Ataques ampliam a agressão israelense ao Líbano
O Estado de Israel realizou três ataques criminosos contra o Líbano na última semana
No dia 17 de setembro, o serviço secreto israelense (conhecido como unidade de guerra cibernética 8200) explodiu dispositivos de mensagens “pagers” provocando 12 mortes e 2300 feridos, muitos dos quais com ferimentos graves nas mãos, olhos e cintura. Segundo o jornal “New York Times”, os pagers foram fabricados e comercializados por uma empresa de fachada criada pelo serviço secreto israelense, e utilizados pelo Hezbollah.
No dia seguinte, 18 de setembro, centenas de aparelhos de rádio “walkie-talkies” utilizados por integrantes do Hezbollah explodiram causando 25 mortes e 700 feridos, outro ataque atribuído aos sionistas.
No dia 20 de setembro, o exército israelenses lançou 6 mísseis contra dois edifícios residenciais no bairro de Dahiyeh no sul de Beirute, causando 45 mortes entre as quais 16 membros das brigadas Abbas e Força Radwan do Hezbollah, incluindo os comandantes Ibrahim Aqil e Ahmed Mahmud Wahbi.
Apesar do Estado de Israel e a mídia ocidental apresentar esses ataques como parte da guerra contra o Hezbollah, o fato é que atingem um número incontável de civis, incluindo crianças, e ocorrem em território libanês ferindo a soberania do país.
Essa narrativa falsa visa não apenas confundir a opinião pública mundial mas principalmente a população libanesa, das comunidades cristãs, sunitas e drusas, de que estas não serão atingidas, investindo na baixa popularidade do Hezbollah entre essas comunidades e evitando uma possível resistência nacional unificada como já ocorreu em 1982 e 2006 por ocasião de outras agressões israelenses ao país.
Através destas agressões covardes, o Estado de Israel busca desarticular o Hezbollah e preparar uma invasão terrestre, o que é motivo de disputa entre o governo israelense e os líderes militares, mas conta com apoio majoritário entre a população israelense judia e para a qual já foi deslocada uma divisão militar com 10 mil soldados para a fronteira com o Líbano.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fez um discurso televisivo afirmando que Israel cruzou todas as linhas vermelhas, mas que sua ação não conseguiu enfraquecer o Hezbollah e ainda alertou que uma invasão terrestre daria uma oportunidade histórica ao Hezbollah.
No entanto, para além de inviabilizar o uso de “pagers” e “walkie-talkies”, a principal questão é em que medida o serviço secreto israelense conseguiu obter informações dentre as fileiras do Hezbollah.
No dia 23 de dezembro, enquanto as forças israelenses bombardearam cerca de 400 pontos no sul do Líbano, o Hezbollah lançou cerca de 100 mísseis contra a base aérea de Ramat David e outros alvos dentro de território controlado pelo inimigo, atingindo uma cidade localizada a 20 km ao norte de Haifa.
Fim do governo Netanyahu ou fim do Estado de Israel?
A agressão ao Líbano ocorre simultaneamente aos ataques genocidas diários em Gaza e na Cisjordânia.
As potências imperialistas se escondem por trás da exigência de negociações por um cessar-fogo imediato mas continuam provendo as armas, petróleo e outros meios para que o Estado de Israel dê continuidade ao genocídio palestino e às agressões ao Líbano.
Vários analistas afirmam que o principal empecilho para o cessar-fogo é Binyamin Netanyahu e sua busca para recompor sua base eleitoral perdida em 7 de outubro, e evitar as investigações sobre as falhas de segurança desse dia, bem como os três processos judiciais que correm contra ele no judiciário israelense por corrupção que podem levar a sua prisão.
É verdade que Netanyahu é um empecilho mas não é o único. A questão é a natureza colonialista e racista do Estado de Israel e sua população que é beneficiária do roubo das terras, das casas e da liberdade do povo palestino.
Sem Netanyahu, esse Estado racista vai fornecer novos Netanyahus para seguir a limpeza étnica do povo palestino e o sistema de apartheid iniciados há 76 anos. Por isso afirmamos que a única solução verdadeira é o desmantelamento do Estado de Israel e sua substituição por uma Palestina, laica e democrática, do rio ao mar, onde viverão em liberdade o povo palestino e aqueles que aceitarem viver em paz com os palestinos.
Publicado originalmente no Portal da LIT-QI