Internacional

Não à fraude eleitoral! Abaixo a ditadura de Maduro, todo apoio às mobilizações

Leia a nota da Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), seção da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) e partido-irmão do PSTU na Venezuela, sobre a fraude eleitoral e a ditadura de Maduro

Unidad Socialista de los Trabajadores – UST

30 de julho de 2024
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Nesta segunda-feira, 29 de julho, a juventude e a população dos bairros populares venezuelanos tomaram as ruas de Caracas e de várias cidades do país para mostrar sua indignação frente à fraude nas eleições presidenciais que mantém no governo o ditador Nicolás Maduro. A resposta da ditadura foi uma repressão brutal contra os jovens desarmados. Até agora, contabilizam-se 7 mortos, dezenas de feridos, vários desaparecidos e uma centena de presos.

Não à fraude eleitoral

A ditadura da boliburguesia (burguesia “bolivariana”, setor que emergiu a partir de ações parasitas e corruptas do Estado, sendo intermediário de seus negócios com empresas privadas e multinacionais) anunciou, mais de seis horas após o fechamento das urnas, resultados que em nada condizem com a realidade observada em relação à preferência dos votos durante toda a jornada eleitoral, nem com os resultados que os mesários iam lendo no decorrer do fechamento das mesmas, nos diferentes centros eleitorais.

Torna-se muito suspeito, além disso, que, durante o anúncio, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) não oferecesse detalhes dos resultados por estados, por municípios, por centros eleitorais, havendo também inconsistências entre os percentuais de votos anunciados para todos os candidatos e o total do eleitorado.

Enquanto os órgãos repressivos da ditadura disparam contra os jovens e os habitantes dos setores populares nas ruas da Venezuela, o PT brasileiro e parte da chamada “esquerda” latino-americana felicitam o governo ditatorial e saúdam a fraude, qualificando-a como uma “jornada pacífica, democrática e soberana”. Ao apoiar uma ditadura burguesa, culpada pelo colapso econômico e social na Venezuela, tornam-se responsáveis pelo crescimento da direita na América Latina.

Desde a Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), alertamos que um possível governo de Edmundo Gonzalez-María Corina seguirá aprofundando a subordinação do país aos interesses das multinacionais. Não podemos ter nenhuma confiança na velha oligarquia venezuelana, e tampouco na boliburguesia, que agora aprofunda sua tendência antidemocrática. Denunciamos que esses resultados anunciados pelo CNE constituem uma verdadeira fraude eleitoral para manter no poder um setor burguês, a boliburguesia, que para garantir seus interesses, aprofunda sua guinada ditatorial, e que é amplamente repudiado pelas massas venezuelanas.

Afirmamos que esta fraude não se limita apenas ao anúncio dos resultados, mas é a continuidade e consequência de um processo eleitoral repleto de vícios antidemocráticos. Desde a sua convocação, realizada em um contexto de mais de uma centena de trabalhadores detidos e processados por lutarem em defesa de seus direitos trabalhistas e sociais; de mais de trezentos presos políticos, com inabilitação de dirigentes políticos para participar; com impugnação e sequestro de partidos pelo governo de Maduro; até a cassação da legalidade de partidos políticos, principalmente de esquerda, aos quais se impediu de apresentar uma candidatura que representasse os interesses da classe trabalhadora.

Somos categóricos ao afirmar que o governo de Nicolás Maduro é uma ditadura capitalista, corrupta, faminta e repressiva, que vem aplicando há anos contra os trabalhadores e o povo venezuelano um brutal ajuste capitalista, antioperário e antipopular, que tem confiscado os salários da população trabalhadora, reduzindo-os à sua mínima expressão, que tem cerceado todos os direitos trabalhistas, que tem destruído o aparato produtivo estatal e os serviços públicos, que mantém a população trabalhadora venezuelana em condições de fome e miséria, enquanto concede benefícios ao patronato nacional e estrangeiro, e que tem retirado os mais elementares direitos econômicos, sociais, sindicais e democráticos dos trabalhadores e do povo venezuelano. Com esta fraude, agora pretende perpetuar-se ilegitimamente no poder, dando um novo golpe aos direitos democráticos dos trabalhadores.

Ao contrário do que diz a esquerda reformista que apoia Maduro, quem está nas ruas é o mesmo povo pobre que, em 2002, enfrentou o golpe organizado pelo imperialismo contra Chávez. Agora este povo odeia a ditadura de uma burguesia, a boliburguesia de Diosdado Cabello (um dos maiores burgueses da Venezuela) e Maduro.

Não podemos também ter nenhuma confiança em Marina Corina Machado e Edmundo Gonzalez, apoiados pelo imperialismo norte-americano, e que querem aprofundar a semicolonização da Venezuela. Já os imperialismos chinês e russo apoiam a fraude de Maduro. Querem também ampliar o saque das reservas minerais do país. Nós estamos contra o domínio imperialista e defendemos a independência de classe.

Da mesma maneira, rejeitamos qualquer chamado de intervenção militar ou ingerência imperialista para resolver a crise política venezuelana. Só confiamos na mobilização operária e popular para derrubar a ditadura.

Unificar, aprofundar e fortalecer as mobilizações até derrotar a ditadura

Como era de se esperar, os fraudulentos resultados anunciados geraram o repúdio dos setores populares do país. Por isso, nas horas seguintes ao meio-dia de segunda-feira, 29, iniciaram-se uma quantidade significativa de protestos e mobilizações populares contra a fraude nas diferentes cidades do país, principalmente na capital. Desde a UST, expressamos nosso apoio incondicional a esses protestos e chamamos a fortalecê-los, unificá-los e aprofundá-los, desenvolvendo-os de maneira independente até derrotar o fraude em curso.

Denunciamos a repressão que o governo ditatorial de Maduro vem realizando contra eles através da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), dos corpos policiais e seus aparatos parapoliciais, os chamados “coletivos”.

Igualmente, denunciamos as tentativas da liderança opositora burguesa (Edmundo – María Corina Machado – MUD) de se desmarcar das mobilizações populares, assim como suas pretensões de controlá-las, acalmá-las e discipliná-las. Algo que obedece ao seu caráter de classe contrário aos interesses dos setores mobilizados.

Desde a Venezuela fazemos um chamado aos órgãos militares e policiais, especialmente à tropa e seus comandos baixos e médios, para não reprimir o povo, não acatando as ordens de repressão da alta oficialidade, contra os trabalhadores e habitantes dos setores populares em manifestação, que em muitos casos são, afinal de contas, seus vizinhos, familiares e conhecidos.

Como ficou demonstrado, a ditadura não vai respeitar o amplo repúdio da população, pelo contrário, Maduro anuncia que manterá e aprofundará a repressão. Portanto, é preciso unificar, aprofundar e fortalecer de maneira independente as mobilizações até derrotar a ditadura. Consideramos pertinente discutir democraticamente, nos setores populares e nos centros de trabalho, as ações a tomar para dar continuidade ao processo de enfrentamento à ditadura, manter as mobilizações de rua e construir uma greve geral que derrube a ditadura.

Como se demonstrou mais uma vez, não há possibilidades de acabar com a ditadura de Maduro pela via eleitoral. Somente as mobilizações diretas das massas poderão derrubar essa ditadura e abrir caminho para a superação do capitalismo na Venezuela.

Abaixo a ditadura!