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Lições da greve na Pepsico pelo fim da escala 6×1

Vera, de São Paulo (SP)

20 de dezembro de 2024
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A greve na Pepsico, pelo fim da escala 6×1, teve início no dia 24 de novembro | Foto: Stila-SP/Divulgação

A classe trabalhadora tomou as ruas no Novembro Negro. No dia 15, dia da Proclamação da República, denunciou o trabalho escravizante na jornada 6×1, imposta pelos empresários e o Estado brasileiro. Revoltosos aos gritos exigiram o fim desse regime de trabalho com a mesma irreverência do homenageado no dia a Consciência Negra, Zumbi, do Quilombo dos Palmares, que viveu e morreu lutando por liberdade.

Mas tão importante quanto lutar pelo fim da escala 6×1 é saber: qual é jornada que os trabalhadores querem trabalhar? Que jornada é possível na atualidade? Reduzir a jornada de trabalho para quantas horas? Essa é uma lição que nos deixa a greve na fábrica Pepsico, em São Paulo.

No dia 24 de novembro, os operários da Pepsico realizaram a primeira greve contra a jornada 6×1. As negociações para mudança da escala já vinham acontecendo há alguns meses e a nova escala apresentada pelos empresários da multinacional era de 6×2, pior que a atual. Os operários responderam com greve.

O sindicato empenha-se em garantir a manutenção da greve e com ela tenciona as negociações que ocorriam no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP). A empresa utiliza do velho método da chantagem e da divisão entre os grevistas. E pela primeira vez, o representante da multinacional na América Latina vem ao Brasil para as negociações e comparece à fábrica.  Os operários não se intimidam.

Nas negociações, o argumento utilizado pela patronal é ridículo ao justificar que a escala de 6×1 não pode ser alterada porque existe uma programação da fábrica. Ora, toda programação pode ser modificada. Além disso fica a questão, quem programou? Por certo não foram os que trabalham.

Mas essa greve histórica tinha um problema. Não existia por parte dos operários e o seu sindicato uma proposta de redução da jornada de trabalho. Depois de uma semana de greve, os combativos operários retornam ao trabalho tendo que trabalhar 20 minutos a mais todos os dias para ter uma sábado de “folga” por mês.

Esse é o mesmo limite do Projeto de Lei (PL) apresentado pela deputada federal do Psol, Érika Hilton, com base no projeto popular pleiteado pelo Vida Além do Trabalho (VAT), inicialmente, e a abraçado pela classe trabalhadora organizados ou não. Esse PL que levantou a jovem classe trabalhadora e colocou a extrema direita nas cordas ao questionar essa escala de trabalho estafante, que adoece e mata trabalhadores, não apresenta uma proposta de redução da jornada de trabalho que garanta o descanso, o lazer e o convívio com a família e que corresponda às novas e modernas técnicas do trabalho.

O avanço tecnológico que aumentou exponencialmente a produtividade do trabalho e os lucros dos capitalistas, que combinadas com as reformas Trabalhista e Previdenciária  têm se traduzido num verdadeiro tormento, adoecimento, morte e desemprego no seio da classe trabalhadora.

A luta pelo fim da escala 6×1 precisa está associada à luta pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, com escalas de 4×3 ou 5×2 e com isso a possibilidade de vitória dos trabalhadores nessa luta.

A greve dos operários e operárias da Pepsico nos deixam algumas lições. Uma é que a greve é, até o nossos dias, o melhor método para enfrentar os capitalistas. A outra é que na luta sabendo de onde partimos precisamos saber onde queremos chegar, isso é o que nos permite escolher o caminho.

Fim da jornada 6×1. Redução da jornada para 30h semanais, já!

Vamos às próximas atalhas!

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