Educação

Denúncia: PM de Tarcísio ataca estudantes contrários ao fechamento de salas de aula

Israel Luz

7 de maio de 2024
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Polícia investe com violência por cima de estudantes

Na segunda-feira, 6 de maio, a E.E. João Solimeo, no Jd. Maristela (Brasilândia), Zona Norte de São Paulo, viu um protesto de estudantes contra o fechamento de salas de aula ser brutalmente reprimido pela PM de Tarcísio e Derrite.

Segundo relatos de estudantes ao Opinião Socialista:

Na sexta-feira da semana passada, nós alunos e professores ficamos sabendo de repente que a minha sala 3°G não existia mais, não estava mais no sistema, e até um professor foi fazer a chamada e infelizmente não conseguiu e não sabia o porquê. Descobrimos depois que a sala estava fora do sistema, pois fecharam! E os alunos foram distribuídos pra qualquer salas (sic), de disciplinas diferentes, pois a minha sala era quem escolheu EXATAS e a sala que me colocaram era de HUMANAS! Isso sem o total consentimento dos alunos e professores!

Diante disso, os jovens organizaram o ato realizado no dia 6, que começou na entrada e se estendeu para dentro da escola às 19h30, quando o diretor identificado como Thiago abriu com atraso os portões. Em vez de dialogar democraticamente com os manifestantes, as aulas simplesmente foram suspensas e as pessoas liberadas. O pior, contudo, estava por vir.

“Quando saímos tinha 4 policial eu acho, 2 de cada lado do portão, todos alunos saiu e ficou lá fora, em frente a escola, tinha 2 carro de polícia lá, mais aí ficou todo mundo parado lá pra vê se iria ter mais alguma coisa em relação a protesto, mais sabíamos que não poderíamos fazer baderna lá fora, pois já imaginávamos que os PM poderia fazer algo com a gente! Ai ficamos todos lá fora parado!!!!!”

Mas, apesar dessa atitude dos estudantes, a polícia fez o que existe para fazer: guerra contra a periferia. Usou spray de pimenta contra as pessoas, algo que, segundo relatos, já aconteceu anteriormente sem razão aparente, e quase atropelou estudantes como mostra vídeo abaixo. De acordo com relatos, os agentes estavam sem identificação e com as câmeras corporais viradas para cima.

 

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Tarcísio e Feder: inimigos da Educação Pública

Segundo a professora Flavia Bischain da Brasilândia, coordenadora da subsede da Apeoesp Oeste Lapa, esse desrespeito tem sido comum na gestão de Renato Feder na Secretaria de Educação.

“O governo bolsonarista de São Paulo está terminando de destruir o que restou da Educação Pública no estado após anos de PSDB. Orientados por uma agenda de privatização e piora das condições de trabalho e ensino, aplicam uma política baseada na terrível Reforma do Ensino Médio do Governo Lula. Para piorar: sob os olhos da direção majoritária do sindicato, liderada por Bebel do PT, mais preocupada em manter uma política de boa vizinhança com os governos, que em lutar contra isso”.

Nesta situação, o uso da força contra um protesto legítimo subiu de patamar o enfrentamento do governo contra nossa classe. “Além de tirar o direito a estudar, agora vão usar a PM para resolver o caos que estão causando nas escolas? Isso é trazer para dentro do ambiente de ensino a repressão que, infelizmente, não é novidade na Brasilândia e nas quebradas. Vejam o caso do Matheus, assassinado com um corte no pescoço por um tenente”, conta Flavia.

Ela se refere ao caso do trabalhador Matheus Menezes, 21 anos, morto em fevereiro em uma operação no baile funk na Favela do Pó. Recentemente esse caso e dos jovens Lucas e Samuel, presos injustamente há mais de um ano, foram levados pelo Comitê Brasilândia Nossas Vidas Importam a uma audiência especial na Câmara dos Deputados em Brasília. As famílias seguem na luta por justiça.

 

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Nossas vidas importam!

Tem que ser apurada a responsabilidade do diretor sobre o ocorrido. Mas é preciso denunciar também a política de fechamento de salas de aula da Diretoria de Ensino e Secretaria da Educação, além da ação totalmente absurda dos policiais. É preciso apuração imediata do ocorrido e a punição dos responsáveis!”, afirma Flavia.

Exigimos que o fechamento das salas de aula da E.E. Solimeo seja revertido imediatamente. Também é necessário dar acesso às imagens das câmeras corporais dos policiais, garantido pela Lei de Acesso à Informação (LAI). É fundamental identificar os agentes envolvidos e afastá-los das ruas imediatamente, enquanto se apuram os fatos. É uma medida de segurança para as vítimas e suas famílias.

Essas são as medidas urgentes. Tão importante quanto elas é compreender o que está em jogo aqui: a gestão Tarcísio governa para os ricaços. Jamais faria algo minimamente parecido em escolas da classe alta. Mas na periferia, eles não tão nem aí, como o próprio governador já afirmou ao comentar as chacinas policiais nas favelas da Baixada Santista.

O governador fala o que todos os governos fazem, embora às vezes sem dizer. Vejam o caso do PT baiano, que comanda uma das PMs mais mortais do Brasil. Sem falar na Lei Orgânica das Polícias sancionada por Lula ano passado, que manteve a estrutura militarizada das polícias herdada da Ditadura Civil-Militar.

Como se vê, nosso direito à educação e à vida só vai ser defendido por nós mesmos. Barrar os ataques ao nosso povo pressupõe por isso que juntemos forças, exatamente como fizeram os estudantes da E.E. João Solimeo. Só nossa organização pode levar à vitória.