Artistas cariocas são vítimas de racismo na Holanda
Gustavo Speridião e Wallace Pato, dois jovens artistas plásticos negros do Rio de Janeiro, passariam cinco dias em Amsterdã, capital da Holanda, hospedados no Hotel Plantage. No entanto, foram surpreendidos por e-mail do hotel, informando que a reserva que haviam feito estava cancelada. E, ao cancelar a hospedagem dos dois artistas, o hotel informou o asqueroso motivo: “Olá, sua reserva foi cancelada. Desculpe, mas não aceitamos pessoas negras no hotel”.
Como se isso não bastasse, o Hotel Plantage e a plataforma de reservas Booking não devolveram o valor referente à reserva, afirmando que a mensagem era resultado de um ataque hacker e que eles poderiam se hospedar sem problemas no hotel. Sabendo que se tratava de uma justificativa absurda e não sentindo qualquer segurança em manter a hospedagem no local, às pressas, tiveram que procurar outro hotel e desembolsar o valor de uma segunda hospedagem.
Nas postagens do hotel, ele se coloca como vítima da situação e diz que espera “honestidade de Wallace e Gustavo”, vitimando, mais uma vez, as vítimas. A plataforma da reserva, Booking, sequer se pronunciou publicamente. Se for realmente um hacker, os únicos responsáveis pela situação seguem sendo eles, que não garantiram a segurança dos clientes que compram pela plataforma.
Pintor brasileiro denuncia ter recebido e-mail racista de hotel cancelando reserva | Foto: Reprodução
Holanda: uma riqueza apoiada no tráfico de escravizados e na exploração
O racismo praticado pelo hotel holandês se torna ainda mais intolerável, considerando o papel nefasto que o país desempenhou por séculos em relação à escravidão. A Holanda era um dos vértices do triângulo do tráfico negreiro europeu, composto por Inglaterra e França. Amsterdã, Zelândia e Roterdã, por exemplo, armaram centenas de expedições para sequestro e tráfico de negros e negras no continente africano.
A riqueza da Holanda, como de muitos países europeus, tem raízes do tráfico de negros escravizados e na escravidão vigente em suas colônias. Hoje, esses países que se enriqueceram através da escravidão negra impõem barreiras à imigração e praticam toda sorte de discriminações a negros e negras. Demonstramos toda nossa solidariedade a Wallace e Gustavo, e exigimos apuração e punição dos envolvidos nesse absurdo caso de racismo explícito.
