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Jovem negro que vendia balas é assassinado por PM em Niterói

Redação

14 de fevereiro de 2022
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Mais um episódio de barbárie e racismo no estado do Rio de Janeiro. O jovem Yago Santos, de apenas 21 anos, foi morto por um tiro à queima-roupa disparado por um Policial Militar em frente à estação das barcas, no centro de Niterói, na tarde desta segunda-feira, 14.

Segundo testemunhas, Yago vendia balas quando travou uma discussão com o PM Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, que sacou a arma e efetuou um disparo. O policial estava de folga e faria a segurança de um shopping nas proximidades. A Polícia Militar divulgou uma nota breve em que, como de costume, culpa a própria vítima, afirmando que o policial reagia a uma tentativa de roubo.

A família contesta a versão da PM e relata que Yago buscava emprego enquanto trabalhava vendendo doces na rua. Com uma filha prestes a completar dois anos, tentava inteirar o dinheiro para a festa de aniversário que organizava junto com sua esposa. “Ele saía todo dia 5 horas da manhã para fazer o aniversário da filha. Era o sonho dele dar essa festa para a filha“, afirmou seu primo ao G1.

Após o episódio, Yago ainda teve o socorro negado pela polícia, sendo levado já sem vida para o hospital.  Revoltada, a família e amigos protestaram contra o assassinato, e foram reprimidos pela Guarda Municipal de Niterói com spray de pimenta, atingindo até crianças de colo que estavam no local.

Longe de ser um caso isolado

O brutal assassinato de Yago é mais uma prova de como a população negra, sobretudo os jovens negros, são criminalizados e considerados, a priori, bandidos e inimigos a serem presos e abatidos pelas forças de segurança. Coincidentemente, Yago é o mesmo nome do jovem Yago Corrêa, preso pela polícia no Jacarezinho no início deste mês ao sair para comprar pão numa padaria da comunidade, acusado de “associação ao tráfico”. Se o nome é coincidência, a modus operandi da polícia racista não é.

Uma operação da Polícia Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, deixou oito mortos. Nenhum mandado de prisão foi cumprido, enquanto 17 escolas e hospitais tiveram de ser fechados por conta da operação.

Por fim, o assassinato de Yago lembra a também brutal morte do jovem congolês Moïse Kabagambe, assassinado a pauladas no final do mês passado no Rio de Janeiro, enquanto cobrava quatro dias de serviço não pago. Moïse, assim como Yago, era um jovem negro trabalhador assassinado numa região dominada por milícias, enquanto lutava pela sobrevivência.

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