Gaza resiste, saúda levante estudantil e conclama por Intifada nas universidades
“Nós, os estudantes de Gaza, saudamos os estudantes da Universidade de Columbia, da Universidade de Yale, da Universidade de Nova York, da Universidade Rutgers, da Universidade de Michigan e de dezenas de outras universidades nos Estados Unidos, que se estão se levantando em solidariedade com Gaza, para colocar um fim ao genocídio sionista-americano contra o nosso povo.”
Assim, 13 organizações estudantis da estreita faixa de Gaza saudaram, em um comunicado, na semana passada, o levante universitário que ganhou força e expressão nos EUA, resultando em acampamentos da juventude em cerca de 40 instituições, cuja repressão tem aprofundado a crise do imperialismo.
A mobilização, que tem inspirado ações na mesma direção em países europeus (como França e, agora, também no Reino Unido), além da Austrália e do Canadá, trouxe nova esperança ao povo palestino de Gaza, cuja metade de seus 2,4 milhões habitantes tem menos de 18 anos.
“Obrigado, estudantes!”
“Enquanto permanecemos sob as bombas da ocupação, resistindo ao genocídio nazi, lamentando os nossos colegas e professores martirizados, e testemunhando a destruição das nossas universidades, saudamos os exemplos de solidariedade oferecidos por estudantes que estão enfrentando prisões, violência policial, suspensões, despejos e expulsões”, enfatizaram os estudantes em sua declaração, acrescentando a importância desse processo, em especial no “coração do Império”. Assim, reforçaram: “A partir daqui, de Gaza, nós vemos vocês e os saudamos.”
Ao sétimo mês do genocídio, com mais de 40 mil palestinos mortos pelas bombas e balas do Estado terrorista de Israel – cerca de 70% mulheres e crianças –, 103 escolas e universidades de Gaza foram destruídas, segundo informações oficiais da Palestina ocupada.
O levante estudantil que se espraia é visto como algo que carrega os ventos da mudança, em meio a tanto morticínio e, também, é lembrado em protestos nos países árabes, que desafiam seus tiranos e a normalização com o Estado genocida de Israel.
Comemoração
Crianças, as maiores vítimas do genocídio sionista, vibram com acampamentos
Palestinos de Gaza também encontraram uma outra maneira de dar visibilidade a este sentimento em meio aos deslocamentos e escombros. Obrigados a viver em acampamentos, expulsos de seus bairros, campos de refugiados e locais, empurrados cada vez mais para Rafat, no sul de Gaza, muitos escreveram em suas tendas: “Obrigado, estudantes!”, “De Rafat, enviamos-lhes força!” ou, ainda, “As crianças de Gaza estão orgulhosas de vocês!”
A Universidade de Columbia, onde iniciou o levante dos estudantes (leia ao lado), foi lembrada nas tintas sobre as tendas palestinas, assim como em cartazes e folhas apresentadas em vídeos nas redes sociais por crianças de Gaza – as maiores vítimas do genocídio, com aproximadamente 20 mil martirizados, milhares de órfãos e amputados (sem anestesia, já que todo o sistema de saúde está em nível catastrófico, diante da destruição sionista).
“Nunca voltem atrás!”
Deslocada mais de oito vezes desde o início do genocídio em Gaza, a jornalista Bisan Owda, de 25 anos, gravou um vídeo, expressando a firmeza e persistência de seu time de heróis palestinos.
“Vivi toda a minha vida na Faixa de Gaza e nunca senti tanta esperança como agora. Pela primeira vez nas nossas vidas, como palestinos, ouvimos uma voz mais alta do que as suas vozes [da ocupação] e o som das suas bombas… São as crianças e os jovens que lideram o movimento agora, por uma Palestina livre, colocando tudo o que têm em risco para exigir justiça, o fim do genocídio e uma nova era no mundo.”, disse Bisan.
No vídeo, ela diz que começa a sonhar com o encontro de seu povo, fragmentado há 76 anos, de Gaza a Haifa e Akka, duas das cidades palestinas ocupadas em 1948. Testemunha da nova fase da Nakba – a catástrofe palestina, cuja pedra fundamental é a formação do Estado racista e colonial de Israel, em 15 de maio daquele ano – a jovem Bisan continua: “Estudantes, o mundo inteiro está assistindo. E vocês inspiram a todos nós. Não parem! Nunca voltem atrás!”
Palestina livre!
Que os ventos da resistência e rebeldia palestinas varram o mundo
Vindo de um povo cuja resistência heroica e histórica é inspiração para oprimidos e explorados em todo o mundo, não poderia haver maior incentivo para aquilo que os palestinos conclamam: uma Intifada [levante popular] estudantil.
Eles dão o exemplo: na Universidade de Birzeit, na Cisjordânia ocupada – em que a limpeza étnica sionista avançou ainda mais nestes sete meses, com centenas de mortos, milhares de feridos e presos políticos, ataques violentos contra aldeias por parte de colonos sionistas –, expulsaram o embaixador alemão Oliver Owcza do campus, atirando sapatos contra ele.
Contra a “palestinização do mundo”, a resposta é a resistência. Essa é uma das principais ideias defendidas pelo cineasta Elia Suleiman, com o filme “O paraíso deve ser aqui” (2019). Em suas palavras, vivemos, mundo afora, “a tensão aumentando em todos os lugares”, em meio a uma economia global mais extrema e brutal em sua opressão e exploração.
Diante disso, é que continuamos lutando para que que seus ventos alcancem com força a juventude e a classe trabalhadora, desde os EUA ao Brasil. O governo Lula dever romper imediatamente relações políticas, diplomáticas e econômicas com o Estado de Israel! Pelo fim da cumplicidade com o genocídio. Rumo à Palestina livre, do rio ao mar!