As várias mortes de Cláudia e Jonatha pela PM e a justiça burguesa
Nos últimos 15 dias, a Justiça e o Estado Democrático de Direito assassinaram mais uma vez, duas das milhares de vitimas da violência e do genocídio policial que cresce em nosso País.
O jovem Jonatha foi assassinado pelas costas
O jovem Jonatha, de apenas 19 anos, foi morto com um tiro nas costas durante uma operação policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, no Rio de Janeiro, pelo policial Alessandro Marcelino de Souza, em maio de 2014, quando voltava a pé para a casa da avó.
Passaram-se 10 anos de dor, revolta e protestos para o julgamento do autor dos disparos. E no último dia 6, foi absolvido da acusação de crime doloso, com o júri e a justiça alegando que não houve intenção de matar o jovem negro, estudioso, trabalhador e cria do Morro de Manguinhos.
A mãe de Johnatha, Ana Paula de Oliveira, revoltada e muito abalada pela decisão disse: “Eu aqui com a dor de ter meu filho assassinado. Meu filho foi assassinado com um tiro nas costas. Essa luta não pode ser só minha! Acabaram com a minha vida e da minha família. Essa é a resposta que a sociedade dá para mim?“, desabafou.
Ana Paula transformou seu luto e revolta em organização com as demais Mães de Manguinhos nesses últimos 10 anos, para provar a inocência do filho. Além de ter sido assassinado, Jonatha ainda foi acusado falsamente de ser traficante e de ter participado de um confronto no dia da sua morte. Versão que foi desmentida frontalmente por diversas testemunhas do caso.
A barbárie no caso de Cláudia Ferreira
E nesta semana, os policiais que arrastaram e contribuíram com a morte de Cláudia Ferreira há 10 anos, foram desgraçadamente absolvidos do crime brutal que cometeram. Todos os policiais respondiam por homicídio e por remover o corpo de Cláudia do local.
Com a absurda alegação de que os policiais cometeram “erro de execução”, o juiz Alexandre Abrahão Teixeira disse: “Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”. Ou seja, ser atingido por disparos a esmo em confrontos entre a PM e o crime, sendo negro e morador da periferia, está justificado.
Cláudia Ferreira foi comprar pão no Morro da Congonha e acabou baleada no pescoço em um conflito da PM com criminosos locais. Os PMs colocaram Cláudia na viatura alegando que estavam socorrendo a mulher. No trajeto ao hospital, o compartimento da viatura abriu e o corpo da mulher foi jogado para fora do veículo e arrastado por 350 metros.
Cláudia tinha 38 anos, era mãe de quatro filhos, criava quatro sobrinhos e era auxiliar de serviços gerais.
Impunidade e a cronologia de injustiças
Essa mesma cronologia e milhares de mortes po essa verdadeira guerra social e genocida contra negros e pobres viraram rotina nas principais capitais do país. Governadas pela direita, pelo bolsonarismo e também pelo PT, como é o caso da Bahia.
E as recentes decisões cínicas e racistas da Justiça do famigerado Estado Democrático de Direito, é uma verdadeira senha de que estão totalmente liberadas as mortes, chacinas e o genocídio de pobres e negros nas periferias, favelas e morros dos grandes centros urbanos.
Reforçam a impunidade de policiais, governadores e todo tipo de grupo de extermínio, como as milícias, de atuarem ao seu bel prazer e sem punições exemplares na busca por justiça, de fato, a esses crimes hediondos contra pobres e negros no Brasil, como as chacinas de Paraisopolis (SP), a do Cabula (BA), do Curió (CE), e mais uma dezena delas nessas últimas décadas.
Resistência e organização além do luto
O exemplo e a força das diversas mães que encontram na morte de seus filhos e filhas lamentavelmente só aumentam devido a essa guerra social. Mas, mesmo assim, demonstra que a nossa classe encontra na unidade e na dor de cada uma delas a compreensão de que é necessário ampliar essa luta, nossa autodefesa e a certeza que esse Estado capitalista precisa ser urgentemente superado por uma sociedade socialista e com plenas garantias dos direitos humanos a toda população.