Opinião Socialista

Contagem (MG): Uma eleição reveladora para a população

Geraldo Batata, de Contagem (MG)

5 de setembro de 2024
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No processo eleitoral em Contagem (MG), o PT reproduz, em nível municipal, uma frente tão ampla, incluindo 16 partidos, que vão desde o Republicanos (partido de Tarcísio de Freitas, de São Paulo), o União Brasil, o PP (de Lira), Cidadania, PDT, PSB, PSDB (partido de Aécio Neves), PSD (de Rodrigo Pacheco) até o….PSOL.

Nas pesquisas eleitorais, a candidata do PT, Marília Campos, atual prefeita, e sua coligação aparecem em primeiro lugar, com 74% das intenções de voto. A candidatura da extrema-direita, representada pelo deputado federal Cabo Júnio Amaral, conhecido por apoiar o PL 1904/24 (o chamado “PL do Estupro”), ocupa a segunda posição. Em terceiro lugar, estão empatados o candidato do PSTU, professor Gustavo Olimpio, e Dulce, do PMB.

Marília Campos voltou ao poder após vencer as eleições de 2020 contra o candidato bolsonarista Felipe Saliba, por uma margem de apenas 7.781 votos. Saliba retirou sua candidatura no pleito atual por não conseguir aglutinar os partidos de direita.

O que significa essa frente amplíssima?

A Frente Ampla em Contagem reflete o processo de decadência que pelo qual o município passa. No passado, a cidade foi um polo de alta tecnologia, com produção de chips, computadores e equipamentos eletroeletrônicos.

A SID, indústria de semicondutores, dominava todas as etapas de produção de chips, tecnologia que poucas empresas no mundo possuíam, empregava 3 mil trabalhadores especializados. No setor de computadores, havia a ABC Computadores, enquanto na indústria eletroeletrônica existia a RCA.

Além disso, Contagem foi um centro de excelência na produção de bens de capital, com a fabricação de máquinas, equipamentos e vagões ferroviários, empregando milhares de trabalhadores altamente qualificados.

Gradativamente, a economia se voltou para serviços, a logística e a especulação imobiliária. Embora o setor industrial ainda tenha peso na economia, Contagem perdeu décadas de desenvolvimento tecnológico e tornou-se dependente do capital externo.

Uma cidade altamente desigual

Nesse período, a desigualdade social aumentou consideravelmente. Atualmente, Contagem é o terceiro maior PIB do estado (R$ 36 bilhões), com um PIB per capita de cerca de R$ 54 mil.

No entanto, segundo a Fundação João Pinheiro, 38.500 famílias vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza, representando 25% da população. Uma família extremamente pobre, por exemplo, sobrevive com apenas R$ 356,00 mensais para sustentar quatro pessoas. Em termos de média salarial, a cidade ocupa a 58ª posição no estado, com uma média de 2,2 salários mínimos.

Longa lista de ataques

Especulação imobiliária e Rodoanel ameaçam nosso futuro

Nos últimos anos, as grandes construtoras voltaram seus investimentos para as cidades da Grande Belo Horizonte. Torres gigantescas e grandes empreendimentos imobiliários geram enormes lucros. Muitas vezes localizados próximos a córregos e nascentes. E a atual gestão do PT é a principal incentivadora. As consequências são visíveis: o inchaço populacional desenfreado, trânsito caótico, além de serviços de Saúde e Educação insuficientes.

Essa situação será agravada pela implementação do Rodoanel. Segundo Valdir Pontes e Luzia Novais, da Comissão Nascentes: “essa rodovia, fruto do acordo entre o governo Zema e a Vale, pelos crimes de Brumadinho, cortará 70 km de áreas urbanas e rurais, passando por cima de comunidades, quilombos, nascentes e córregos que abastecem Várzea das Flores. Isso levará a crise hídrica em toda a Grande BH.”

Aumento de impostos sobre a população

Historicamente, Contagem teve uma alta arrecadação, graças à presença de grandes indústrias que pagavam impostos suficientes para que não houvesse cobrança do IPTU residencial. A burguesia local, que sempre contou com incentivos fiscais, terrenos para se instalar na cidade, também sempre buscou acabar com essa enorme conquista.

Ao final do governo Carlin Moura (2016), do PCdoB, a Câmara de Vereadores aprovou, com apoio do PT, e na calada da noite, o fim da isenção do IPTU residencial, elevando a arrecadação em 40%.

Mas, não significou melhorias nos serviços públicos. Na Saúde, por exemplo, a maioria dos servidores é formada por terceirizados, com contratos precários. Os trabalhadores da Educação lutam pelo pagamento do piso salarial e fizeram uma grande greve no início deste ano, para conseguir uma reunião de negociação.

As passagens de ônibus em Contagem estão dentre as mais caras do país, custando R$ 6,00 internamente, com serviços de péssima qualidade.

Por um futuro comunista

Construindo uma alternativa socialista e revolucionária

O PSTU apresenta, nestas eleições, candidaturas socialistas e revolucionárias como alternativa às velhas oligarquias, aos bilionários, à especulação imobiliária, aos ataques ao meio ambiente e aos serviços públicos. Todos estes ataques encampados pela atual gestão do PT e pelos 16 partidos da coligação.

Sabemos que muitos ativistas honestos estão apreensivos quanto ao risco da extrema-direita bolsonarista. No entanto, alertamos sobre o perigo real de aliar-se às oligarquias e aos partidos da velha direita, liderados por Lira, Aécio Neves e Pacheco. Para o PSTU, não se combate a extrema direita confiando naqueles que atacam nossos direitos e que, até ontem, estavam aliados a Bolsonaro.

Nosso programa para a cidade é focado em apoiar os movimentos que lutam pela defesa de Várzea das Flores, contra o Rodoanel, por melhorias nos serviços públicos, da educação, da saúde, dos transporte, nas lutas antirracistas, LGBT+ e contra o machismo.

Nossos candidatos são Gustavo Olímpio, para prefeito, e Geraldo Araújo (Batata), vice, que juntamente com a professora Jacqueline Assis e o metalúrgico Israel Pinheiro (vereadores) apresentam um programa voltado para o futuro de nossa cidade, um futuro socialista onde os trabalhadores, junto com os oprimidos e a juventude, possam decidir onde alocar os recursos da cidade por meio de Conselhos Populares.

 

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