PSTU presente nas lutas operárias contra os patrões e os governos
Cleber Rabelo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém (PA)
Há várias lutas operárias ocorrendo no Brasil. São muito importantes para defender os direitos existentes e também avançar nas conquistas, pois sem lutar não conquistamos nada, tudo que temos é fruto do nosso trabalho, do nosso esforço. Ao contrário do patrão, que não dá um prego na barra de sabão, pois tudo que tem é fruto da apropriação do nosso trabalho.
Quero destacar duas lutas que consideramos as mais importantes. Primeiro, a greve da GM contra as 839 demissões na planta de São José dos Campos, e também nas plantas de Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul, cidades paulistas, com uma grande vitória da luta unificada dos cerca de 12 mil trabalhadores, conseguindo o cancelamento das cerca de 1.200 demissões e garantindo a manutenção dos postos de trabalho.
Segundo, é a greve mais longa da história do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que este ano completou 68 anos de fundação, que é a greve dos trabalhadores/as da Avibras que neste mês completa 21 meses. “A mobilização na Avibras começou no dia 9 de setembro de 2022, deflagrada pelos constantes atrasos salariais. Com um ano trabalhado, a empresa pagou apenas quatro meses de salários. Até hoje a fábrica é controlada pelos operários”, explicou Weller Gonçalves, presidente do Sindicato e militante do PSTU.
“Tudo o que entra e sai é com autorização dos trabalhadores. O Governo Federal encomendou a compra de foguetes. Em assembleia, os cerca de 1.200 trabalhadores decidiram a quantidade de trabalhadores que entrariam para a produção. O dinheiro da venda dos foguetes foi revestido para o pagamento de três meses de salários atrasados”, completou.
Em janeiro deste ano, a greve na Gerdau, em São José dos Campos, garantiu a estabilidade no emprego para cerca de 380 trabalhadores e trabalhadoras da fábrica durante o “layoff” e para quem for afastado, haverá estabilidade por mais três meses, quando do retorno à fábrica. A empresa pretendia suspender cerca de 50 contratos por cinco meses, com início em 1º de abril. A estabilidade no emprego será garantida para todos e todas, até agosto deste ano.
Em março deste ano, em assembleia, os operários da ARMCO, na cidade de Jacareí (SP), que produzem lâminas de aço, realizaram greve de ocupação pelo pagamento do plano de saúde. “A empresa vinha atrasando os pagamentos dos salários, da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e o pagamento do plano de saúde”, informou Weller.
Os trabalhadores da Toyota também lutaram contra o fechamento da fábrica no primeiro momento e depois foram à greve para garantir a transferência e o emprego de quem concordasse, assim como a garantia de uma indenização que fosse a melhor possível para os trabalhadores que não quisessem ser transferidos.
Os operários da CSN se levantaram contra a exploração patronal de Benjamin Steinbruch e deixaram como marca histórica dessa luta o grito que ecoou em todo país: “O peão voltou, o peão voltou”, uma luta que animou e serviu de exemplo para toda a classe operária brasileira.
E mais, recentemente, apoiamos e nos solidarizamos com a luta dos metalúrgicos do estaleiro da Brasfels em Angra dos Reis (RJ), contra as punições, as perseguições, os maus tratos, a reintegração imediata dos demitidos, a garantia de reajuste salarial, aumento do vale-refeição e melhores condições de trabalho, com todo apoio à comissão de base.
Nessa mesma batida, estivemos presentes em várias lutas nas obras da construção civil de Belém (PA) e Fortaleza (CE), na luta dos mineiros em Minas Gerais que hoje travam uma luta dura contra o fechamento da Gerdau em Barão dos Cocais, em defesa dos empregos e pela estatização da empresa, sob controle dos trabalhadores.
Também estivemos nas greves dos rodoviários em Macapá (AP) e de Fortaleza, São João del Rei (MG), ou seja, de Norte a Sul do país, o PSTU esteve presente nas lutas em defesa dos direitos e disputa da consciência da classe trabalhadora para a construção de uma sociedade sem exploração e sem opressão.
Governo Lula não garante emprego ou salário digno
No início de 2023, o governo Lula/Alckmin lançou um programa para subsidiar a venda de carros zero-quilômetro, que garantiu um aumento nos emplacamentos de várias marcas, inclusive da GM. As montadoras aderiram em peso ao programa, sem compromisso algum com a manutenção dos empregos.
