Didi, o comunista solidário, sardônico e travesso no dia da luta operária
Sebastião Neto, Diretor do Iiep (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas)
Neste 9 de Julho, Dia da Luta Operária, em São Paulo, um dos quatro homenageados in memoriam é o Didi. Uma placa será entregue a seus familiares.
Dirceu Travesso partiu em setembro 2014, depois de cinco anos de luta contra o câncer.
Corinthianíssimo, foi um dos 40 mil “loucos pelo Timão” que foram para Tóquio em 2012 na final da Mundial de Clubes contra o Chelsea. O Corinthians foi campeão, por supuesto.
Os médicos o fizeram voltar dos USA porque estava no meio de um tratamento. Ele tava dando um drible, o travesso Didi teve que assistir de longe, arreliando com os médicos.
Didi era paixão na vida e na política, não só no futebol.
Nunca esmoreceu nos 5 anos finais. Era visto nas manifestações de rua carregando faixas, coisas pesadas apesar d@s amig@s e camaradas tentarem cuidar dele. Esse militante de dia a dia, pau para toda obra. Didi era dirigente nacional do PSTU. Um desses dirigentes comunistas à antiga, dos bons.
Veemente na defesa de suas concepções socialistas, era um companheiro tranquilo e afetivo na relação com as pessoas.
Tinha um sorriso maroto e observações sardônicas. E Travesso, seu sobrenome, descrevia seu jeito brincalhão de tirar sarro da burocracia e do mandonismo reinantes no sindicalismo.
Comunista desde a juventude quando estudante, na vida profissional era bancário concursado da Nossa Caixa. Foi demitido pelo vampiro governador José Serra e reintegrado por ação judicial do Sindicato dos Bancários de SP onde foi dirigente na década de 1980, também na de 1990.
Foi da executiva da CUT Nacional onde, incansavelmente, enfrentou as restrições da democracia interna e as atitudes burocráticas. Jogou papel fundamental no VI Concut, no Ibirapuera (SP) em 1997, quando detectou uma possível fraude no credenciamento de delegados que paralisou o Congresso de quinta-feira à noite até domingo pela manhã, quando algumas resoluções foram encaminhadas por acordo entre as correntes internas.
Foi Diretor da CUT Nacional e Estadual, antes de participar da fundação e construção da CSP-Conlutas.
Em 1996, no início de uma Plenária Nacional da CUT, faleceu o Geraldo Martins, pai de Jorginho dos Sapateiros de Franca, que era da CUT Pela Base. Didi foi à Franca, mais de 400 km, na despedida com Jorginho.
Esse era o Didi, parceiraço, solidário.
Era muito articulado e organizador de redes internacionais de trabalhadores. Fluente em inglês o que facilitava, mas principalmente porque estudava muito e acompanhava a conjuntura internacional.
Pelo PSTU, Didi foi candidato a governador de São Paulo no ano de 2002, a prefeito da cidade em 2004 e, ainda, a senador em 2010.
Saudamos sua trajetória de militante internacionalista, profundo respeito pela sua trajetória como militante revolucionário que dedicou sua vida à luta contra o kapital e o Estado.
Bandeiras ao alto para o querido Didi neste 9 de Julho.
Sebastião Neto – Diretor do Iiep (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas)
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