Educação

UERJ (RJ) | Nota do Rebeldia sobre os últimos acontecimentos na UERJ e os próximos passos da luta

Rebeldia-Uerj

11 de setembro de 2024
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Os estudantes da UERJ foram surpreendidos com uma notícia preocupante, de que a reitoria solicitou a desocupação dos prédios da UERJ o que, como sabemos, é um passo que costuma vir antes de uma solicitação de reintegração de posse, e já começou a mandar o aparato repressivo da universidade em cima dos estudantes novamente.

Esse fato se deu um dia após o Conselho dos CA’s da UERJ, que de forma traidora aceitou uma proposta da reitoria, de manter os cortes das bolsas, dando em contrapartida apenas um auxílio temporário e rebaixado até dezembro.

Nesse sentido, é importante refletirmos sobre algumas das coisas que estão em jogo nesse momento, e qual devem ser os próximos passos do movimento estudantil da UERJ diante desse novo fato.

1 – A reitoria tenta lavar suas mãos, porém a culpa pela situação é dela!

Desde o início do movimento, a reitoria tenta lavar suas mãos, dizendo que a culpa pelos cortes não é dela, que ela está fazendo tudo o que pode, e que vêm tentando negociar com os estudantes. Nada disso é verdade. A reitoria até agora se recusou a sentar com o movimento em uma mesa de negociação para debater abertamente nossas pautas. Ela diz que está aberta ao diálogo, e que os violentos somos nós, os estudantes. Porém, quem se recusou a negociar foi a reitoria. E quem tentou desocupar a ocupação à força, utilizando os seguranças da universidade, e agora ameaçando entrar com uma reintegração de posse, é a reitoria.

Por outro lado, a reitoria diz que não tem como fazer nada, porque não possui dinheiro para pagar mais os auxílios dos estudantes. Se isso é verdade, então o que a reitoria fez para nos ajudar a conseguir mais dinheiro? Se juntou ao movimento em exigir do governo mais orçamento? Se recusou a aplicar os cortes, mesmo que tivesse que deixar de pagar alguma outra coisa? Ajudou a nossa luta? Não, muito pelo contrário. O que ela fez foi tentar desmontar o nosso movimento. Se recusou a negociar conosco, e mais de uma vez tentou reprimir nosso movimento e acabar com ele à força.

Fica evidente, portanto, um fato: a reitoria pode tentar dizer que não é culpada pela situação. Mas a verdade é que ela fez a mesma escolha política que fazem os governos federais e estaduais, quando eles tiram dinheiro das áreas sociais, sucateam os serviços públicos incluindo as universidades públicas, privatizam tudo o que podem, e entregam bilhões e mais bilhões para as grandes empresas. Seja o novo Arcabouço Fiscal do governo Lula, seja o regime de recuperação fiscal do governo Castro, tudo tem como objetivo tirar ainda mais os direitos dos trabalhadores, jovens e pobres, para seguir dando dinheiro à rodo para os ricos e bilionários.

É verdade que o corte das bolsas faz parte de um projeto mais profundo de desmonte da UERJ e dos serviços públicos, levado a diante pelo governador Cláudio Castro. Que para sermos vitoriosos, o movimento estudantil precisa enfrentar e derrotar o Claudio Castro e esse seu projeto de desmonte da UERJ. Porém, quando a reitoria não apenas aceita isso, mas ajuda a implementar esse projeto e enfrenta o movimento estudantil que luta pelos seus direitos, ela demonstra de que lado verdadeiramente está.

Tudo isso mostra com muita nitidez o seguinte: se os estudantes da UERJ estão há mais de 40 dias sem aula, a culpa é da reitoria que é um capacho do governador Cláudio Castro, e não do movimento grevista e de ocupação. E não adianta chamar o movimento de violento, porque quem se recusa a abrir uma mesa de negociação e tenta acabar com o movimento à força é a reitoria.

2 – O DCE e os CAs que votaram a favor da proposta da reitoria são cúmplices dela!

A recente movimentação da reitoria não aconteceu do nada. Neste dia 10 de setembro, o Conselho de CAs se reuniu e aprovou um acordo com a reitoria que implicaria no fim do movimento. Essa é a conclusão de toda uma jornada de traição da luta por várias correntes do movimento estudantil da UERJ, a começar pelos coletivos ligados ao PT, Levante Popular da Juventude e UJS, que dirigem o DCE, e que desde o começo da luta se recusou a estar ao lado do movimento. Tudo o que o movimento estudantil decidiu democraticamente e em assembleias foi simplesmente ignorado pelo DCE, que supostamente deveria ser o dirigente de nossa luta, mas que, ao invés disso, se negou a participar dela e se limitou a ficar negociando de portas fechadas com a reitoria o fim do movimento.

