Em Gaza todos os dias perdemos uma “Brumadinho”
A infeliz coincidência entre esses crimes demonstra a violência de nossos tempos, o cinismo dos governos e a sua conivência
No último dia 25 de janeiro, completaram-se cinco anos dos crimes da Vale em Brumadinho. Nada a celebrar. A não ser constatar que, no alto do primeiro quarto do século 21, o capital, em decadência e decomposição, promove os crimes mais brutais contra a humanidade. A “desumanização” dos palestinos em Gaza, a naturalização da morte, não são fenômenos novos. A barbárie está associada ao capitalismo, desde sua gênese. Mas a velocidade da informação nos tempos atuais expõe, ao vivo, em nossas mãos, uma infinidade de vídeos, imagens, cenas chocantes…
Ao falarmos de Brumadinho, após cinco anos, vamos relembrar e destacar o que aconteceu naquela data:
– O assassinato de 272 pessoas pela Vale. Homens, mulheres, crianças. Operários e moradores em suas casas e terras. Famílias destruídas, sonhos e esperanças.
– A destruição do maior trecho do Rio Paraopebas, um dos maiores de Minas, inutilizado para pesca, irrigação e captação de água.
– Árvores, milhares de peixes, pássaros, todo um ecossistema foi destruído.
– A Vale se aproveita do terror das sirenes para expulsar milhares de famílias de suas terras e casas, em Barão de Cocais, Nova Lima, Ouro Preto, áreas ricas em minérios, ampliando suas reservas.
– Até hoje persistem as consequências, milhares de pessoas com depressão e outros transtornos mentais, a proliferação de casos de suicídios e a desintegração social com o alcoolismo.
Gaza e Brumadinho se conectam. Em Gaza perdemos um número de vítimas semelhantes às de Brumadinho todos os dias.
Desde Gaza, observamos ao genocídio televisionado, são:
– 26.000 mortes confirmadas (em 25/01/2024). Uma média de 226 mortes ao dia.
– Dessas, cerca de 12.000 crianças, 104 assassinadas todos os dias.
– 7.000 desaparecidos. Uma média de 60 por dia. Muitos provavelmente estão debaixo dos escombros. Ou sequestrados pelas tropas sionistas.
– Mais de 62.000 feridos. Uma média de 540 por dia. Boa parte sendo tratados sem medicamentos e equipamentos adequados. Amputações sem anestesia. (Um horror!!! Tudo é um horror!!!)
– 70% da população, um milhão e meio, deslocados de suas casas. Sem água potável, sem alimentação, sem banheiros, sem eletricidade.
– A maioria dos hospitais e unidades de saúde, a maioria das escolas, foram destruídos.
– Torturas, violações de mesquitas, igrejas, cemitérios.
A infeliz coincidência entre esses crimes demonstra a violência de nossos tempos, o cinismo dos governos e a sua conivência. No fundo, os interesses econômicos, de banqueiros e acionistas valem mais que as vidas dos trabalhadores, e da população, seja em Brumadinho ou em Gaza. A Vale se beneficiou de mais benefícios dos governos, e aumentou a distribuição dos lucros, ganhando mais territórios de exploração. Israel expõe seus objetivos colonialistas de expulsar e colonizar Gaza, se apoderando do território palestino, do gás do litoral, vão ficando evidentes.
Na Vale, passados cinco anos, nenhum executivo foi punido. Como é sabido, o crime da Vale em Brumadinho repete, em maior escala, a destruição promovida por essa mesma empresa, em 2015, em Mariana, atingindo a foz do Rio Doce, no litoral atlântico. Ao invés de serem punidos, os executivos curtem suas aposentadorias, como o ex-presidente Fábio Schvartzman, que mora na Suíça, protegido por um habeas corpus.
Em Haia, na sexta-feira, vimos o TIJ (Tribunal Internacional de Justiça), órgão da ONU, acatar algumas denúncias dos crimes contra a humanidade de Israel. É evidente que o Estado Sionista sofreu uma derrota e vai ficando cada vez mais isolado. Mas é evidente também a pressão imperialista a favor de Israel, talvez por isso, o TIJ não determinou o cessar fogo imediato.
De toda forma, paira a certeza da impunidade como acontece com os executivos da Vale, e de Netanyahu e sua quadrilha de ministros, protegidos pelo seu Estado.
A heróica resistência e resiliência Palestina ganha os corações dos povos oprimidos com ações de solidariedade. Milhões tomam as ruas em ações cada vez mais unificadas, obrigando seus governos a pressionar o Estado sionista. É aí que reside a solução para o povo Palestino.
Por aqui, os lastros econômicos e políticos do sionismo da Conib
Mas um cinismo sem precedentes.
Empresários, artistas (vejam Gilberto Gil), fecham os olhos para Gaza, e abrem os bolsos para a Conib. É preciso romper as relações diplomáticas e comerciais com os genocidas sionistas, cortar as fontes que alimentam a máquina de guerra de Israel. Não pode haver vacilações neste sentido.
Em Gaza perdemos todos os dias nossas crianças, nossas famílias, nossa humanidade. Choramos e lutamos por Brumadinho, por Gaza, pelos oprimidos do mundo.
Por isso, precisamos manter a memória em alerta na solidariedade entre os povos. Entre a classe trabalhadora mundial. Realizar mais dias mundiais de luta, como o 13 de janeiro. Assinando também o abaixo assinado exigindo a ruptura das relações diplomáticas e comerciais com o Estado Genocida de Israel.
Link do abaixo-assinado aqui.