Educação estadual do Rio inicia sua greve após fake news de Cláudio Castro
Que o governador Cláudio Castro é um inimigo da classe trabalhadora e do povo pobre e negro da periferia não é uma novidade para ninguém. Sob as suas ordens, a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem exterminado a juventude negra da periferia. Utilizou o dinheiro da privatização da CEDAE para financiar a sua campanha, abrindo os cofres para obras eleitoreiras que, ao passar as eleições, estão inacabadas e abandonadas.
Os professores amargam anos sem reajuste salarial, muitos recebem valor próximo do salário mínimo. Para funcionários, a situação é ainda pior, alguns chegam a ganhar abaixo do salário mínimo. Ao mesmo tempo, o governador aumentou seu próprio salário em 62%.
A categoria luta há anos pela implementação do piso nacional que existe desde 2008. E foi surpreendida com um anúncio de Cláudio Castro de que todos(as) os(as) professores(as) passariam a receber o piso nacional a partir do mês de maio, mas tudo não passou de mais uma fake news.
Cláudio Castro não só não irá pagar o piso, como também ataca brutalmente o plano de carreira dos(as) professores(as). O governador sequer apresenta proposta de aumento salarial para os funcionários. Mentir para a categoria não é algo novo, Cláudio Castro fechou um acordo em 2022 e depois não cumpriu.
Indignada com esse brutal ataque, a categoria da educação, que, além da péssima remuneração, trabalha em escolas sem qualquer estrutura, não viu outra alternativa a não ser deflagrar a greve. Precisamos ganhar as escolas e as ruas e mostrar para Cláudio Castro que não iremos nos curvar.
Lula, revogue o Novo Ensino Médio (NEM) e a BNCC, já!
A greve da rede estadual do Rio também é expressão da luta nacional contra o NEM e a BNCC. O NEM e a BNCC são ataques sem precedentes à educação pública do país. Piora qualitativamente o ensino público que é ofertado aos filhos da classe trabalhadora. Mesmo assim, o governo Lula, ao ser cobrado sobre essas políticas, já respondeu que não irá revogar o NEM nem a BNCC, o máximo que fizeram foi suspender por 60 dias para “melhorar” a proposta. Não é possível melhorar algo que, na sua essência, é ruim.
Diante do que foi o governo Bolsonaro, um governo de ultradireita, racista, machista, LGBTIfóbico, que elegeu os professores como seus inimigos, é compreensível as expectativas da categoria no governo Lula. No entanto, a frente amplíssima, que incluiu as siglas que representam os grandes empresários e banqueiros, alguns que até ontem eram base do governo Bolsonaro, e os partidos de esquerda de maneira direta como PSOL e PCdoB, ou de forma mais mediada, como é o caso de PCB e UP, é um indicativo de a quem esse governo irá servir.
A manutenção da reforma da previdência e trabalhista confirma de que lado o Lula está, infelizmente. Por isso, a nossa greve dever ser pelo piso nacional, mas deve exigir do governo Lula e do PT a imediata revogação do NEM e o fora os tubarões do ensino e banqueiros que se alojaram no MEC.
É preciso e possível construir uma outra sociedade
Fazer a greve neste momento para garantir o piso nacional, o plano de carreira e a revogação do NEM é extremamente necessário. Mas não podemos nos esquecer que vivemos em um sistema socioeconômico, o capitalismo, em que o lucro está à frente de tudo, inclusive das pessoas.
Há destruição da educação pública com o sucateamento das escolas, onde faltam professores e funcionários, e os que estão empregados recebem salários baixíssimos. Escolas com estrutura antiga e um orçamento que não garante uma merenda de qualidade e em maior quantidade para os(as) alunos(as), que não têm material para os profissionais desenvolverem suas atividades pedagógicas. Até material básico de limpeza e higiene falta nas escolas.
Tudo isso impede que seja ofertado um ensino que permita que nossos jovens se tornem o que eles quiserem. O acesso aos cursos técnicos e de nível superior são para pouquíssimos. Há anos sem concursos, o governo opta por contratos que são ainda mais precarizados que dos profissionais efetivos.
Nenhum profissional da educação ou estudante tem ilusão de que isso irá mudar qualitativamente com esse sistema econômico. Os empresários, latifundiários e banqueiros (burguesia) estão destruindo nosso planeta. Em nome do lucro, destroem as florestas, poluem o ar e os rios, matam e tomam as terras dos povos indígenas.
Enquanto um número cada vez mais reduzido de super-ricos fica cada vez mais rico, o número de pobres e miseráveis aumenta a cada dia. Vamos às urnas a cada dois anos e as coisas só pioram para quem é trabalhador, em especial para negros, mulheres e LGBTIs. É uma utopia achar que o sistema capitalista tem algo a nos oferecer.
Nunca se fez tão necessário o debate sobre a construção de uma sociedade que se organize de outra forma. Em que a riqueza que é produzida por todos possa ser de todos e não de meia dúzia, como é atualmente. As grandes empresas devem ser estatizadas e estar sob controle dos trabalhadores. Só assim será possível garantir salários decentes, educação, saúde, cultura de qualidade para todos e todas.
A burguesia está levando o mundo à barbárie e só a classe trabalhadora poderá barrar tamanha destruição. O socialismo nunca se fez tão necessário como agora, não é algo do passado. Não somos ingênuos! Sabemos que o socialismo não será construído por dentro do parlamento, o socialismo será construído por cada trabalhador e cada trabalhadora que pensa e sonha com um mundo melhor para si e para os outros. Do contrário, qualquer vitória que tenhamos agora, por mais importante e necessária que seja, será retirada pelos governos e patrões na primeira oportunidade.