Editorial: 30 anos na luta pelo socialismo e a revolução
Enquanto fechávamos esta edição, estudantes e trabalhadores do Paraná ocupavam a Assembleia Legislativa, contra a privatização das escolas, sofrendo forte repressão da Polícia Militar. Vários manifestantes foram detidos, dentre eles um militante do PSTU. No Rio Grande do Sul, a população vive um importante processo de auto-organização perante o descaso dos governos diante da maior catástrofe climática que já atingiu o país e começam a pipocar algumas manifestações.
Já os servidores federais, com o setor da Educação à frente, enfrentavam-se numa forte greve contra o reajuste zero do governo Lula, reflexo do Arcabouço Fiscal e sua política de austeridade, em prol dos banqueiros e dos bilionários.
No início do ano, estudantes da USP cruzaram os braços contra a falta de professores, e, mais recentemente, realizaram uma ocupação, denunciando e exigindo a ruptura de todos os laços e convênios com o Estado genocida de Israel. As manifestações em defesa do povo palestino, aliás, continuam pelo mundo e também aqui no país, como em São Paulo, onde mais de 3 mil manifestantes foram às ruas, no último dia 26 de maio.
No ano passado, a capital paulista parou contra a privatização do Metrô e da companhia de água e saneamento, a Sabesp, pelo governo de ultradireita de Tarcísio. Em São José dos Campos, operários da GM realizaram uma greve de 17 dias, que derrotou a política de demissão em massa da multinacional, enquanto que, em Jacarei, na mesma região do Vale do Paraíba, operários da Avibrás seguiam em greve por salários e contra a desnacionalização de uma das únicas empresas de tecnologia que ainda restam no país.
O que tem estes eventos, aparentemente, tão diferentes, têm em comum?
Primeiro, mostram os efeitos da barbárie capitalista, cuja maior expressão, hoje, é o que a população do Rio Grande do Sul, sobretudo o povo mais pobre, está vivendo, vítima direta do grande agronegócio e das grandes empresas e multinacionais, que poluem e desmatam, e dos governos que não investem em políticas mínimas de prevenção.
Essas lutas mostram, ainda, que a classe trabalhadora não permanece inerte diante de uma política neoliberal, levada a cabo pelas três esferas dos governos, que só beneficia banqueiros e os super ricos, enquanto o país é entregue às multinacionais e ao capital financeiro internacional.
Mas, se você atento leitor, reparar bem, há um elemento comum nessas lutas: em todas elas você verá a militância e as bandeiras vermelhas do PSTU tremulando, sempre ao lado da classe trabalhadora, dos operários, do povo pobre, da comunidade e ativistas, em defesa da Palestina ou dos estudantes. E se você for, além de atento, curioso, e pesquisar os jornais de 30 anos atrás, vai notar essas mesmas bandeiras nas manifestações contra as privatizações, por reforma agrária, ou mesmo no início do que viria a se tornar a Parada do Orgulho LGBTI+.
Uma história que vem de antes
O Congresso de Fundação do PSTU, que ocorreu entre 3 e 5 de junho de 1994, em São Paulo, foi um marco em nossa história. Mas essa trajetória vem desde muito antes.
A principal corrente que constituiu o partido, a Convergência Socialista (CS), expulsa do PT por defender o “Fora Collor”, num momento em que a direção deste partido era contra, havia sido fundado em 1978 e teve protagonismo na formação do próprio PT. Mas a própria Convergência não havia começado ali, tendo sua origem na Liga Operária, uma pequena organização oriunda de um grupo de ex-exilados da ditadura, ligados à corrente fundada por Nahuel Moreno.
Se puxarmos esse fio da História, vamos chegar à corrente trotsquista que combateu, de forma heroica, o stalinismo e a degeneração do Estado soviético, garantindo a continuidade de uma tradição revolucionária, e, junto dela, a perspectiva de um horizonte socialista para a humanidade. Retroagindo ainda mais, chegamos ao Partido Bolchevique de Lênin, que mostrou ser possível que os trabalhadores tomem o poder, destruam o Estado capitalista, substituindo-o por um Estado de outro tipo, dirigido e controlado pela classe trabalhadora.
Como você pode ver, caro leitor, essa história é longa e não cabe numa única edição do “Opinião Socialista”. Por isso, iniciamos, neste número, um especial sobre os 30 anos do PSTU, que vai percorrer desde as suas origens até os dias de hoje.
Será uma série de artigos, que se inicia mostrando a atualidade da revolução socialista e o início dessa história de três décadas. Você também poderá ver, nas redes sociais, mais um pouco dessa trajetória, que não é formada apenas por datas e marcos, mas por pessoas reais, de carne e osso, que deram e dão as suas vidas por um futuro socialista.
Faça parte dessa história
O PSTU atravessou conjunturas diversas, da avalanche neoliberal do governo FHC aos governos de conciliação de Lula e Dilma, e toda a “onda rosa” que perpassou a América Latina, até o retorno da direita tradicional ao poder, com Temer, e a extrema direita bolsonarista.
Entre erros e acertos, o partido manteve algo que não tem paralelo na esquerda: a coerência de permanecer, de forma incondicional, ao lado da classe trabalhadora, sem capitular a nenhum governo ou se deixar levar pelo canto de sereia do aparato do Estado, na luta pela revolução socialista.
Num momento em que a barbárie capitalista se mostra de forma tão cruel, como na crise climática, que coloca em xeque o próprio futuro da humanidade, ou na precarização cada vez maior da classe trabalhadora, a falta de perspectiva para a juventude, o genocídio da juventude negra, a opressão às mulheres e LGBTI+, o genocídio indígena, e tudo isso para que 0,001% de super ricos possam acumular metade das riquezas, o socialismo se mostra mais do que possível. É uma necessidade urgente, para ontem.
Fazemos um convite a você, que pulsa de indignação diante de um sistema que só tem a nos oferecer a miséria e a fome. Venha conhecer um pouco da nossa história e de nossas ideias. Aqui, você não vai encontrar cargos ou privilégios, mas um conjunto de pessoas, com um programa, para mudar de vez esse sistema e lutar para que todos e todas possam viver de forma plena, sem exploração ou opressão, e da forma mais plena que a vida nos permite.