LGBT

Parada do Orgulho LGBTI+ de São Paulo: Bloco independente ergueu, lado a lado, as bandeiras do arco-íris e da Palestina

Bloco independente ergueu, lado a lado, as bandeiras do arco-íris e da Palestina

Wilson Honório da Silva, da Secretaria Nacional de Formação do PSTU

6 de junho de 2024
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Bloco Independente na 28ª Parada do Orgulho LGBTI+ em SP

A 28ª Parada do Orgulho LGBTI+ de São Paulo tomou as ruas da cidade no domingo, 2 de junho, repetindo um modelo que, lamentavelmente, se consolidou no início dos anos 2000, quando a auto-organização por ativistas e movimentos LGBTI+ foi substituída por um esquema institucional e mercadológico, totalmente contrário à radicalidade e combatividade da luta que deu origem às paradas: a “Revolta de Stonewall”, ocorrida em Nova York (EUA), em 28 de junho de 1969.

Exatamente por discordarmos desta perspectiva, mas reconhecermos sua importância para aqueles e aquelas que sofrem com a discriminação e a violência que afetam a vida de milhões no país que, há 15 anos, registra o maior número de assassinatos contra LGBTI+ em todo o mundo, estivemos na Parada, com o objetivo de resgatar seu papel político, rebelde e contestatório.

Mais uma vez, nossa participação se deu através de um “Bloco Independente de patrões e governos”, que, este ano, teve como tema “No Brasil e na Palestina as LGBTI+ querem viver: não ao genocídio e ao ‘pinkwashing’” (leia abaixo) e contou com a participação do PCB-RR, do Coletivo LGBT Comunista, do Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL), do Revolução Socialista/PSOL, da Frente Palestina, do “Vozes Judaicas”, do movimento “Vida Além do Trabalho” (VAT), do “Prevenção para todxs”, da Brasilândia, do Coletivo Rebeldia, além de ativistas LGBTI+ independentes e de movimentos sindicais e populares filiados à CSP-Conlutas.

 

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Longe de Stonewall, de braços dados com empresários e governos

Há anos, a Parada de São Paulo deu as costas para a simbologia do “28 de junho” e da revolta que incendiou as ruas de Nova York. Tudo isto para se adequar a um feriado, simplesmente para satisfazer os interesses da rede hoteleira e das empresas que lucram com a vinda de milhares e milhares de LGBTI+ para São Paulo.

Assim, mais uma vez, a Parada foi um desfile de marcas e empresas que se apresentam como “amigas” da comunidade para promoverem seus produtos e, obviamente, lucrarem ainda mais com o chamado “pink money”.

Trios elétricos foram organizados por empresas, enquanto os oradores e oradoras, além de “celebridades”, incluíram representantes da Prefeitura e dos governos estadual (ambos descaradamente bolsonaristas) e federal.

Desviar as lutas para o campo eleitoral

O tema deste ano foi: “Basta de negligência e retrocesso legislativo: vote consciente por direitos da população LGBT+”. Um slogan que, em primeiro lugar, é uma evidente tentativa de desviar as lutas LGBTI+ para o campo eleitoral, semeando a ilusão de que será através da eleição de mais LGBTI+, sem que isso signifique qualquer questionamento à ordem capitalista, que poderemos garantir os direitos pelos quais há tanto lutamos.

Além disso, tenta jogar uma cortina de fumaça sobre as responsabilidades dos chamados “governos da esquerda” em relação à continuidade e aumento da violência LGBTIfóbica, registrados em todos os mandatos do PT, exatamente em função de sua perspectiva de conciliação de classes e alianças com os mais diversos setores da burguesia. Práticas que o incapacitam não só de deter a ultradireita, como acabam resultando em medidas reacionárias, como a imposição do “nome morto” das pessoas trans nas novas carteiras de identidade.

Uma luta de todos os oprimidos

Uma Intifada LGBTI+ para denunciar o “pinkwashing” e o genocídio

Reunindo cerca de 100 pessoas, o Bloco garantiu uma bela e combativa intervenção, lembrando que não há como combater qualquer forma de opressão sem se voltar contra o sistema que a promove e dela se beneficia.

Barbaridades e crimes que que vitimam toda a classe trabalhadora, mas afetam de forma mais direta e contundente aqueles e aquelas que são historicamente marginalizados. E, por isso mesmo, neste momento, têm como símbolo máximo o genocídio em curso na Palestina, promovido pelo Estado racista de Israel.

Um Estado que há muito tenta encobrir seus crimes se utilizando de táticas como o “pinkwashing”, a propaganda sistemática de que Israel seria a “única democracia do Oriente” e um suposto paraíso para LGBTI+, em contraposição à Palestina, apresentada como uma sociedade retrógrada, conservadora e irremediavelmente LGBTIfóbica.

Uma farsa que não corresponde à realidade. Nem de Israel nem da Palestina. Pelo contrário. Hoje, a maior ameaça para a vida das LGBTI+ palestinas é o Estado de Israel e sua brutal tentativa de impor a “paz dos cemitérios” em Gaza e na Cisjordânia.

Diante, disto, levar a luta palestina para a Parada não foi apenas um gesto de solidariedade, mas também nossa forma de dizer que a luta deles e delas também é nossa.

É a luta contra todos aqueles que promovem a discriminação, o preconceito, a limpeza étnica, o racismo etc., que, inclusive, aqui no Brasil e mundo afora, se utilizam de treinamento e tecnologia sionistas para promover a repressão e o genocídio de populações indígenas, negras e periféricas. E, por isso, a exigência de que Lula rompa imediatamente suas relações políticas, econômicas e militares com Israel.