Servidores radicalizam protestos contra 0% de reajuste em dia de negociação com o governo Lula
Trancassos ocorrem em diversas Universidades e Institutos Federais
Após Lula afirmar que “a greve já não tem motivos pra durar tanto tempo”, os servidores públicos federais realizam um dia de radicalização na luta contra o plano do governo de deixar o funcionalismo sem reajuste salarial em 2024.
Em diversos campus de Universidades e Institutos Federais ocorrem os “trancassos” com a interdição de ruas, avenidas, acessos aos prédios, salas de aula e reitorias. A mobilização ocorre nesta terça-feira (11), quando também haverá uma nova rodada de negociação.
Prestes a completar três meses de greve, os Técnicos Administrativos em Educação, levarão suas reivindicações novamente ao Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos. Já na sexta-feira (14), será a vez dos docentes negociarem com o Planalto.
Em evento com reitores, Lula anunciou, na segunda-feira (10), uma recomposição no orçamento das universidades e institutos federais no valor de R$ 747 milhões. A quantia é uma clara vitória da greve, porém ainda está muito longe de atender as expectativas.
Segundo as instituições, para realmente superar o atual cenário de precarização e desinvestimento, seriam necessários investir mais de R$ 2 bilhões. Além disso, o governo já havia anunciado um corte superior a R$ 300 milhões no orçamento anteriormente.
“A fala de Lula elevou o grau de revolta na categoria. O governo se mostra autoritário e tenta nos intimidar”, explica Lenílson Santana, dirigente da Fasubra.
“O que o governo precisa aprender é que não é a vontade de um ou outro dirigente que encerrará a greve. O que encerrará a greve são propostas concretas que atendam aos interesses das categorias”, conclui.
Lenílson também denunciou a grave crise que enfrentam as universidades, que em sua maioria possui uma situação crítica de falta de funcionários. Para ele, caso este cenário não se altere, será impossível manter a oferta de ensino público à população.
Governo tenta fortalecer Proifes
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concedeu, nesta segunda-feira (10), o registro sindical à Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes).
O movimento busca fortalecer a entidade que tem atuado para desmobilizar os servidores. Apesar não representar a maioria da categoria, o Proifes, com muitas manobras autoritárias, até mesmo chegou a assinar o acordo de 0% de reajuste salarial com o governo.
Em algumas universidades, como a UFMG, o Proifes tem tentado forçar o retorno das aulas. Por isso, a participação dos estudantes, que também estão em greve é fundamental para garantir o movimento paredista.
Todo apoio
A CSP-Conlutas reitera a solidariedade aos servidores em greve e denuncia o descaso do governo Lula frente a temas tão importantes como a valorização daqueles que garantem um ensino público de qualidade aos filhos e filhas da classe trabalhadora.
É importante a massificação e a radicalização do processo de greve. No mesmo sentido, é fundamental apontar o verdadeiro culpado por essa tragédia: o arcabouço fiscal que limita investimentos públicos para garantir o envio de verbas aos banqueiros e grandes capitalistas.