Genocídio em Gaza, o início do fim do projeto sionista
Israel tenta afogar o povo palestino em sangue, mas mergulha fundo rumo ao próprio colapso. O genocídio na faixa de Gaza e a limpeza étnica acelerada na Cisjordânia já duram quase 320 dias. As atrocidades cometidas pelas forças de ocupação sionistas são inomináveis. Há alguns meses o historiador israelense Ilan Pappé prenunciava que este era o início do fim do projeto colonial – justamente quando o regime se torna ainda mais brutal. Sua perspectiva histórica se mostra a cada dia mais acertada, lamentavelmente à custa de muito sacrifício por parte do povo palestino.
“O ataque genocida de Israel na Faixa de Gaza matou mais de 40 mil palestinos, mais de 15 mil crianças e pode muito bem ter condenado adicionalmente mais de 146 mil palestinos a morrerem nos próximos meses de complicações de saúde devido a ferimentos, fome e doenças. A guerra arruinou as vidas de 2,3 milhões de pessoas na Faixa de Gaza e de milhares na Cisjordânia ocupada. As estimativas da ONU são de que 70% das casas foram destruídas e que os escombros levarão 15 anos para serem removidos. No entanto, há pouca dúvida de que os sobreviventes palestinos do genocídio, embora traumatizados, empobrecidos e lamentando a perda de seus familiares e amigos, acabarão se reconstruindo e se recuperando, não importa o tempo que leve. A destruição física causada pela guerra em Israel é mínima em comparação, e ainda assim uma coisa foi destruída: o futuro do país.” Por país, leia-se enclave militar do imperialismo dos Estados Unidos; leia-se projeto colonial sionista.
O prognóstico é do economista político Shir Hever, em artigo publicado no Mondoweiss no dia 19 de julho último. As estimativas da carnificina em Gaza não param de ser atualizadas, com mais e mais palestinos mortos a cada dia de novo massacre – a escolas, hospitais, tendas, tudo o que se move. Assim como é atualizado a cada dia na nova fase da Nakba – a catástrofe palestina que já dura mais de 76 anos – o número de assassinados por Israel na Cisjordânia, que superam 600, somente nos últimos 320 dias.
Colapso econômico
Mas a prospecção feita por Hever, coordenador da campanha de embargo militar a Israel junto ao movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), não poderia se revelar mais certeira. Ele fala em “catástrofe econômica” de Israel – que caminha a passos largos para se tornar o Estado pária que merece.
“Mais de 46 mil empresas faliram, o turismo parou, a classificação de crédito de Israel foi rebaixada, os títulos israelenses são vendidos a preços quase de junk bonds [de baixa credibilidade e maior risco de inadimplência], e os investimentos estrangeiros, que já haviam caído 60% no primeiro trimestre de 2023 […] não mostram perspectivas de recuperação”, detalha em seu artigo. Ainda de acordo com o autor, a maior parte do dinheiro investido em fundos israelenses foi desviada para o exterior “porque os israelenses não querem que seus próprios fundos de pensão e fundos de seguro ou suas próprias economias sejam vinculados ao destino do Estado de Israel”. Se, por um lado, isso representou estabilidade no mercado de ações sionista, por outro, complementa, “a Intel afundou um plano de investimento de US$ 25 bilhões em Israel, a maior vitória do BDS de todos os tempos”. As empresas internacionais de tecnologia, diz, já começaram a fechar suas filiais no Estado sionista.
Livre do rio ao mar
Indicativo desse colapso é dado pelo correspondente do portal Monitor do Oriente, Motasem Al Dalloul. Em artigo, ele fala em 600 mil israelenses que deixaram o Estado sionista e outras centenas de milhares que estariam se preparando para fazer o mesmo. Analistas trazem números distintos quanto a essa saída, mas é fato que crescem a proporção sem precedentes, ao ritmo do aprofundamento da crise interna e do isolamento internacional do Estado genocida – que leva mesmo historiadores e mídia sionistas a questionarem se Israel sobreviverá para comemorar seus 100 anos.
Um projeto colonial como esse se demonstra insustentável. Colocar-se do lado certo da história é mais urgente do que nunca, para abreviar um destino inevitável: a Palestina livre do rio ao mar.
Chega de cumplicidade
Brasil, rompa relações com Israel
Nesse sentido é que o movimento de solidariedade ao povo palestino tem fortalecido a pressão sobre o governo Lula. A mobilização por embargo militar garantiu a vitória parcial de suspensão da compra de 36 blindados obuseiros da empresa israelense Elbit Systems ao custo de R$ 1 bilhão (dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC).
Agora a tarefa é impedir que se concretize a manobra resultante de negociação com os israelenses do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, de que a produção se daria na subsidiária da Elbit em Porto Alegre, a AEL Sistemas.
O BDS Brasil denuncia a manobra: “Com isso, o Brasil financia diretamente o genocídio palestino, fomenta a extensão da indústria militar genocida israelense em território brasileiro, viola todas as obrigações internacionais e a própria Constituição.” A mobilização continua e conclama: “Nenhum real para o genocídio! Embargo militar já!” Rumo à ruptura de todas as relações com o Estado de Israel.