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Eleições 2024: É necessário apresentar um projeto revolucionário e socialista para as cidades e o país 

Redação

11 de julho de 2024
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Foto Sérgio Koei

A polarização política vem crescendo no mundo como vimos nas recentes eleições francesas. Nesta eleição municipal no Brasil não será diferente. O debate político estará atravessado pela polarização Lula e Bolsonaro. Em um contexto aonde Lula governa o país com um projeto capitalista neoliberal social e de defesa da democracia dos ricos (cada vez menos democrática) e o bolsonarismo faz uma oposição de extrema direita com um projeto capitalista ultraliberal e autoritário.

Apesar de Lula dizer que prioriza o pobre no orçamento e toda sua retórica supostamente em defesa dos mais pobres, são os ricos e os banqueiros que têm prioridade no orçamento do governo, que vem atendendo aos bilionários capitalistas, como vimos com a liberação de R$ 300 bilhões para as grandes empresas (aquelas que faturam mais de R$ 300 milhões) do setor industrial; os R$20 bilhões em isenções no Programa Mover para garantir os lucros das montadoras; o Plano Safra de R$ 400 bilhões para engordar os cofres do agronegócio; e a reforma Tributária que não diminuiu um centavo dos impostos que os pobres pagam. Enquanto isso, aos trabalhadores é reajuste zero, cortes de benefícios sociais, corte de verbas e ataques, como vimos nas recentes greves da educação e do setor da área ambiental (leia páginas 4 e 5).  

Programas diferentes. Mesmo compromisso com os bilionários

Bolsonaro e Lula tem programas diferentes. A ultradireita defende um projeto de ditadura. Mas também há diferenças na política econômica. Lula defende um capitalismo social-liberal, um neoliberalismo com maior presença do Estado para investir ou induzir o crescimento econômico capitalista – utilizando mais gastos públicos para financiar grandes empresas e obras – ao mesmo tempo que propõe dar crédito para os mais pobres estudarem ou garantir os programas sociais que amparem a pobreza, como o Bolsa Família.

Esse projeto é um neoliberalismo menos radical que o de Bolsonaro. Mas igualmente implica em garantir que a enorme maioria do orçamento esteja comprometido com os bilionários capitalistas, metade dele remunerando a dívida pública e com benefícios fiscais. 

Já Bolsonaro e a ultradireita defendem um capitalismo ultraliberal, em que o Estado gaste ainda menos e se possível não gaste nada com serviços públicos, que os ricos paguem menos impostos e que as forças armadas sejam ainda mais armadas e reprimam ainda mais os pobres e, especialmente, as greves e lutas da classe trabalhador. 

Lula e Bolsonaro se apoiam em setores burgueses com enfoques distintos para implementar diferentes programas igualmente capitalistas. De tal maneira que essa polarização política do país não expressa uma divisão entre os interesses dos trabalhadores e os interesses dos bilionários capitalistas. Ao contrário, trata-se de uma polarização entre dois campos que representam setores diferentes da mesma classe capitalista, ainda que o de Lula busque ganhar os trabalhadores e o povo pobre para a ideia de que é possível um capitalismo bom.

De um lado, a ultradireita bolsonarista com uma parte dos bilionários capitalistas. Do outro, a Frente Ampla encabeçada pelo PT com outra parte dos bilionários capitalistas. Na composição das chapas e nos programas levantados nestas eleições municipais, podemos ver isto. 

Para colocar o pobre no orçamento é preciso enfrentar os bilionários

O problema do Brasil e das cidades não é falta de capitalismo, como diz a imprensa e a ultradireita. Na verdade, todos os problemas que vivemos são causados pelo capitalismo. Todos as mazelas sociais e desigualdade do país são fruto de décadas da implementação de diferentes políticas capitalistas. 

Para termos emprego para todos tem que ter redução da jornada de trabalho. Mais de 50% do país não tem saneamento básico o que poderia ser revertido com um plano de obras públicas. Contudo, ao invés disso, o governo Lula mantém e ajuda a financiar a privatização do saneamento iniciada por Bolsonaro. 

Não é possível ter uma reindustrialização do país, mudando a matriz energética, sem o enfrentamento com os bilionários capitalistas brasileiros e os setores imperialistas, sejam dos EUA, Europa ou China. O governo Lula segue aprofundando a dominação e submissão do Brasil aos interesses dos países ricos, aprofundando nossa dependência e decadência. 

O programa de conciliação do PT

Agora, nas eleições municipais, as candidaturas apoiadas por Lula e o PT não apresentam nenhuma medida para enfrentar de verdade os bilionários capitalistas. Não há nada sobre reestatização do sistema de transportes para ter tarifa zero, assim como, não tem nada sobre um plano de obras públicas e a criação de uma empresa pública de obras, para não seguir dando dinheiro às construtoras bilionárias. Não falam em acabar com a especulação imobiliária de bancos e construtoras, que mantém milhões de imóveis vazios e sem função social para especular com os preços. Também não encontraremos nada sobre o fim da privatização da saúde municipal, pois em várias cidades os hospitais municipais são controlados por entidade privadas.

