Em Brasília, audiência pública na Câmara Federal debateu violência policial e desmilitarização da segurança pública
Zé Maria, presidente nacional do PSTU, integrou a mesa de debate. O evento foi convocado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL)
Na última quarta-feira (17/4), aconteceu em Brasília, na Comissão de Legislativa Participativa (CLP) da Câmara Federal, a audiência pública ‘Violação dos direitos humanos dos policiais, violência policial contra a população e a desmilitarização da segurança pública’. A audiência foi convocada pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) a pedido de José Maria de Almeida, o Zé Maria, presidente nacional do PSTU, conforme ressaltou a parlamentar na abertura do evento.
A mesa de debates, coordenada pela deputada Sâmia, foi composta pelo Zé Maria e por Vinícius Souza (capitão da Polícia Militar do Espírito Santo), Luiz Fernando Passinho da Silva (cabo da Polícia Militar do Pará), Orlando Zaccone D’elia Filho (policial civil), Fabrício Rosa (policial rodoviário federal), Ederson de Oliveira Rodrigues (soldado da Brigada Militar do Rio Grande do Sul), Priscila Akemi Beltrame (presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo) e Cláudio Aparecido da Silva (ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo).
“Essa discussão é muito importante e é parte de um esforço para que possamos colocar junto a sociedade esse debate. Esse é um passo importante e é preciso que se tenha desdobramentos”, pontou Zé Maria, em sua fala de abertura.
“Meu ponto de partida nesse debate, devido a minha localização junto às lutas da classe trabalhadora brasileira, é como nós enfrentamos a violência policial contra os setores mais desprotegidos da população, especialmente os setores mais pobres, os negros e negras, e também a violência da polícia contra as demandas e as lutas legítimas da classe trabalhadora”, o presidente do PSTU.
Zé Maria chamou a refletir sobre o sistema de segurança pública do país: “Temos que ir mais afundo nesse debatem buscar entender o sistema de funcionamento da segurança pública que foi construído, que para nós da população parece que só tem desastre, só tem erro. Mas ele foi construído exatamente para dar esse resultado que está dando. Porque ele foi construído para defender os interesses das elites dominantes que governam o país.
Assista, no vídeo abaixo, a fala de Zé Maria na íntegra:
Movimentos sociais
Representantes dos movimentos sociais também participaram da audiência. Israel Luz, militante do PSTU e integrante do Comitê Brasilândia Nossas Vidas Importam, da cidade de São Paulo, destacou dois casos que aconteceram na Brasilândia recentemente. O primeiro, é a prisão arbitrária e ilegal de dois jovens negros – Lucas e Samuel – confirmada pela justiça, que seguem presos desde o ano passado. O segundo, foi o assassinato do Matheus Menezes, que foi atacado pela polícia quando andava de moto com um amigo próximo a um baile funk.
Na audiência foi exibido um vídeo da Valdirene Menezes, mãe do Matheus. Emocionada, ela disse: “Meu filho era uma pessoa querido, muito amado, ele tinha sonhos, e sonhava alto para alcançar os objetivos dele. Quando cheguei ao local do assassinato, eu me deparei com o meu filho caído no chão. Ninguém me falou nada, mas depois me mostraram as imagens da câmera de uma adega e vi o tenente Gabriel Montoro Dantas se evadiu de um beco que tem na rua, onde mora os familiares do meu filho, indo até o meu filho, sem atitude de pedir para ele parar, sem dar defesa ao meu filho e lançou o fuzil no pescoço dele. Não teve blitz, não teve ordem de parada nenhuma. Foi pra cima e furou o pescoço do meu filho com o fuzil”.
E, completou: “Venho, através desse vídeo, fazer um apelo para não deixar o caso do meu filho cair no esquecimento e ser só mais um. Meu filho era inocente”.
Você pode assistir a audiência completa aqui.
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