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Enel deixa São Paulo no escuro mais uma vez. Reestatização, já!

Mais de 1,3 milhão de paulistanos estão sem energia há mais de 24 horas

Deyvis Barros, de São Paulo (SP)

13 de outubro de 2024
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Esse não é o primeiro apagão que a Enel não consegue evitar, ou ao menos controlar | Foto: Reprodução Redes Sociais

Enquanto Nunes (MDB), Tarcísio (Republicanos) e Lula (PT) ficam em um jogo de empurra-empurra sobre as responsabilidades, a população sofre sem luz, com as comidas estragando nas geladeiras e, pra completar, com falta d’água em vários bairros.

A culpa não é da natureza. Um exemplo que demonstra muito bem isso e que seria cômico, se não fosse completamente trágico, é que após enfrentar um furacão, a Florida, nos EUA, tinha na noite de ontem (12/10), menos imóveis sem energia que São Paulo.

Esse não é o primeiro apagão que a empresa italiana não consegue evitar, ou ao menos controlar. No apagão de novembro do ano passado, ficou demonstrando que, depois de comprar a antiga Eletropaulo em 2018, a multinacional italiana havia dobrado seu lucro e, ao mesmo tempo, reduzido em 35% o número de funcionários que prestam serviço para a população. Só em 2022, a Enel havia distribuído R$ 1,4 bilhão de lucro para para seus acionistas (principalmente para o governo italiano e rentistas dos EUA e Europa). A empresa não está mal das finanças. Ao contrário, está lucrando muito, enquanto o povo de São Paulo sofre com a comida estragando na geladeira pela falta de energia.

Para Tarcísio e Nunes tudo está à venda

O governador Tarcísio e o prefeito Ricardo Nunes, aparecem agora com a maior cara lavada dizendo que a culpa é só da Enel. Uma grande mentira. Além de responsabilidade com poda de árvores e aterramento de fios, Nunes e Tarcísio são promovedores de um estado privatizado, que está na raiz desse caos.

Recentemente Tarcísio vendeu a companhia de saneamento de São Paulo para o grupo Equatorial, uma empresa que também presta serviço de fornecimento de energia e deixou vários estados em apagões. Nunes é seu aliado nesse projeto e ajudou com a privatização da Sabesp na capital.

O problema não é que existem empresas privadas boas e outras ruins. E que a Enel seria uma má cumpridora do contrato de concessão. O problema de fundo é que a privatização entrega, na mão de empresas privadas (muitas vezes estrangeiras, como no caso da Enel), serviços essenciais, como a distribuição de energia e de água. Essas empresas estão preocupadas em dar lucros, não em atender a população com qualidade.

Governo Lula também é responsável

A privatização da Eletrobrás, feita pelo governo Bolsonaro e mantida pelo governo Lula, entregou a produção de energia elétrica no país nas mãos dos mesmos parasitas do mercado financeiro que quebraram as Lojas Americanas. O apagão que atingiu 25 estados brasileiros após a venda da Eletrobrás é reflexo da privatização e do sucateamento do sistema elétrico nacional a serviço desses “investidores” privados.

Além disso, o controle e fiscalização da distribuição de energia nos estados é de responsabilidade do governo federal, através da Aneel. A reestatização da Enel passaria, inevitavelmente, por ele.

Lula tem responsabilidade. Precisa garantir mais do que o cancelamento do contrato e sua entrega a outra empresa privada. Depois de causar tantos prejuízos, a Enel precisa ser reestatizada sem indenização.

Boulos precisa se pronunciar pela reestatização

Guilherme Boulos (PSOL) precisa exigir a reestatização sem indenização da Enel. Diante desse desastre, a grande medida de Boulos foi entrar com uma denuncia no Ministério Público, exigindo que apurem os responsáveis. Isso é muito pouco. Nesse tema, Boulos está à direita inclusive de Nunes, que diz hipocritamente que vai varrer a Enel de São Paulo.

Assim como se posicionou contra cancelar os contratos e estatizar todo o sistema de educação e saúde de São Paulo, Boulos agora, não faz o básico, que é exigir que a Enel deixe de prestar o serviço de energia do estado.

Por esse tipo de posicionamento o PSTU, apesar de votar criticamente em Boulos, chama os trabalhadores a estar organizado de forma independente contra um possível governo seu.

Reestatizar toda produção e distribuição de energia no país

Não dá pra deixar um serviço tão essencial quanto a produção e distribuição de energia nas mãos de parasitas do mercado financeiro e de empresas estrangeiras.

É preciso reestatizar a Eletrobrás e a Enel imediatamente. É mentira que a administração privada é mais eficiente que a administração pública. Quem deve administrar esses serviços essenciais são os trabalhadores e a população que usam os serviços.

As tarifas exorbitantes que são cobradas podem, dessa forma, ser reduzidas e os lucros das empresas poderiam ser usados para a melhoria dos serviços, ao invés de só servirem para encher o bolso de meia dúzia de bilionários.

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