Kamala Harris, a outra face da dominação imperialista
A desistência de Biden, no dia 21 de julho, mudou a eleição nos Estado Unidos. Especulam-se vários nomes para assumir o posto de candidato do Partido Democrata. O mais provável é o de Kamala Harris, atual vice-presidente, embora outros nomes ainda sejam cotados e a escolha do candidato entre “em um terreno desconhecido”, segundo e ex-presidente Brack Obama, também do Partido Democrata. Mas a desistência deu um fôlego para a campanha democrata contra um Trump cada vez mais racista, misógino, LGBTfóbico, anti-imigrante e defensor dos bilionários capitalistas.
Não é à toa que já começaram os ataques da ultradireita contra Kamala por ela ser mulher, negra e filha de imigrantes. Estes ataques da ultradireita trumpista merecem todo o nosso repúdio. Mas também é preciso ser dito que apesar de tentar aparecer no discurso como defensora dos oprimidos, das liberdades democráticas e dos trabalhadores, Kamala representa a mesma velha política capitalista do imperialismo dos EUA. Por isso, mesmo sendo negra, Kamala apoia a política racista e genocida promovida por Israel contra o povo palestino, e a repressão contra os imigrantes realizada pelo atual governo do qual ela faz parte.
Kamala tem menos rejeição que Biden, mas também sofre com a falta de popularidade, inclusive, por ser vice-presidente, ou seja, ser parte de um governo que seguiu privilegiando os interesses dos monopólios multinacionais imperialistas que exploram os trabalhadores dos EUA e de mundo inteiro. Durante seu mandato de vice-presidente, ajudou a aprofundar a exploração dos trabalhadores no mundo, aumentando a opressão e desigualdade entre as nações pobres e as nações imperialistas.
O problema da candidatura Kamala não é que ela seja socialista como diz Trump. Pelo contrário, o problema é que ela representa a defesa de uma parte dos bilionários capitalistas e do imperialismo dos EUA, enquanto Trump representa outra ala também imperialista, burguesa e reacionária.
Esquerda reformista apoia candidatura imperialista
Parte da esquerda anunciou o apoio a Kamala contra Trump. Apesar de sua argumentação, ignoram que o programa de Kamala, seu partido e a sua candidatura expressam uma ala do imperialismo dos EUA. Por isso, Kamala não é uma alternativa dos trabalhadores. Não vai enfrentar a violência policial contra os negros nos EUA. Nem vai enfrentar a dominação dos monopólios capitalistas no seu país e no mundo. Na verdade, vai garantir esses interesses.
É evidente que Trump é um perigo e precisa ser derrotado. Mas ele ressurge com peso nessa eleição após quatro anos de mandato de Biden e Kamala. Ou seja, eleger os democratas não derrotou Trump ou o trumpismo. E agora voltam com peso também por responsabilidade dos próprios democratas, devido à experiência com o péssimo governo Biden e Kamala, que seguiu aplicando os planos dos bilionários capitalistas e atuando em defesa dos interesses da rapina e exploração dos monopólios imperialistas. É dessa sustentação do capitalismo que brota a ultradireita.
Trabalhadores e os oprimidos precisam de um partido próprio
Não vai ser a eleição de Kamala ou a vitória eleitoral dos democratas que vai derrotar Trump e exterminar a ultradireita. Como diz o Worker’s Voice, seção da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI) nos EUA e organização irmã do PSTU: “Nestas eleições, é possível registrar um voto de protesto para candidatos socialistas independentes, romper com os democratas e começar o trabalho árduo de construir uma alternativa da classe operária digna desse nome.
Os trabalhadores e os oprimidos precisam de um partido próprio. Este partido deve se basear em uma ruptura nítida com os democratas, sem se adaptar ao mal menor. Tal partido lutaria pelos interesses dos oprimidos e explorados nas urnas e nas ruas. Em última análise, a verdadeira transformação social não virá por meios eleitorais, mas pela mobilização independente e pela organização da classe operária e seus aliados”.