Enel deixa São Paulo no escuro mais uma vez. Reestatização, já!
Mais de 1,3 milhão de paulistanos estão sem energia há mais de 24 horas
Enquanto Nunes (MDB), Tarcísio (Republicanos) e Lula (PT) ficam em um jogo de empurra-empurra sobre as responsabilidades, a população sofre sem luz, com as comidas estragando nas geladeiras e, pra completar, com falta d’água em vários bairros.
A culpa não é da natureza. Um exemplo que demonstra muito bem isso e que seria cômico, se não fosse completamente trágico, é que após enfrentar um furacão, a Florida, nos EUA, tinha na noite de ontem (12/10), menos imóveis sem energia que São Paulo.
Esse não é o primeiro apagão que a empresa italiana não consegue evitar, ou ao menos controlar. No apagão de novembro do ano passado, ficou demonstrando que, depois de comprar a antiga Eletropaulo em 2018, a multinacional italiana havia dobrado seu lucro e, ao mesmo tempo, reduzido em 35% o número de funcionários que prestam serviço para a população. Só em 2022, a Enel havia distribuído R$ 1,4 bilhão de lucro para para seus acionistas (principalmente para o governo italiano e rentistas dos EUA e Europa). A empresa não está mal das finanças. Ao contrário, está lucrando muito, enquanto o povo de São Paulo sofre com a comida estragando na geladeira pela falta de energia.
Para Tarcísio e Nunes tudo está à venda
O governador Tarcísio e o prefeito Ricardo Nunes, aparecem agora com a maior cara lavada dizendo que a culpa é só da Enel. Uma grande mentira. Além de responsabilidade com poda de árvores e aterramento de fios, Nunes e Tarcísio são promovedores de um estado privatizado, que está na raiz desse caos.
Recentemente Tarcísio vendeu a companhia de saneamento de São Paulo para o grupo Equatorial, uma empresa que também presta serviço de fornecimento de energia e deixou vários estados em apagões. Nunes é seu aliado nesse projeto e ajudou com a privatização da Sabesp na capital.
O problema não é que existem empresas privadas boas e outras ruins. E que a Enel seria uma má cumpridora do contrato de concessão. O problema de fundo é que a privatização entrega, na mão de empresas privadas (muitas vezes estrangeiras, como no caso da Enel), serviços essenciais, como a distribuição de energia e de água. Essas empresas estão preocupadas em dar lucros, não em atender a população com qualidade.
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Governo Lula também é responsável
A privatização da Eletrobrás, feita pelo governo Bolsonaro e mantida pelo governo Lula, entregou a produção de energia elétrica no país nas mãos dos mesmos parasitas do mercado financeiro que quebraram as Lojas Americanas. O apagão que atingiu 25 estados brasileiros após a venda da Eletrobrás é reflexo da privatização e do sucateamento do sistema elétrico nacional a serviço desses “investidores” privados.
Além disso, o controle e fiscalização da distribuição de energia nos estados é de responsabilidade do governo federal, através da Aneel. A reestatização da Enel passaria, inevitavelmente, por ele.
Lula tem responsabilidade. Precisa garantir mais do que o cancelamento do contrato e sua entrega a outra empresa privada. Depois de causar tantos prejuízos, a Enel precisa ser reestatizada sem indenização.
Boulos precisa se pronunciar pela reestatização
Guilherme Boulos (PSOL) precisa exigir a reestatização sem indenização da Enel. Diante desse desastre, a grande medida de Boulos foi entrar com uma denuncia no Ministério Público, exigindo que apurem os responsáveis. Isso é muito pouco. Nesse tema, Boulos está à direita inclusive de Nunes, que diz hipocritamente que vai varrer a Enel de São Paulo.
Assim como se posicionou contra cancelar os contratos e estatizar todo o sistema de educação e saúde de São Paulo, Boulos agora, não faz o básico, que é exigir que a Enel deixe de prestar o serviço de energia do estado.
Por esse tipo de posicionamento o PSTU, apesar de votar criticamente em Boulos, chama os trabalhadores a estar organizado de forma independente contra um possível governo seu.
Reestatizar toda produção e distribuição de energia no país
Não dá pra deixar um serviço tão essencial quanto a produção e distribuição de energia nas mãos de parasitas do mercado financeiro e de empresas estrangeiras.
É preciso reestatizar a Eletrobrás e a Enel imediatamente. É mentira que a administração privada é mais eficiente que a administração pública. Quem deve administrar esses serviços essenciais são os trabalhadores e a população que usam os serviços.
As tarifas exorbitantes que são cobradas podem, dessa forma, ser reduzidas e os lucros das empresas poderiam ser usados para a melhoria dos serviços, ao invés de só servirem para encher o bolso de meia dúzia de bilionários.