Minas Gerais

Chuvas em MG e o desastre permanente

pstumg

12 de janeiro de 2022
star0 (0 avaliações)

Primeiramente, nossa total solidariedade à população trabalhadora atingida neste momento pelas enchentes e o descaso dos governantes. Muitos perderam a vida de parentes e amigos. Milhares perderam casas, móveis, plantações e criações.

As chuvas em Minas Gerais e na Bahia, que atingem outros estados, evidenciam que o problema das enchentes são apenas a ponta do iceberg. As consequências das chuvas, ano a ano, põe à mostra a barbárie que vivemos no capitalismo decadente.

Todos sabem que o verão é o período de chuvas intensas. Com a degradação ambiental, essas chuvas têm se tornado cada vez mais intensas. Os institutos de pesquisa não cansam de alertar para as consequências da destruição do meio ambiente, da mineração descontrolada, das queimadas e destruição das florestas. A defesa civil mineira tem mapeado oito mil áreas de risco no estado e não faltam levantamentos sobre isso. Os rios, córregos e suas áreas de cheia são conhecidos há séculos. A pergunta é: por que ano após ano se repetem as tragédias, mortes, inundações, rompimento de diques e barragens?

A responsabilidade não é a fúria incontrolável da natureza, mas da total falta de planejamento, fiscalização e medidas concretas para evitar o terror permanente que vive a população trabalhadora. Nada é feito para resolver a situação. Pelo contrário: todas as medidas vão no sentido de garantir o lucro incessante de um punhado de mineradoras, construtoras, acionistas, especuladores imobiliários e, na outra ponta, aprofundar a penúria dos mais pobres e daqueles que não tem condições de sair das áreas de risco.

Os governos Zema e Bolsonaro são cúmplices diretos

Dois dias antes do crime em Brumadinho, que matou 272 pessoas, Zema celebrou os investimentos em ampliação da Mina Pau Branco, entre Brumadinho e Nova Lima. No início de 2021, deu aval ao licenciamento expresso das obras de ampliação promovidas pela Vallourec, onde, no último dia 8 de janeiro, rompeu o dique na BR 040 nas mediações de Nova Lima.

O exemplo da Mina Pau Branco foi esclarecedor. Zema, assim como os representantes da Vallourec, agiram no sentido de desmontar a estrutura de fiscalização das obras. Foi assim também no caso de Brumadinho e Mariana e com inúmeras obras ligadas à mineração. Tentam, a todo custo, minimizar os danos provocados por essa forma de mineração e enganar o povo trabalhador, dizendo que é tudo culpa de fenômenos naturais, como a chuva. Nada mais cômodo.

Não adianta rever o modelo exploratório se não acabarmos com esse sistema

 Todos os anos, as chuvas e enchentes nas cidades mineiras retomam um importantíssimo debate sobre ocupação do solo promovida pelas mineradoras e pelo desenvolvimento desordenado nas últimas décadas. Esse é um debate extremamente necessário, e precisamos fazê-lo de forma mais aprofundada. No entanto, não podemos perder de vista que rever o modelo de exploração nos marcos de um sistema explorador é a mesma coisa de querer fazer uma omelete sem quebrar os ovos.

Não existe uma forma mais branda de exploração dos minérios ou de ocupação do solo dentro do capitalismo. Esse sistema se fundamentou em genocídio, escravidão, exploração e sangue. Enquanto eles levam nossas riquezas naturais; enquanto escravizam e matam nossos irmãos a serviço do lucro, engordam seus bolsos com a riqueza que nós produzimos. Portanto, não se trata de rever esse modelo de exploração, mas de derrubá-lo e colocar outro em seu lugar.

O problema das enchentes em Minas se insere nos marcos dos problemas socioambientais que tem afetado nosso país e o mundo. Assim como os incêndios na Amazônia, os crimes da Vale e Samarco em Mariana e Brumadinho são partes de um fenômeno mundial. Eles atingem de forma diferente os países imperialistas, coloniais e os semicoloniais, bem como as distintas classes sociais.

A localização do Brasil como um país exportador de commodities, onde o minério de ferro e a soja cumprem um papel central de reforçar as forças destrutivas sobre o meio ambiente, proporciona que grandes empresas e latifúndios arranquem o máximo de produtos rentáveis com o mínimo de tempo e investimentos. Esse processo, que pode ser compreendido nos marcos de um país voltado para a monocultura e exportação, não garante nenhum retorno para a classe trabalhadora. Pelo contrário. Produzimos alimentos e minério e, por outro lado, sofremos com a fome e com as mortes dos nossos companheiros em grandes mineradoras. Todo o lucro que essas grandes empresas adquirem poderiam ser gastos com saúde e segurança dos trabalhadores e moradores e com a proteção do meio ambiente.

Outro aspecto é que os serviços públicos responsáveis pelo saneamento básico e a fiscalização destes empreendimentos estão sendo sucateados e em vias de serem privatizados. E a população brasileira já percebe os efeitos desta política que parte principalmente do governo Bolsonaro.

Esse desmonte libera, por um lado, as forças mais agressivas e predatórias sobre os recursos naturais “como se não houvesse o amanhã” e, por outro, abrem o caminho para a privatização de parte dos serviços regulados por estas instituições.

É neste contexto de privatização, sucateamento, política de espoliação e busca de capital que se insere o problema das enchentes e desmoronamentos em Minas Gerais. E é por isso que não devemos tratar o problema das enchentes com soluções limitadas à manutenção da ordem capitalista. Enquanto existir capitalismo, esses problemas tendem a se intensificar.

Então qual é a saída?

Precisamos identificar e punir todos os responsáveis. Zema, Bolsonaro, Vallourec, Vale e Samarco são algumas das principais culpadas  pela barbárie que vive a classe trabalhadora em Minas Gerais. Fazer com que seus lucros sejam confiscados para garantir a sobrevivência de todos e todas que foram afetados, de forma direta e indireta, pelas chuvas, enchentes, rompimentos de barragem e pela forma predatória que caracteriza a mineração.

Essas empresas devem pagar por todos os crimes ambientais que cometeram. Não é possível que depois do crime em Mariana e Brumadinho essas empresas ainda recebam benefícios fiscais para continuar explorando o solo brasileiro sem que haja uma responsabilização de fato pelo que ocorreu. O que tem ocorrido no começo desse ano só é mais uma mostra dos crimes que essa burguesia vem cometendo contra a nossa classe.

É preciso estatizar todas as empresas de mineração e colocá-las sob o controle dos trabalhadores com participação de todas as comunidades afetadas pela mineração. Aí sim podemos começar a construir um projeto de mineração e ocupação do solo que respeite a natureza, seus ciclos naturais e as comunidades que vivem dela. A cada dia fica mais evidente que esse projeto só é possível em uma sociedade socialista.

Chega de barbárie, fome desemprego, opressão, destruição ambiental, recolonização imperialista e exploração!

Fora Bolsonaro e Mourão!

Fora Zema!