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CUT, Força Sindical e outras centrais convidam Lula, Lira e até Tarcísio para o 1º de Maio

Por um 1º de maio em oposição de esquerda ao governo Lula, que enfrente os bilionários capitalistas e também a extrema direita bolsonarista

Deyvis Barros, de São Paulo (SP)

26 de abril de 2024
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Ato do 1º de Maio, na Praça da Sé, em 2023 | Foto: Sindmetal-SJC

Com o lema “Por um Brasil mais justo”, as maiores centrais, entre elas CUT, CTB e Força Sindical, farão seu tradicional ato-show neste 1º de maio, dessa vez na Arena do Corinthians, na cidade de São Paulo (SP). Há anos que a atividade dirigida por essas entidades deixou de ser um espaço de afirmação dos interesses dos trabalhadores em oposição a patrões e governos. Passou a ser um espetáculo de aliança com os bilionários capitalistas e seus representantes.

Neste ano, as direções dessas Centrais convidaram para participar do ato vários governantes e políticos, que, ao contrário de defender um “Brasil mais justo”, estão na linha de frente dos ataques à classe trabalhadora e ao povo pobre.

Com o governo Lula do ajuste fiscal ou com a greve do serviço publico federal?

O presidente Lula (PT) confirmou que estará presente no ato. Neste momento, o governo Lula está enfrentando uma greve do funcionalismo público federal do setor da educação. O petista tenta impor um reajuste zero em 2024 aos trabalhadores, para garantir a chamada estabilidade fiscal a serviço dos banqueiros.

O Arcabouço Fiscal de Lula e Haddad, medida semelhante ao Teto de Gastos do governo Michel Temer (MDB), impõe um arrocho sobre o funcionalismo, corta recursos dos serviços públicos, como educação e saúde, e não atende as necessidades do povo. Tudo isso para não se contrapor à ganância dos bilionários capitalistas.

A independência dos trabalhadores diante de todos os governos é fundamental para garantir que possam lutar contra os ataques que eles fazem à nossa classe. Toda tentativa de conciliar trabalhadores e grandes burgueses só pode ser feita sacrificando os interesses dos trabalhadores, em benefício dos lucros capitalistas.

Interessante notar que a argumentação para o convite ao Lula é que este seria um governo do mal menor e que os trabalhadores precisam apoiar para lutar por seus direitos, o que se mostra equivocado dada a greve do funcionalismo federal que acontece contra o governo hoje.

Também é dito que o governo Lula deve ser apoiado para enfrentar o bolsonarismo. Mas o argumento se mostra completamente falso quando vemos que as centrais convidaram até bolsonaristas para o ato, a exemplo do governador de São Paulo (Tarcísio de Freitas) e o prefeito da capital paulista (Ricardo Nunes). Isso mostra que trata-se não apenas de um atrelamento ao projeto capitalista de Lula, mas a todos os projetos capitalistas até da ultradireita. Além de que, o governo Lula hoje, assim como estas centrais, vem ajudando a ultradireita bolsonarista ao defender e aprofundar o capitalismo no Brasil e passando pano para a cúpula militar golpista.

Escandaloso convite das centrais para bolsonaristas Arthur Lira, Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) são inimigos abertos e declarados dos trabalhadores. Não escondem isso para ninguém.

Lira foi linha de frente da aprovação no Congresso Nacional de uma série de medidas de Bolsonaro, que atacam o povo trabalhador, como reformas neoliberais e cortes de orçamento. Agora, foi um dos articuladores no Congresso para a aprovação de medidas com o Arcabouço Fiscal do governo Lula.

Tarcísio é o governador de São Paulo que está aplicando a privatização de diversas empresas e serviços públicos como o Metrô, a CPTM (trens) e a SABESP (serviço de água e esgoto), além de promover vários ataques à educação e ampliar o caráter violento e anti-povo da Policia Militar, transformando como regra as ações de vingança e promoção de chacinas.

Já o prefeito Ricardo Nunes, que disputa a reeleição da prefeitura da capital, ajuda Tarcísio nas suas privatizações, retira direitos dos servidores (recentemente ignorou a luta dos servidores municipais e aplicou um reajuste abaixo da inflação) e aplica uma série de projetos que entregam ainda mais a cidade à especulação imobiliária.

De uma forma ou de outra, são todos parte do bloco bolsonarista que tentou um golpe no país para mudar o regime em desfavor da classe trabalhadora. Tarcísio e Nunes estiveram no ato da Avenida Paulista convocado por Bolsonaro diante da acusação de golpe.

1º de Maio é dia de luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e não de conciliação com patrões e governos

CSP- CONLUTAS fará 1º de maio sem patrões e internacionalista, com independência do governo Lula, enfrentando os bilionários capitalistas e contra a ultradireita bolsonarista

A CSP-Conlutas é uma central sindical que não estará no ato do 1° de Maio com essas centrais sindicais que dividirão o palco com os inimigos dos trabalhadores.

Para Atnágoras Lopes, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, “a escolha das maiores centrais sindicais apresenta inimigos como amigos, confunde os trabalhadores e fragiliza a nossa luta por direitos e inclusive para derrotar a ultradireita. Nosso ato tem o lado da classe trabalhadora em enfrentamento aos patrões e oposição de esquerda a todos os governos. Vamos comemorar nosso dia com muita luta, enviando nossa força aos nossos irmãos que resistem contra guerras imperialistas na Ucrânia e na Palestina e conclamando um futuro justo e socialista para a nossa classe”.

Um 1º de Maio hoje que sirva para defender os interesses dos trabalhadores tem que começar apoiando as greves dos servidores contra o governo. E também as greves operárias, que o governo também fica ao lado dos patrões. Exigimos que Lula atenda as reivindicações dos trabalhadores. Mas ao contrario disso, fez um Projeto de Lei voltado aos trabalhadores de aplicativos que privilegia e garante os lucros das empresas bilionários do setor.

Este 1º de Maio e a postura adotada pelas centrais governistas, assim como as organizações que apoiam o governo Lula e terminam capitulando ao bolsonarismo, reforça a necessidade da construção de uma oposição de esquerda socialista e revolucionaria ao governo Lula, que consiga, a partir das lutas em curso, enfrentar os bilionários capitalistas para garantir o atendimento das reivindicações dos trabalhadores.

Este é o caminho também para enfrentar de verdade a ultradireita bolsonarista que se alimenta do capitalismo que o governo segue aprofundando. É preciso enfrentar a ultradireita e não governar fazendo acenos a ela, como faz Lula. Muito menos convidá-los para o 1º de Maio como faz as centrais governistas.

Ato em São Paulo

A CSP-Conlutas, junto com outras entidades e movimentos sociais, vai realizar uma manifestação internacionalista, classista, sem patrões e com independência do governo Lula, para enfrentar os bilionários capitalistas e a ultradireita bolsonarista.

Concentração às 13h, na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.

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