Lutas

As lições da greve da educação municipal de São Paulo

PSTU-SP

8 de abril de 2024
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Assembleia da educação municipal em SP

Lucas Simabukulo e Pri Lírios

No último dia 28 de março foi suspensa, em assembleia, a greve da educação municipal de São Paulo. Foram 21 dias de enfrentamento dos educadores contra a gestão Ricardo Nunes (MDB), atualmente apoiado por Bolsonaro como pré-candidato à Prefeitura na eleição municipal deste ano.

A força das educadoras

A greve foi decretada no dia 8 de março, data do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. A categoria, majoritariamente feminina, não aceitou a proposta de 3,62% no piso e 2,16% no padrão feita pelo governo. Além disso, a categoria cobra condições de trabalho, particularmente para o atendimento de bebês, crianças e adolescentes com deficiência.

Diante da crise capitalista que assola o mundo todo, a saída dos governos tem sido uma só: atacar violentamente os trabalhadores, através de retiradas de direitos e privatizações. No Brasil, o governo Lula/Alckmin gerencia o MEC (Ministério da Educação) com os empresários, segue com a essência do NEM (Novo Ensino Médio), aplica o “reajuste zero” sobre as Federais. Em São Paulo, Tarcísio (Republicanos) corta orçamento da educação, municipaliza escolas e precariza ainda mais as condições de trabalho dos professores categoria “O”, enquanto sua PM exerce uma violência poucas vezes vista nas periferias.

Ricardo Nunes (MDB) faz o mesmo. Denunciado por vários meios de comunicação por contratos sem licitação, impõe um arrocho salarial a todo o funcionalismo, enquanto a arrecadação da cidade é superavitária e a verba da educação é vinculada. Sua presença no ato convocado pela ultradireita, de apoio ao projeto golpista do bolsonarismo, no dia 25 de fevereiro, revela as suas prioridades.

Desafios e entraves

No entanto, ao longo da greve, os trabalhadores encontraram algumas dificuldades. A primeira é uma disputa por protagonismo e projetos eleitorais entre as direções sindicais (Fórum das Entidades e COEDUC), que dividiu a campanha do funcionalismo e da educação. Ambas são burocracias sindicais, que buscam controlar com mão de ferro as assembleias, e que defendem apenas seus próprios interesses. A segunda é o abandono da greve nas regiões por parte das direções, já que, sem subsedes, os comandos de greve não contam com apoio do aparato para potencializar a adesão à luta. As direções majoritárias dos sindicatos querem uma mobilização “controlada”.

A terceira dificuldade é a ideologia eleitoral. Difundiu-se cada vez mais a ideia de que, pelo apoio a certos parlamentares, ou trocando de governo nas eleições de outubro, a educação pública avança na cidade. Esse argumento é equivocado, primeiro porque em São Paulo já temos a experiência de governos de esquerda e direita, e em todos eles, foi preciso realizar greves e acampamentos. Segundo, porque leva as/os trabalhadoras(es) a acreditarem mais em chapas de conciliação de classes como a defendida por Boulos (PSOL), que nas forças da sua própria mobilização, esterilizando o movimento. Lembrando que Boulos não pronunciou uma só palavra de apoio a greve das/dos servidoras (es) municipais.

Mesmo assim, a greve foi crescente, e muito forte, especialmente nos dias de assembleia. A exemplo dos palestinos, dos argentinos, e aqui no Brasil, dos metroviários, as educadoras (especialmente da Educação Infantil), mostraram que, após a pandemia, as/os trabalhadoras (es) aos poucos retomam o caminho das lutas, assim como as Federais. Fica o desafio de avançar na sua própria organização independente, com sindicatos independentes e a serviço de um projeto socialista. Nesse sentido, o PSTU se coloca à disposição dos lutadores para discutir um projeto de enfrentamento contra o Capital e sua lógica na educação!