Declaração da LIT-QI | Fora as garras de Putin, EUA, OTAN e União Europeia da Ucrânia!
Publicado originalmente no site da LIT-QI
Por uma Ucrânia unificada livre da opressão russa!
Por: LIT-QI
1- Putin acaba de assinar um decreto reconhecendo as “autodenominadas repúblicas” de Donetsk e Lugansk como Estados independentes, desvinculados da Ucrânia. Paralelamente, apoiando-se em “tratados de amizade” assinados com as autoridades fantoches desses territórios, enviou tropas para a área com a desculpa cínica de “salvaguardar a paz”.
2- O reconhecimento dessas “repúblicas” fantoches, sustentadas por quadrilhas paramilitares controladas por Moscou, com o apoio do exército russo, é uma agressão frontal à soberania nacional e integridade territorial da Ucrânia. Esta agressão russa é uma continuidade da anexação da Crimeia em 2014.
3- O reconhecimento dessas falsas repúblicas independentes por Putin explode o Acordo de Minsk, assinado em 2015 para deter a escalada militar. Este acordo, imposto à Ucrânia sob o pretexto da superioridade militar russa, mantinha o status quo favorável à Rússia e reconhecia a “autonomia” desses territórios do Donbas. No entanto, mesmo assim, esses territórios foram formalmente reconhecidos como parte da Ucrânia. O acordo também incluía a retirada de grupos paramilitares pró-russos da área e a recuperação do controle das fronteiras pelo governo ucraniano. Porém os grupos paramilitares nunca foram embora, mas foram reforçados, e a Ucrânia também não recuperou o controle de suas fronteiras orientais. Agora Putin não reconhece mais esses territórios como parte da Ucrânia e envia seu exército para protegê-los.
4- O reconhecimento representa o risco direto de agressão contra o resto dos territórios do Donbas, dos quais as repúblicas fantoches de Donetsk e Luhansk ocupam apenas um terço, embora reivindiquem todo esse território em suas “constituições”. Isso desencadearia uma guerra com milhares de mortes, devastação e consequências imprevisíveis.
5- O reconhecimento da independência dessas “repúblicas” e o envio de tropas russas foram acompanhados por um discurso televisionado de Putin de grande importância no qual, além de justificar suas ações com acusações surrealistas de um suposto “genocídio” da população russa nos territórios do leste ou do caráter “nazista” do regime ucraniano, expôs, com a solenidade de grandes ocasiões, as aspirações imperiais do capitalismo russo. Um capitalismo fraco, dependente financeiramente e reduzido ao papel de fornecedor de energia, mas ao mesmo tempo, uma superpotência militar herdada da URSS. Suas aspirações repousam, em primeiro lugar, na subjugação das ex-repúblicas soviéticas que pertenciam à URSS.
6- Putin, amigo de toda a ultradireita europeia, que admira seu regime ultranacionalista e autoritário, foi muito nítido ao dizer que a Ucrânia foi “uma criação dos bolcheviques” quando não é mais do que parte integrante da Rússia. Ele atacou violentamente os princípios de Lenin sobre nacionalidades: “Nós demos a eles o direito de deixar a URSS sem termos ou condições. Isto é uma loucura”. Em vez disso, elogiou Stalin, que reprimiu com sangue todas as aspirações nacionais dos povos soviéticos e impôs uma opressão feroz ao nacionalismo grã-russo, em continuidade direta com a política czarista que Lenin combateu frontalmente.
7- Para Putin, o colapso da ex-URSS, que permitiu a liberdade nacional dos povos submetidos ao nacionalismo grã-russo, foi “a maior catástrofe do século XX” que deve ser revertida. E como não pode fazer de outra forma, ele usa a força militar. Além da Ucrânia, é o caso do apoio ao regime autoritário de Lukashenko na Belarus diante da insurreição popular. Ou a recente intervenção de tropas russas no Cazaquistão (abençoadas nesta ocasião pelos EUA, UE e China), visando esmagar a revolta popular contra o regime daquele país, que foi realizada sob a égide da aliança militar CSTO (formado pelo governo russo e os das ex-repúblicas soviéticas).
8- Um dos argumentos que Putin vem usando para justificar sua política em relação à Ucrânia é o cerco militar ao qual a Rússia está, efetivamente, submetida pela OTAN. Mas para se defender verdadeiramente contra esse cerco, o governo russo deve convocar a mobilização dos povos ucraniano e europeus, norte-americano e russo contra o aumento da presença militar e das ameaças, e também exigir medidas radicais de desarmamento mútuo. Mas Putin e os oligarcas russos que ele representa temem mais as massas populares do que o imperialismo e não estão dispostos a enfraquecer o militarismo grã-russo, seu grande trunfo contra o povo russo e os povos de sua periferia, seu único ponto forte onde apoiar suas aspirações contra as grandes potências. Assim, a “defesa” de Putin contra a OTAN é uma agressão brutal contra a nação ucraniana. Com isso não faz nada mais do que oferecer argumentos para que os EUA, a OTAN e a UE apareçam como os protetores da Ucrânia, para transformá-la em uma semicolônia militar da OTAN e aumentar sua presença militar no leste da Europa.
Fora as garras dos Estados Unidos, da OTAN e da União Europeia!
9- Mas as ações dos EUA, da UE e da OTAN nada têm a ver com a defesa da soberania ucraniana, cinicamente manipulada segundo os interesses de duas facções contrarrevolucionárias: a Rússia de Putin de um lado e, de outro, o imperialismo norte-americano, sua OTAN e seus sócios europeus. Ambos os lados estão usando o conflito ucraniano para defender suas posições, fortalecer o militarismo na Europa e no mundo e alimentar uma corrida armamentista.
10- O conflito na Ucrânia é também um palco de operações em que os EUA buscam fortalecer sua autoridade em relação à União Europeia, em particular à Alemanha, em detrimento de suas relações com a Rússia, seu principal fornecedor de energia. Em última análise, os EUA querem disciplinar a Alemanha rigidamente em sua grande disputa com a China.
A Rússia não tem direitos sobre a Ucrânia. Fora as tropas russas e paramilitares de Donbas. Retirada das tropas e equipamentos militares russos da fronteira oriental e da Belarus. Devolução da Crimeia.
Dissolução da OTAN. Fora as tropas e bases americanas dos países da Europa Ocidental e Leste Europeu.
Dissolução da aliança militar CSTO (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) do Estado russo com as ex-repúblicas soviéticas, usada para enviar tropas para esmagar revoltas populares e apoiar oligarcas submissos, como no Cazaquistão.
Por uma Ucrânia unificada, livre da opressão russa, fora das garras dos Estados Unidos, da OTAN e da União Europeia.
Contra a política opressora do nacionalismo “grã-russo” de Stalin e Putin, reivindicamos a política leninista do direito à autodeterminação nacional dos povos.
Parar a militarização e a corrida armamentista. Redução drástica dos orçamentos militares. Destruição de arsenais nucleares e armas de destruição em massa.