Cada voto no 16 faz a diferença na construção de uma alternativa revolucionária e socialista
Enquanto fechávamos esta edição, Lula acabava de proferir seu tradicional discurso na ONU. Mais uma vez, desde que eleito, falou uma coisa na assembleia das Nações Unidas, e aqui mesmo, faz outra.
Lula defendeu empenho no combate às mudanças climáticas e cobrou mais ação dos países ricos. Um dia antes, porém, se encontrou com a direção da Shell, a gigante britânica do petróleo, justamente num momento em que seu governo pressiona a liberação da exploração de petróleo na margem equatorial.
E, principalmente, quando o país arde em fogo tocado pelo agronegócio, que ganhou de presente de Natal antecipado um Plano Safra recorde de R$ 400 bilhões.
O presidente brasileiro também defendeu o combate à extrema direita, quando, em plena campanha eleitoral, o PT está coligado ao PL de Bolsonaro em 85 cidades país afora.
Referindo-se ao atual embate com X (ex-Twitter) do bilionário Elon Musk, defendeu a soberania do país dentro de seu território “incluindo o ambiente digital”. Enquanto isso, as chamadas “bets”, casas de apostas na maior parte das vezes escondidas em paraísos fiscais, arrancaram livremente R$ 20 bilhões dos brasileiros por mês neste ano. Um absurdo que está se tornando um grave problema econômico e também social. Vale lembrar que, enquanto se recusou a se reunir com servidores federais ao impor reajuste zero, e não dialoga com os indígenas que lutam contra a ameaça do Marco Temporal, o governo se reuniu 251 vezes com essas “bets”.
No que foi considerado um “recado à Faria Lima”, Lula defendeu que “o Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis”. Sensibilidade que faltou aos mais de 600 mil idosos carentes, e pessoas com deficiência, que perderão o benefício do BPC (Benefício de Prestação Continuada), aprovada no PL 1847/2024 como contrapartida para manter a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, leia-se, grandes empresas.
Por fim, Lula não deixou de mencionar a escalada do massacre do Estado de Israel à Palestina, e agora ao Líbano. Não mencionou, no entanto, os acordos, inclusive militares, e a manutenção das relações políticas e diplomáticas do Brasil com um Estado que ele próprio, em tese, considera genocida.
Casa de ferreiro…
Se na ONU Lula fala contra os bilionários, a destruição do meio ambiente e em favor dos pobres, sua política econômica é o exato oposto. Inclusive em relação ao que seu cavalo de batalha nesses quase dois anos de governo: o Banco Central e os altos juros que endividam cada vez mais o país e enriquecem os banqueiros.
No último dia 18, o Banco Central anunciou o primeiro aumento de juros no governo petista. Mais uma maldade do atual presidente do BC, Campos Neto? Não só, pois contou com o voto de Gabriel Galípolo, indicado por Lula para assumir o comando do banco no ano que vem. Fica evidente que, apesar de atacar a política do bolsonarista Campos Neto, seu novo escolhido fará uma política de juros semelhante. Porque a política do governo é justamente a de beneficiar os banqueiros, o agronegócio e as multinacionais, mesmo que a custo da sobrevivência de centenas de milhares de idosos.
PIB para alguns
O governo bate no peito para falar sobre o crescimento do PIB, e as supostas reduções na taxa de desemprego. Mas se isso é assim, por que sucessivas pesquisas apontam descontentamento do povo com a situação do país? Datafolha aponta que, para 42%, a economia piorou. No AtlasIntel, 47% compartilham dessa percepção, e, no Genial Quaest, 32% acham que está tudo pior, e 32%, tudo igual.
Por que, se o país está voando como afirma o governo, o PT está prestes a ter seu pior resultado eleitoral da história, e a extrema direita nada de braçada?
A verdade é que a economia está crescendo sim, mas para os bilionários. O agronegócio, mesmo sofrendo com as mudanças climáticas que eles mesmos ajudaram a promover; os banqueiros; as multinacionais, riem à toa. Já os trabalhadores vêem sua renda real diminuir ante à inflação dos alimentos e demais produtos da cesta básica. O subemprego, o trabalho precário, a uberização, impõe uma superexploração brutal que enriquecem, inclusive, as big techs que Lula denuncia.
PSOL votou pelo ataque ao BPC
Neste contexto, parte majoritária da esquerda não só se recusa a enfrentar essa política econômica, e o governo, como sustenta e apoia tudo isso. Como o caso do PSOL, cuja bancada votou a favor do corte do BPC para desonerar grandes empresas. Foi isso mesmo que você leu, o PSOL votou a favor dessa perversidade (com exceção dos parlamentares da correntes MES, que, no entanto, continuam nesse partido).
Nas eleições municipais, como você poderá ler nas páginas seguintes desta edição, o PSOL, em sua política de frente amplíssima, acelera sua guinada à direita numa tentativa de se mostrar como um partido da ordem. Da ordem burguesa capitalista, diga-se. Em alguns casos, com ações típicas da extrema direita, como Boulos convocando um ex-comandante da ROTA para elaborar seu programa de segurança pública.
É 16 desta vez
As eleições são um jogo de cartas marcadas para manter tudo como está. Mas você pode fazer diferença, votando no 16. Por que? Ao votar 16 você ajuda a fortalecer a construção de uma alternativa revolucionária e socialista, que enfrenta os bilionários, o arcabouço fiscal, e coloca um projeto de transformação profunda da realidade. E nisso, propõe um enfrentamento consequente à ultradireita.
“Vocês acham que só vocês são bons”, o leitor poderá pensar. Infelizmente, e isso é uma situação dramática, o PSTU é o único partido nestas eleições que propõe um programa e um projeto socialista e revolucionário. Mas, com a sua ajuda, podemos mudar isso. Cada voto no 16 ajuda a construção desse projeto.
Encontre aqui todas as candidaturas socialistas e revolucionárias do PSTU