Ultradireita violenta e preconceituosa

Os candidatos bolsonaristas, por sua vez, seguem com sua política autoritária golpista e defensora da ditadura. Querem proliferar as escolas militares que combina privatização e militarização da educação. Promovem a barbárie e violência racista, machista e LGBTIfóbica, destilando fakew news e defendendo os interesses dos setores mais reacionários da burguesia. 

O exemplo maior dessa polarização será São Paulo, aonde teremos Ricardo Nunes apoiado por Bolsonaro e Guilherme Boulos, apoiado por Lula.  Há várias cidades em que a setores da direita tentam apresentar uma suposta terceira via, em Belo Horizonte(MG) por exemplo há vários deste tipo, mas que na prática orbitam entre o bolsonarismo ou petismo. 

O caso do Rio de Janeiro precisa ser destrinchado. A candidatura de Eduardo Paes reúne desde o PT até setores bolsonaristas como Otoni de Paula. Uma coisa parecida se repete em São Luís com a candidatura de Duarte Jr. apoiado pelo PT de Lula e PL de Bolsonaro.

O que explica que o PT apoie várias candidaturas da direita tradicional como Eduardo Paes e permita aliança com partidos aliados de Bolsonaro em várias cidades? Isso é a demonstração do grau de adaptação do PT à ordem capitalista. É uma das provas de que o projeto do PT não representa uma alternativa aos trabalhadores. 

Voto útil pra quem?

Não há dúvida que a ultradireita representa um grande perigo para os trabalhadores. Deve ser derrotada categoricamente em todo mundo. Então é compreensível que muitos ativistas definam suas opções de campanha e de voto “útil”em base a quem pode ganhar eleitoralmente da ultradireita.  Este pensamento seria suficiente se, após ser derrotada eleitoralmente, a ultradireita sumisse do mundo. Seria fácil e ótimo se fosse assim, mas não é.  

Ao perder as eleições, a ultradireita segue existindo e segue fazendo política e tem possibilidade de ganhar ainda mais gente. Isso é assim porque a ultradireita se alimenta do próprio capitalismo em crise e degeneração que vivemos e da desilusão da classe trabalhadora com uma esquerda que governa contra os trabalhadores. É bom lembrar da Dilma que falou na campanha eleitoral em não cortar direitos trabalhistas nem que a vaca tossisse, mas logo no governo nomeou um banqueiro como ministro e cortou direitos trabalhistas. 

Hoje, devemos pensar qual política e alternativa é preciso fortalecer para derrotar a ultradireita não somente nas eleições, mas de uma vez por todas e, principalmente, para derrotar o sistema capitalista e mudar a vida de verdade. Ter como projeto gerir o sistema implica em reproduzir a direita. 

Apoie as pré-candidaturas do PSTU!

Fortaleça um projeto socialista para derrotar os bilionários capitalistas!

É preciso defender uma cidade para os trabalhadores e governada pelos trabalhadores, através dos Conselhos Populares para que a vida esteja acima do lucro, para acabar com as privatizações da água, da energia, da saúde, educação e transporte. Um projeto que defenda o meio ambiente, a vida além do trabalho e uma cidade, um país e um mundo onde a juventude e a classe trabalhadora tenham vez de verdade. Um projeto que não é eleitoreiro, sem rabo preso com patrão e sem medo de estar do lado certo da história. Por isso, o PSTU não esconde seu apoio incondicional ao povo Palestino e cobra do governo Lula a ruptura das relações com o Estado genocida de Israel.

Apoiar e ajudar na campanha das pré-candidaturas do PSTU nessas eleições municipais é parte de fortalecer a construção de uma alternativa dos trabalhadores. Para enfrentar e derrotar a extrema direita, o caminho não é fazer aliança com a burguesia e o centrão, e nem se atrelar e apoiar o governo Lula e seu projeto neoliberal social. É preciso candidaturas que sejam oposição de esquerda e socialista, para construirmos a mobilização social necessária para defender as nossas reivindicações

O PSTU está lançando pré-candidaturas que ao mesmo tempo são oposição de esquerda ao governo Lula e também se enfrentam contra a oposição de ultradireita bolsonarista, defendendo um programa que vá a raiz do problema que é o domínio dos bilionários capitalistas e contra esse sistema.

De mal menor em mal menor, os trabalhadores ficam na pior

Ao contrário do que diz a ultradireita, Lula e o PT não são socialistas. Diferente do que diz a imprensa, o problema do governo não é que devem governar mais para o centro ou que estão muito a esquerda. Os problemas do governo é que não enfrenta os bilionários capitalistas. E não fazem isso não por um problema de correlação de forças, mas sim pelo caráter do programa que implementa.

Ao se dizer de esquerda que defendem os trabalhadores, mas ao governar para a burguesia e os capitalistas, o mais provável é terminar em desmoralização, dando espaço e gerando a possibilidade de um fortalecimento da ultradireita. 

Apoiar alguma candidatura da Frente Ampla com a burguesia, encabeçada pelo PT, ainda que seja contra o bolsonarismo e a ultradireita, não ajuda as reivindicações dos trabalhadores e nem ajuda a derrotar a ultradireita de verdade. De mal menor em mal menor, os trabalhadores ficam na pior, com os bilionários capitalistas ganhando sempre.

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