Mulheres

Enfermeira denuncia crime sexual e é demitida sumariamente em São Bernardo

Dra. Eliana Ferreira, advogada sindical, dos movimentos sociais e pré-candidata a vereadora em São Bernardo

13 de abril de 2024
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Protesto na ultima quinta-feira (11) em frente à Policlínica do Alvarenga, organizado por organizações de mulheres no ABC. Foto: Redes Sociais

O fato é revoltante e a falta de punição ao agressor sexual é maior ainda. Esse é o caso do médico ginecologista, Rogério Pedreiro, de 60 anos, que foi denunciado por mais uma vítima e colega de trabalho, por importunação sexual. Segundo relatos, a enfermeira terceirizada demitida foi abordada pelo médico por trás, enquanto estava na sala de ultrassom, tocou seus seios por dentro da roupa e beijou seu pescoço.

A enfermeira, mesmo com medo das consequências, e já ciente de outros crimes do médico sem apuração ou punição, tomou coragem e denunciou esse crime revoltante aos seus superiores, mas teve como resposta sua demissão sumária. Enquanto o agressor sexual seguiu trabalhando normalmente na unidade da Policlínica do Alvarenga. E depois de denúncias e protestos, o caso ainda aguarda investigação policial.

Médico Rogério Pedreiro Foto Reprodução

Sem justiça e punição, crimes sexuais contra as mulheres aumentam

Quando uma vítima de importunação, assédio sexual ou estupro é rigorosamente punida, com a demissão sumária ao denunciar seu agressor, essa é uma das senhas e atestado que o crime compensa, ainda mais sobre os corpos femininos, estimulando agressores a seguir assediando e estimulando o machismo e o feminicídio. E que há profissionais intocáveis, mesmo cometendo crimes sexuais em série, como é o caso desse pseudo-médico.

Em abril de 2019, Rogério Pedreiro acabou preso novamente na Zona Sul, depois de estar foragido há quase dois meses. A Polícia Civil diz que investiga dois casos de importunação sexual registrados contra o médico nos últimos dias 4 e 22 de março, na mesma unidade. E mesmo com esse histórico e ficha criminal extensa, ele continuou trabalhando normalmente, até sua última vítima denunciá-lo de mais esse crime absurdo!

Corporativismo protege o agressor sexual e estimula mais crimes

Rogério tem um longo histórico de crimes sexuais. Já foi preso por duas vezes, em 2012 e 2019, acusado de abusar de pacientes. O pseudo-ginecologista, foi preso em 2012, por acusação de abuso sexual de mãe e filha, durante atendimento em seu consultório na Zona Sul. Além dessas duas vítimas da capital e duas no ABC, ele já foi acusado e indiciado por molestar sexualmente de mais seis mulheres.

Enquanto isso, a omissão do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) é notável e revoltante. O Cremesp não se pronunciou em todos esses crimes ou levou à frente investigações internas contra o médico, mantendo ativo seu registro profissional. Algo que, na prática, reforça a impunidade desses crimes e protegem os agressores sexuais, mesmo aqueles publicamente acusados de vários crimes contra as suas pacientes e colegas de trabalho.

Orlando Morando não tomou nenhuma providência

A Policlínica é de responsabilidade da administração pública municipal, que até agora não se manifestou sobre esse crime. Tampouco reviu a demissão da vítima que denunciou essa situação absurda.

O governo de Orlando Morando (PSDB) vem demonstrando total descaso à vida das profissionais de saúde em nossa cidade. Uma leniência permanente na resposta e defesa da população e servidores públicos em situações como essa.

Outra questão a ser considerada é o nível de terceirização do serviço público na cidade, particularmente na saúde, além de precarizar o serviço público ao favorecer seus aliados no loteamento de setores inteiros terceirizados, fragiliza tanto os atendimentos, como subordina as relações de trabalho a agentes externos da administração publica.

Contra esses absurdos e diversos crimes contra as mulheres e pacientes, exigimos:

  • Readmissão imediata da vítima e denunciante! Estabilidade no emprego a todos os trabalhadores terceirizados!
  • Demissão e punição rigorosa do agressor sexual! Apuração imediata de todas as denúncias!
  • Fim da terceirização do serviço público! Incorporação dos trabalhadores terceirizados!
  • Abertura imediata de concurso público!
  • Pela instalação de Comissão de Apuração e Fiscalização, com a participação do Movimento de Mulheres e representantes públicos para apuração e acompanhamento do caso e das condições de trabalho!