Opinião Socialista

Uma campanha vitoriosa que enfrentou a extrema direita e a conciliação de classes

Roberto Aguiar, da redação

11 de outubro de 2024
star4.56 (9 avaliações)
Bancada dos trabalhadores socialistas em São José dos Campos (SP)

O PSTU apresentou candidaturas socialistas e revolucionárias em todas as regiões do Brasil. Fomos o partido com mais candidaturas próprias nas capitais, total de 15. Defendemos um programa construído pelas regionais a partir das realidades das cidades conectado com a situação política-econômica-social do Brasil e do mundo.

Foi uma campanha vitoriosa, apesar do boicote da grande mídia e da lei eleitoral antidemocrática que nos nega tempo na TV e no rádio, e busca jogar o PSTU na semi clandestinidade. Nos poucos debates que participamos, os candidatos do PSTU se destacaram, já que os candidatos dos ricos defendiam sempre o mais do mesmo, ou partiam para a baixaria com direito a xingamentos e cadeiradas.

Nossas candidatas e candidatos eram trabalhadores operários, professores, servidores públicos, autônomos, ativistas das lutas contras as opressões. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), destacados na grande imprensa, apontaram que o PSTU era o partido que mais teve candidatos ligados à educação e foi terceiro partido, proporcionalmente, com candidaturas de pessoas trans.

O PSTU foi o partido que mais se enfrentou com a ultradireita. Por isso, fomos o mais perseguido por eles. Mandi Coelho, candidata da juventude a vereadora em São Paulo, na chapa coletiva ‘Romper o Poder’, foi vítima dos ataques da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL) e do youtuber Arthur Val, o Mamãe Falei, entre outras figuras e sites da extrema direita. Na última semana das eleições, Mandi travou o principal debate político com a extrema direita ao se enfrentar num podcast com Lucas Pavanato (PL), eleito o vereador mais votado em São Paulo.

 

View this post on Instagram

 

A post shared by Mandi Coelho (@mandi.rebeldia)

A extrema direita também nos atacou por sermos firmes em nossa defesa e apoio à resistência do povo palestino e pelo fim do Estado genocida e terrorista de Israel, enquanto Boulos (PSOL) não se pronunciou em defesa da Palestina e, quando questionado sobre o tema falava, que não era candidato a prefeito de Tel Alviv (capital de Israel). O silêncio permaneceu mesmo quando a extrema direita divulgou vídeos, incluindo Bolsonaro, com imagens do nosso militante da causa palestina Fábio Bosco, que sofreu ameaças de morte.

Mas nossas candidaturas também foram um contraponto ao projeto de conciliação de classes do PT e dos seus satélites (PSOL e PCdoB), que em todo país fizeram frente amplas com partido da velha direita do Centrão e, inclusive com o bolsonarismo, pois o PT de Lula fez coligação com o PL de Bolsonaro em 85 cidades, incluindo São Luís, capital do Maranhão.

Por isso, nos orgulha muito a campanha que fizemos. A militância do partido se sente com o dever cumprido. Em algumas cidades aumentamos o número de votos, em outras mantivemos a média. Fomos ainda um dos partidos que aumentaram o número de votos a vereador.

O PSTU também avançou em sua presença e ações nas redes sociais, comparada às eleições anteriores. Nessas eleições acumulamos forças para seguir em frente com a nossa luta por um Brasil e um mundo socialista, para organizar a classe trabalhadora com independência frente à burguesia e avançar na construção do partido revolucionário.

Classismo

Candidaturas expressam o trabalho operário do PSTU

Candidato à prefeitura de Fortaleza, Zé Batista, operário da construção civil

Nos canteiros de obras da construção civil em Belém (PA) e Fortaleza (CE); nos centros de produção de petróleo e administração da Petrobras na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e Alagoinhas (BA); nas fábricas metalúrgicas no Vale do Paraíba e no ABC Paulista, em São Paulo, em Volta Redonda (RJ) e São João del-Rei, Contagem e Belo Horizonte (MG); nas fábricas de alimentos e químicas, na cidade de São Paulo; e nas minas em Mariana e Congonhas, em Minas Gerais. Esses são os setores operários onde o programa socialista e revolucionário do PSTU foi amplamente apresentado.

Periferia

A voz e a vez da periferia

Silvana, candidata à vice-prefeitura de SP, faz campanha em Parelheiros, extremo sul da cidade

A periferia teve vez e voz na campanha do PSTU, com o partido consolidando seu trabalho em bairros periféricos. Na cidade de São Paulo, avançamos nosso trabalho na Brasilândia (Zona Norte) com a candidatura da Professora Flavia, que foi abraçada pela comunidade e pelos trabalhadores da educação, obtendo 2.252 votos.

A periferia também teve seu espaço na chapa à prefeitura de São Paulo, com Silvana Garcia, dirigente da ocupação Jardim da União (Zona Sul) como vice do Altino. Em Jacareí, no interior paulista, a candidatura da Elisângela foi a porta voz das lutas dos moradores do Quilombo Coração Valente. Em Porto Alegre (RS), a candidatura da Fabiana Sanguiné a prefeita pautou a luta por medidas concretas pós enchentes e ajudou a organizar a luta no bairro Sarandi.

Opressão

Campanha combina luta contra a opressão com a luta contra a exploração

Pela primeira vez nas eleições municipais, a informação sobre identidade de gênero foi obrigatória na ficha de inscrição. Com isso, foi possível aferir que 969 candidaturas foram de pessoas trans. Apenas o PSTU, UP e PSOL tiveram o percentual de candidaturas trans mais alto que 1% do total de candidaturas.

Coletivo anti-opressões e Fabiana Sanguiné em visita ao Quilombo Silva, em Porto Alegre

Em Porto Alegre (RS), Nikaya Vidor, mulher trans e bancária, integrou a chapa ‘Coletiva Anti-opressões’, ao lado do Alexandre Nunes, diretor do Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios e ativista da luta contra o racismo. Em Belém (PA), Seu Alex, homem trans e operário da construção civil também foi candidato a vereador.

Raça, gênero e classe

Combate ao machismo e ao racismo

Well, candidata à Prefeitura de Belém, concede entrevista

As candidaturas do PSTU também estiveram à serviço da luta contra o machismo e o racismo. Várias militantes mulheres, negras e negros, assumiram a linha de frente na campanha seja com candidaturas à prefeitura como à câmara municipal. Em Belém (PA), Wellingta Macêdo, a Well, foi a candidata do PSTU à prefeitura. Trabalhadora, mãe solo, negra e moradora da periferia fez a defesa de uma saída socialista e revolucionária para mudar a capital paraense de verdade.

Foi uma luta difícil, mas que não travei sozinha. Orgulho-me da campanha que realizamos junto com a militância do PSTU, com apoiadores e com a militância da CST. Agradecemos os 2.053 votos que recebemos. Foram votos conscientes em uma alternativa independente, da periferia, socialista e revolucionária”, disse Well.

Leia também!

Passado o 1º turno das eleições, o que fazer?