sim extinta.

Por esses fatos todos afirmamos: a situação é mais grave que um mero descontrole. As polícias estão fazendo exatamente aquilo para que nasceram: tocar o terror nas periferias e manter, sob a democracia dos ricos, um feroz controle dos trabalhadores. Em um país profundamente desigual como o nosso as classes dominantes precisam manter a violência muito bem organizada para desencorajar quaisquer resistências. O que os jornais e os governos chamam de segurança pública é. na verdade. guerra racista contra o povo trabalhador.

Trata-se de uma política de Estado em todos os seus níveis. Lula, Tarcísio e Nunes dão respaldo a isto, cada um de acordo com suas “nobres” responsabilidades constitucionais. O Governo Federal recentemente reafirmou a militarização da segurança pública com a assinatura da Lei 14.751 de dezembro de 2023. A gestão municipal de São Paulo realiza um processo acelerado de transformação da Guarda Civil Municipal (GCM) em polícia militar do prefeito. Na Bahia, governada há 18 anos pelo PT, encontra-se uma das polícias militares mais letais do Brasil, com autorização expressa do governador Jerônimo Rodrigues, que não deixa nada a desejar a Tarcísio em se tratando de passar pano para seus soldados nessa guerra suja.

Em São Paulo, a gravidade do momento impõe que todos os movimentos sociais, sindicatos e partidos comprometidos com a classe trabalhadora se unam para exigir a demissão imediata de Guilherme Derrite. Embora não resolva definitivamente o problema, sua queda sem dúvida seria uma derrota importante para a política assassina do governador, podendo obter para todos nós que estamos na mira um recuo temporário dos nossos inimigos.

Também é fundamental debater com a população quem de fato é Tarcísio. O bolsonarista ainda goza da imagem de bom gestor e político moderado, quando a realidade é essa que expusemos. Nenhum minuto de paz para o governador enquanto nós não tivermos as nossas vidas em segurança.

Finalmente, mas não menos importante, essas tarefas são responsabilidade da classe trabalhadora. O parlamento e o judiciário, como participantes da política de morte, não podem nos proteger. É hora de construir uma mobilização do povo trabalhador pelas vidas dos nossos jovens, contra o racismo, pela desmilitarização e fim da polícia militar e pelo controle popular da segurança pública.

Todos e todas ao ato neste dia 5 de dezembro, às 18h, em frente ao Theatro Municipal de São Paulo na Praça Ramos de Azevedo.