Internacional

Após detenção ilegal, família palestina é deportada de forma arbitrária do Brasil

Deportação viola soberania nacional e os Direitos Humanos

Redação

24 de junho de 2024
star5 (9 avaliações)

O que era para ser uma viagem de férias para visitar a família se transformou num verdadeiro pesadelo, e numa mostra da subserviência do Brasil ao Estado de Israel e aos EUA. Tão logo Muslim M. A. Abuumar desembarcou com a família no Aeroporto Internacional de Guarulhos, nesta sexta-feira, 21, foi detido pela Polícia Federal, junto com a esposa grávida, um filho pequeno e a sogra idosa, sem qualquer argumento legal.

Muslim é professor da Universidade da Malásia, país onde reside, e diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo Ásia-Oriente Médio, e vinha visitar o irmão, palestino naturalizado brasileiro que vive em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Uma viagem de rotina, com as passagens de retorno já compradas para o dia 9 de julho, e já realizada outras vezes sem qualquer problema, a última em janeiro do ano passado.

Os detalhes do caso reforçam o estranhamento: Muslim já era aguardado pela polícia no aeroporto, foi chamado pelo nome e, durante o interrogatório, foi questionado sobre sua posição sobre o massacre que ocorre em Gaza. Sem qualquer mandado de prisão de nenhum órgão nacional ou internacional. O único “crime” que o professor e pesquisador parece ter cometido é ter origem palestina.

Sabe-se, porém, que a ordem para a detenção e a deportação partiu diretamente de Brasília. Também é de conhecimento público as relações de integrantes da direção da Polícia Federal com organizações sionistas, como a Conib (Confederação Israelita do Brasil).

Camilo Graziani Caetano Paes de Almeida, Coordenador de Enfrentamento ao Terrorismo da Diretoria de Inteligência Policial e Felipe Tavares Seixas, Coordenador-geral de Inteligência da Diretoria de Inteligência reúnem com lideranças da Conib

A família permaneceu detida e incomunicável no aeroporto até ser deportada num voo da Qatar Airways às 20h15 deste domingo, 23. Não se tem, até o momento, qualquer justificativa legal para este ato arbitrário. Em reportagem divulgada pela CNN, agentes brasileiros teriam afirmado que “há suspeitas de que o palestino de 37 anos integre o alto escalão do Hamas”. Na mesma reportagem, outra justificativa seria a de que Muslim integraria uma lista de uma organização norte-americana, notadamente racista e xenófoba, que não possui reconhecimento oficial, tampouco amparo legal para emitir mandados de prisão.

A mesma reportagem afirma que havia a suspeita de que a esposa de Abuumar teria vindo ao Brasil ter seu filho e alcançar a naturalização. Um argumento não menos xenófobo e racista, passível, inclusive, de processo.

Não podemos nos calar neste momento diante de um ato racista e xenofóbico, permeado de ingerência política e policial do Mossad e dos Estados Unidos. Essa deportação ilegal é inadmissível, inaceitável e intolerável, o Brasil não pode virar um quintal dos EUA e do Estado de Israel e seus interesses genocidas“, afirma Soraya Misleh, militante do PSTU e integrante da Frente Palestina São Paulo. “Lula e o seu governo precisam responder por essa deportação arbitrária, de responsabilidade dos partidários do Estado de Israel que estão na Polícia Federal e agem a serviço de seus interesses“, reforça.