Segundo dados da Receita Federal, divulgados em junho, somente em 2021, 29 montadoras se beneficiaram com R$ 20,7 bilhões com isenções fiscais. Só em 2023, a GM recebeu R$ 50 milhões em benefícios fiscais, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Além disso, o governo Lula/Alckmin anunciou um plano reindustrialização do país, onde destina R$ 300 bilhões para os empresários da indústria até 2026. Lula também aumentou em 27% o dinheiro para o agronegócio: em 2023, foram R$ 364,22 bilhões.
Enquanto isso, diz que não tem dinheiro para os trabalhadores e mantém zero por cento de reajuste salarial para os servidores federais. Para favorecer os trabalhadores/as, é preciso que Lula: anule o leilão da Eletrobrás e a privatização do metrô de Belo Horizonte; acabe com as Organizações Sociais (OSs) na saúde; ponha fim as terceirizações e na escala de trabalho 6X1; revogue as reformas Trabalhista e da Previdência; assim como o Novo Ensino Médio (NEM); cancele as isenções fiscais; suspenda o pagamento da dívida pública; garanta uma Petrobrás 100% estatal, com controle operário; estatize as empresas que demitirem ou fecharem, tendo controle dos trabalhadores; e tenha uma política que favoreça os trabalhadores, os desempregados, camponeses, pescadores artesanais, os povos indígenas, quilombolas, o meio ambiente e não os grandes empresários e a burguesia.
Foi muito importante derrotar Bolsonaro nas urnas, mas é fundamental derrotar a ideologia bolsonarista nas ruas, nas escolas, e no conjunto da sociedade, combatendo o racismo, machismo, misoginia, lgbtifobia, e organizando a autodefesa da classe trabalhadora e proteção do meio ambiente.
É por esse motivo que nós do PSTU somos veementemente contra a ultradireita, mas também somos oposição de esquerda e socialista contra o governo Lula/Alckmin de frente ampla, de colaboração com os bilionários capitalista.
Os trabalhadores precisam dar um passo adiante além da luta sindical
Todas essas lutas se dão porque o patrão quer ter mais lucro, fruto da ganância, da competição capitalista, visando a acumulação e concentração de renda através do controle dos meios de produção com um alto grau de exploração, retirando direitos, precarizando o trabalho com terceirização, Microempreendedor Individual (MEI), Pessoa Jurídica (PJ), contratos temporários, banco de horas, escala de trabalho 6X1 (sem tempo para família e lazer), aumento da idade para aposentadoria e etc.
Isso é consequência da sociedade capitalista, que foi construída em cima da exploração da classe trabalhadora, do sangue e suor da nossa classe, acumulando capital e concentrando renda e não em uma produção de acordo com as necessidades dos seres humanos através de uma economia planificada.
Também dá para ver como os governos beneficiam as empresas, garantindo bilhões em isenções fiscais sem nenhuma garantia para a classe trabalhadora, se quer a estabilidade no emprego.
Karl Marx já dizia que os governos são comitês para gerenciar os negócios da burguesia. Sentimos isso na pele, quando lutamos em defesa dos nossos direitos e o Estado coloca a polícia, a justiça, a imprensa e tudo mais a serviço dos patrões. Por isso, fazemos um chamado a todos os trabalhadores e trabalhadoras a dá um passo adiante além da luta sindical e se somar na construção de uma ferramenta da classe trabalhadora que se chama: partido revolucionário.
O partido revolucionário tem o objetivo de organizar a classe trabalhadora à disputa da tomada do poder e construir um governo da classe trabalhadora, que vise garantir o direto aos trabalhadores e trabalhadoras de uma sociedade, justa, igualitária, sem exploração e sem opressão, controlado e administrado pelos próprios trabalhadores/as, garantindo assim o direito à moradia, saúde, educação, descanso e lazer.
A quem produz, tudo pertence, trabalhadores de todo mundo uni-vos, venha conhecer o PSTU! Faça parte desse projeto, tome partido! É com esse objetivo que estamos completando 30 anos de construção dessa ferramenta revolucionária da classe trabalhadora, que nos motiva e nos anima pela construção de um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. Junte-se a nós!