SP: Prisões e violência policial marcam aprovação das escolas cívico-militares
Foi com muita repressão, golpes de cassetete em estudantes, spray de pimenta e prisões. O governo Tarcísio seguiu o roteiro utilizado na privatização da Sabesp para aprovar, na terça-feira (21), o projeto que instaura as escolas cívico-militares no Estado de São Paulo.
O placar da votação na Alesp (Assembleia Legislativa) foi 54 a 21. Agora, escolas municipais e estaduais poderão fazer a “conversão” para o regime cívico-militar, com a Secretaria de Segurança Pública sendo a responsável pela administração e disciplina.
No entanto o que marcou a sessão de aprovação foi uma amostra do que significa delegar a educação para as mãos de policiais militares. Contrários ao projeto de Lei, estudantes, professores e parlamentares que protestavam foram duramente agredidos pela PM.
Testemunhas afirmam que ao menos sete estudantes foram detidos nos corredores da Alesp. As detenções ocorreram enquanto os manifestantes tentavam acompanhar os debates sobre o projeto que foi amplamente defendido pela base parlamentar bolsonarista.
“O que aconteceu aqui foi a amostra do que será a escola cívico-militar do Tarcísio. Repressão aos estudantes, agressões com cassetete na cabeça dos jovens”, denunciou Marcella de Campos em vídeo para as redes sociais.
A companheira é integrante da Oposição Apeoesp e da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e esteve no local da votação acompanhando de perto a barbaridade cometida contra aqueles que protestavam.
“Isso é fruto da imposição de Tarcísio e Renato Feder (secretário da Educação em SP). Uma direita horrenda, que aposta na polícia que reprime estudante, faz chacina na favela e que a plataformização do ensino”, conclui.
Escola mais cara e violenta
Um dos pontos do projeto amplamente criticado é o fato da escola cívico-militar custar o dobro das escolas tradicionais, sem que haja qualquer aumento no orçamento dedicado às melhorias na educação.
Isso ocorre devido a discrepância do salário que receberão os policiais em comparação aos demais profissionais da Educação. O agente escolar recebe R$ 1.878,60 reais, já os PMs que irão agir como bedéis vão receber 6.034 reais, para uma função parecida.
O salário dos PM irá superar até mesmo o piso dos professores estabelecido em R$ 5.300. “O projeto cria uma verdadeira mamata para policiais aposentados”, explica Flavia Bischain, também membra da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da Oposição Apeoesp.
“Há poucos dias, vimos na Escola Estadual Solimeo, na Brasilândia (zona leste de São Paulo) um ataque generalizado de policiais a estudantes que protestavam contra o fechamento de salas de aula. Imagine o que vai acontecer se encher as escolas de PMs. Escola não é quartel. Não é lugar de polícia”, explica Flávia.
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Protesto dia 24
Contra a privatização das escolas, o fechamento de salas de aula e o uso das plataformas digitais que tem gerado inúmeros problemas a professores e alunos, haverá um ato dos profissionais da Educação, na sexta-feira (24), em frente ao MASP, na Av. Paulista. O dia também será marcado por paralisações nas escolas em todo o estado.
As oposições pela base dos professores estaduais, filiadas à CSP-Conlutas, exigem que a Apeoesp organize a mobilização por uma greve para enfrentar os graves ataques do governo de ultradireita de Tarcísio e Feder, pondo fim a sua paralisia e manobras burocráticas.