Isso é muito grave, não apenas porque demonstra uma postura extremamente burocrática do DCE, que, cabe lembrar, há mais de 5 anos não chama sequer uma assembleia na UERJ para discutir os problemas que nós enfrentamos. Mas o problema é maior ainda: ao fazer isso, o DCE apresenta para a reitoria uma frente divida do movimento. Diante de nosso principal inimigo, que é a reitoria que tenta tirar nossos direitos, ele dá a entender que o movimento não é assim tão forte, que há aqueles que não vão levar a luta até o final. Divide nosso movimento e dá as armas que a reitoria precisa para acabar com ele.

Se a situação hoje chegou aonde chegou, a culpa é dos coletivos ligados ao PT , Levante Popular da Juventude e UJS que dirigem o DCE e que venderam nossa luta, não apenas se recusando a participar dela mas enfraquecendo ela. Fica demonstrado categoricamente a importância de construirmos CAs e um DCE que seja realmente representante dos interesses dos estudantes, e que vá lutar até o final pelos nossos direitos.

Todo rechaço ao golpe do DCE e CAs no Conselho dos CAs! A negociação da reitoria deve ser com o movimento estudantil, que elegeu um Comando de Greve, e não com as direções que venderam nossa luta! Contra as manobras burocráticas e o divisionismo do movimento!

3 – Precisamos fortalecer o movimento para que ele consiga impor uma derrota à reitoria

O objetivo de nenhum dos ocupantes da UERJ é ficar para sempre na ocupação. Queremos apenas nossos direitos, e uma política de permanência justa e digna. A proposta da reitoria, de cortar nossas bolsas oferecendo apenas uma bolsa até dezembro, é um descaso total porque significa não garantir nenhuma política de permanência permanente para os estudantes. Não queremos uma migalha até dezembro. Queremos nosso direito de permanecer em nossa faculdade e nos formar no curso que entramos!

A ocupação da UERJ já chegou a mais de 40 dias, e é fato que estamos diante de sérios desafios e um impasse do nosso movimento. A greve estudantil é forte, ela existe na base, porém, nesse momento, precisamos de um crescimento maior da nossa luta. O apoio à luta é gigante entre os estudantes, porém é preciso avançar para não sermos vencidos pelo cansaço ou pela repressão. Precisamos ter nitidez disso: se hoje estamos diante desses dilemas e desafios, isso é culpa da tática da reitoria, de nos vencer pelo cansaço enquanto se nega a negociar, e das correntes que dirigem o DCE, que vendeu nossa luta.

Porém, se queremos que nossa luta seja vitoriosa, precisamos lutar para revitalizar ela, no sentido de fortalecê-lo para termos mais forças para arrancar nossas vitórias. Se não, nossa luta corre o risco de ir diminuindo e não conseguirmos as forças necessárias para vencer a reitoria e o governador do estado. Que é, em última instância, nosso objetivo final: garantir nossos direitos.

Precisamos lutar até a morte para que a greve continue crescendo, e a ocupação não se isole dos estudantes. A reitoria tenta ganhar a opinião dos estudantes, ao mesmo tempo que negocia à portas fechadas com o DCE e ameaça desocupar à força nosso movimento. Nossa resposta tem que ser um: lutar pela massificação do movimento, e impor uma negociação com a reitoria que arranque nossos direitos. Se a reitoria se recusa a negociar, e tenta lavar suas mãos, só nos resta uma coisa: vamos ir para os seus chefes, que são os políticos e o governador da cidade, para exigir deles nossos direitos. Ao mesmo tempo, disputar a opinião pública da cidade e dos estudantes, e mostrar que quem mente, e quem é violento, na realidade é a reitoria, e não os estudantes.

Chamamos todos estudantes para a UERJ defender a greve e a ocupação!

Todos ao ato de quinta-feira, em defesa da ocupação e greve da UERJ (9h no portão 5)

A assembleia-geral de segunda-feira tem que ser decisiva. Pela abertura de uma mesa de negociações da reitoria com o Comando de Greve!

Total repúdio à traição do DCE e dos CAs ao aprovaram por cima do movimento estudantil o acordo com a reitoria!

Total repúdio à tentativa de repressão do movimento por parte da reitoria! Se ela se recusar a negociar, faremos um grande ato para a ALERJ para pressionar o governador Cláudio Castro a recuar no desmonte da UERJ. E chamaremos toda a imprensa, os trabalhadores do Rio de Janeiro e os estudantes da UERJ a conhecerem e se somarem à nossa luta!

Fora Cláudio Castro, inimigo da juventude e da educação!