Dani Portela e PSOL-PE: Das alianças com o PSB até Republicanos de ultradireita
No dia 26 de fevereiro foi mandado um ofício para a mesa da Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco), para a formação de um bloco parlamentar entre PSOL, PSB e Republicanos. O documento é assinado por 3 deputados estaduais, entre eles a deputada Dani Portela do PSOL.
Muitos trabalhadores e jovens deram o voto em 2022 no PSOL e, especialmente, elegeram Dani Portela a deputada estadual mais votada para a Alepe, para derrotar governo do PSB, ser oposição a Raquel Lyra, assim como com a extrema direita no nosso estado. Devem estar surpresos, no mínimo, com a formação desse bloco com partidos a quem a deputada psolista apareceu na cena política estadual combatendo. Qual é a explicação para essas alianças?
Em declaração quando foi eleita por uma maioria dos deputados do PSB para líder da oposição, Dani afirmou: “Aceitei esse desafio por entender que serei oposição por um Pernambuco melhor! Serei oposição com responsabilidade, sempre trazendo propostas! Ser oposição não é ser do contra, é sim, entender que par nosso estado melhorar, precisamos enriquecer a discussão e qualificar as soluções.” O problema dessa declaração é que ela afirma a possibilidade de ser oposição ao governo de Raquel Lyra (PSDB) e de lutar por um PE melhor com o PSB.
Nos governos 16 anos do PSB à frente do estado, o que aconteceu foi um aprofundamento da desigualdade com o sucateamento dos serviços públicos com hospitais sem funcionários suficientes e superlotados, ou a falta de professores e merenda de qualidade nas escolas. Isso tudo para beneficiar com dinheiro público grupos privados como o IMIP da família Figueira na saúde, ou o grupo Ser Educacional de Janguiê na educação. Foi na denúncia contra as gestões do próprio PSB que Dani Portela surgiu 2018 como um fenômeno eleitoral.
Apesar de não ser mais o governo do Estado, o PSB ainda está à frente da prefeitura de Recife com João Campos. Sua gestão segue a aplicação a fundo da política neoliberal de ataques contra os trabalhadores, principalmente, com favorecimento da iniciativa privada através de dinheiro público para as grandes empreiteiras, e também via as PPP’s, Parcerias Públicas Privadas em várias áreas do serviço público. Não adianta ser a líder da oposição ao Governo burguês de Raquel Lyra na Alepe mas, ao mesmo tempo, o PSOL e a sua deputada estadual apresentam como alternativa um partido que defende um programa a serviço dos interesses dos grandes empresários, banqueiros e latifundiários.
“A oposição é um instrumento de fortalecimento da democracia e da independência entre os poderes” disse Dani Portela quando foi eleita pela PSB líder da oposição no início de 2023. Para o PSOL, o ingresso do Republicanos no bloco com o PSB se enquadra dentro do critério de “fortalecimento da democracia”?
O Republicanos é o partido criado por Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus e que abriga conhecidos membros da extrema direita brasileira como Tarcísio de Freitas, Governador de São Paulo, Hamilton Mourão e Damares Alves, senadores, e Carlos Bolsonaro, vereador do Rio. Todos eles fazem parte do bloco bolsonarista que articulou uma tentativa de golpe no país no dia de 8 de janeiro. Com eles não existe nenhuma chance de dizer que o Republicanos se encaixa entre aqueles que defendem valores democráticos
Esse bloco com PSB e Republicanos, que Dani Portela compõe, é fruto da concepção do PSOL de formar frentes com partidos burgueses no parlamento ou para governar juntos, como é o caso da integração do partido em governos burgueses como o da Frente Ampla de Lula-Alckmin, ou da proposta de Frente Democrática defendida pelo pré-candidato Boulos do partido à prefeitura de SP junto com Marta Suplicy, ex-secretária do atual prefeito bolsonarista Nunes.
Esse “pragmatismo tático” de Dani Portela e do PSOL, com alianças como essas com PSB e Republicanos, é prejudicial para a classe trabalhadora porque propõe como factível a conciliação dos interesses dos trabalhadores e com os grandes capitalistas e seus partidos. A garantia de saneamento básico, da moradia, da educação, saúde ou de melhores condições de salário e emprego dignos não tem solução de continuidade sem atacar o lucro e a propriedade privada dos bilionários capitalistas. E tampouco essa política do PSOL serve para levar até o fim o combate contra a extrema direita, uma vez que ao se aliar com partido como o Republicanos leva, na prática, o fortalecimento desses setores golpistas.
É preciso contrapor a essa concepção de Frentes, blocos com representantes dos capitalistas que Dani Portela e o PSOL apresentam aos trabalhadores. A classe trabalhadora e a juventude não devem confiar em algum setor burguês para a resolução dos problemas mais sentidos. A conciliação de classes não é o caminho para a vitória. A alternativa que a classe trabalhadora necessita passa por acreditar apenas na força das suas lutas e organização, com independência de classe, de oposição de esquerda e socialista contra todos governos, partidos e setores burgueses. Só assim é possível forjar as bases para acabar por abaixo o capitalismo.