Gratuidade na passagem é conquista dos marianenses, mas é preciso lutar por mais
No dia 1º de fevereiro começou em Mariana o “Tarifa Zero”, um programa teste proposto pela prefeitura de gratuidade do transporte público municipal. Isso é um passo importante no direito à cidade, uma luta que ganhou força em Junho de 2013, situação em que ocorreram uma das maiores manifestações da longa história de nossa cidade. Desde então, muita indignação ocupou os pontos de ônibus da sede e dos distritos contra os absurdos da Transcotta e das gestões submissas e cegas às necessidades do povo trabalhador marianense. Por esse histórico que todos e todas devem abrir os olhos e entender o que está acontecendo.
Juliano Duarte é um populista que está se aproveitando dos seus últimos minutos como interino, criando uma canja política para encarar as eleições extemporâneas, e também a justiça eleitoral, para poder ser um irmão a suceder o outro na prefeitura. E sabendo disso, tenta ganhar apoio eleitoral realizando essa demanda popular.
Além disso, é possível ver ações da prefeitura em outras diversas áreas. De onde vem esse dinheiro? Da arrecadação recorde municipal, alimentada pela Vale, Samarco e Renova. Uma minúscula parte da exploração do povo e do minério dessas empresas, e também o dinheiro de lama da Renova, vão para a prefeitura, mas é o bastante para encher os cofres e comprar a submissão de quem senta na cadeira de prefeito.
O “Tarifa Zero” é ainda um projeto limitado e temporário. Por que? Limitado porque ele é um projeto de financiamento da Transcotta, empresa que seus donos vêm explorando o povo marianense há anos! De acordo com o oficialmente anunciado, serão R$ 862 mil de subsídios mensais. Nos 6 meses de testes, serão exatamente R$ 5,175 milhões de impostos para o bolso dos Cotta para manter 11 linhas e 16 ônibus. O projeto não contempla nem mesmo todos os distritos rurais do município. E, além de todo esse dinheiro, tentam ganhar algo maior: o silêncio da população nos ônibus lotados que andam por aí, durante uma pandemia.
O que devemos defender e avançar agora é uma mera obviedade: o transporte público deveria ser público. Esses milhões poderiam ser investidos na criação de uma empresa municipal de transportes. Com uma gestão popular e sem bancar o lucro da Transcotta, poderíamos ir muito além desse projeto da Prefeitura. Contemplar mais rotas, com mais transporte, abarcando também as rotas intermunicipais, como a situação de Antônio Pereira.
Com o prazo de seis meses, temos que começar a nos armar a partir desse início para garantir de maneira permanente a gratuidade do acesso ao transporte coletivo e a cidade. E não só aqui. Precisamos auxiliar na luta de outras cidades, começando pela nossa região, a conquistar a gratuidade na passagem de ônibus.
E que, junto com isso, levantemos a bandeira do “Fora Transcotta”, não queremos mais essa empresa que presta um péssimo serviço apesar dos esforços heróicos de seus trabalhadores. Queremos um transporte do município, que possa fazer com que o trabalhador da Cidade Alta possa visitar seus parentes no Alto Rosário, ou no distrito de Vargem, e conhecer as panelas de pedra de Cachoeira do Brumado, porque agora ele e sua comunidade tem um novo direito. Mas que em vez de se ocupar em lucrar cada vez mais, tenhamos uma empresa prestadora que se ocupe em dar qualidade, segurança e disponibilidade para quem trabalha. E isso só será possível se esse mesmo trabalhador, que demos o exemplo acima, também poder fiscalizar e decidir o que é melhor para a cidade.