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RS: Cidades de lona é uma dupla punição às vítimas da catástrofe

Fabiana Sanguiné, de Porto Alegre (RS)

16 de maio de 2024
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Quase 80 mil pessoas estão em abrigos no Rio Grande do Sul | Foto: Pedro Piegas/PMPA

Fabiana Sanguiné, pré-candidata a prefeita de Porto Alegre pelo PSTU

Como forma de resolver o “problema dos desabrigados”, vítimas da catástrofe de responsabilidade dos parasitas do meio ambiente , o governo de Eduardo Leite (PSDB) anunciou nesse dia 15 de maio, que quer criar quatro cidades provisórias. As cidades que receberão as estruturas são: Porto Alegre, Canoas, Guaíba e São Leopoldo.

As novas casas serão barracas de lona. Tentam dar um aspecto de “humanidade” ao afirmar que haverá “até brinquedoteca e espaço para pets”. Ocorre que a proposta de Eduardo Leite — apoiado pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) — que quer deslocar os 150 abrigos da cidade e colocar em uma estrutura no Porto Seco. Isso é construir verdadeiros guetos em locais muito distantes, durante meses ou anos, cidades de lona em pleno inverno, sujeitos a várias doenças previsíveis.

O complexo Porto Seco hoje é utilizado pelas escolas de samba para guarda de material que, inclusive ressaltaram em Manifesto das ligas União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UCEGAPA) e União das Escolas de Samba de Porto Alegre e Região Metropolitana (UESPA), que não existe no local estrutura de esgoto e iluminação: “é um local insalubre para moradia”, diz o documento.

Sob o pretexto de proteger os desabrigados de bandidos, Sebastião Melo queria inclusive chamar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que o exército cercasse o acampamento, na verdade, formando um autêntico campo de concentração.

É bom lembrar que há um mês, fruto do descaso do governo municipal, a pousada contratada pela prefeitura para abrigar pessoas em vulnerabilidade incendiou e matou pessoas . Sebastião Melo afirmou hoje:

“Nós não temos grandes estoque de imóveis populares grandes hoje no Brasil. Porto Alegre também não tem imóveis populares prontos para atender essa demanda”.

Gostaria de perguntar ao prefeito por que ele não pensou em utilizar os 110 mil imóveis que estão desocupados em Porto Alegre há anos? Ser se por que a maioria deles não são “populares”?

Para Sebastião Melo é correto que milhares de imóveis, de propriedade de especuladores, continuem vazios, sem qualquer função social, enquanto 15 mil desabrigados da cidade continuam vivendo com o mínimo de dignidade?

Nós sabemos as respostas. Esta é a expressão que não podemos esperar que estes governos definam os passos do “plano de reconstrução”. Com eles, os interesses da especulação imobiliária irão se impor. Irão utilizar espaços das vitimas para a construção de novos empreendimentos luxuosos e deslocando os desabrigados para as periferias cada vez mais distantes.

São os desabrigados que precisam decidir o seu destino. É urgente que cada abrigo se auto-organize, se comunique com os demais. A luta pela sobrevivência e nova moradia está só começando!

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